sexta-feira, setembro 07, 2012

Que Tempo,Que Pregação!!!


Em tempo de incertezas doutrinárias e de uma fé mercadológica chovem pregações triunfalistas e a cada dia surge uma nova leva de pregadores extravagantes. O que aconteceu com o verdadeiro evangelho da graça de Cristo? O que aconteceu com aqueles que se diziam arautos do evangelho? A resposta nos salta das páginas das Santas Letras: “Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrario, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceiras nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (II Tm 4.3-4). Hoje, em muitos púlpitos, a sã doutrina não é mais pregada, ensinada e muito menos defendida, pois ela causa coceiras nos ouvidos depravados da platéia.
Hoje ao que parece pregar o evangelho da graça de Cristo é uma blasfêmia. Pregar o evangelho da graça de Cristo é nadar contra a maré, uma vez que a moda é pregar o que o homem totalmente depravado e morto em seus delitos e pecados quer ouvir; uma mensagem que massageie o seu já tão inflado ego. Quem se propõe a pregar exatamente o que as Escrituras revelam é tido como antiquado, ultrapassado e ainda como fundamentalista. Confesso que prefiro ser antiquado, ultrapassado e até mesmo fundamentalista do que mercadejar a minha fé. Não posso salvar ninguém do inferno, mas, posso tornar alguém “duas vezes mais filho inferno” por pregar algo que é totalmente contrário ao evangelho da graça de Cristo (Mt 23.15).
Os pregadores que hoje mercadejam a fé, a vocação e o ministério deveriam repensar se foram mesmo chamados por Deus para estarem à frente do rebanho de Cristo. Para Lutero, “quem não prega a palavra, para o que foi chamado pela igreja, não é sacerdote de maneira alguma”. Os pregadores que não pregam mais o evangelho da graça de Cristo, e sim um pseudoevangelho, mutilam suas mensagens, açucarando-as, dando enfatizando as benesses do Evangelho e ocultando assim a santa e justa ira de Deus, a necessidade de arrependimento e os custos do que significa realmente seguir a Cristo, pois os que querem viver piedosamente em Cristo serão perseguidos (II Tm 3.12).
O evangelho deve ser pregado de maneira integral. Devemos denunciar categoricamente o pecado, asseverando que o homem morto em delitos e pecados está condenado a passar a eternidade no inferno, e que somente quando o Espiríto Santo de Deus o convencer do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8) e gerar nele um verdadeiro arrependimento e assim a regeneração é que ele terá uma nova vida em Cristo e que essa vida não pode ser alcançada por méritos humanos, pois, como bem asseverou o profeta Isaías nós somos como o imundo e nossas justiças como trapos de imundícia (Is 64.6). A salvação pertence totalmente ao Senhor (Jn 2.9)! É um erro e um desvio sério ensinar que o homem por si só pode alcançar a salvação no momento que lhe convier. Se assim fosse a Bíblia estaria mentido ao asseverar que tudo depende de Deus exercer sua rica misericórdia ou endurecer o coração do homem (Rm 9.14-18), esse texto deixa mais do que claro que o homem não contribui em nada para a sua salvação. Todavia, isso não é mais pregado na maioria dos púlpitos das igrejas hoje, pois, pregar isso é ser radical, fundamentalista, podendo até ser chamado de herege.
O pastor congregacional Jonathan Edwards escrevendo acerca os pastores de seu tempo asseverou: “devemos ser fiéis em cada parte das nossas obras ministeriais, e nos empenhar para magnificar nosso ofício. De maneira particular, devemos atentar para a nossa pregação, a fim de que ela seja não apenas sã, mas instrutiva, temperada, espiritual, muito estimulante e prescrutadora”. Creio que os mercadores da fé de hoje não dariam valor a essa assertiva por ela ir contra todo o sistema legalista de um evangelho pragmático que hoje se instalou e que se alastra avassaladoramente pelo seio da igreja. Acredito também que o excelente livro: O Pastor Aprovado, do pastor puritano Richard Baxter seria refutada pelos pastores da moda de hoje, uma vez que o livro exorta contra tudo o que esse pseudoevangelho que se prega hoje.
Precisamos de vozes que clamem nos desertos hoje, a exemplo de João Batista. Chega de falsos pastores que tomam para si títulos e nomenclaturas que não lhes convêm e que só enganam as massas com um pseudoevangelho cheio de afetos, carinhos, que nada têm do verdadeiro conteúdo do evangelho da graça de Cristo. Nas palavras do pastor Paulo Cezar do grupo Logos: “eu sinto verdadeiro espanto no meu coração em constatar que o evangelho já mudou”, essa canção do ano de 1996 já trazia a tona uma preocupação importante no tocante à deturpação do evangelho, deturpação essa que vivenciamos hoje de uma forma ainda mais nociva do que na década em que essa canção foi composta.
O Dr. Sinclair Ferguson diz “hoje há uma necessidade gritante de uma pregação da Palavra de Deus de forma mais clara, minuciosa, essencial, simples e, contudo, profunda, perscrutando os corações e iluminando as mentes. Não precisamos de mais pregadores famosos. O que precisamos é de mais pregadores residentes, eruditos e piedosos”. Precisamos de pregadores que amem e vivam de acordo com as Escrituras e que amem acima de tudo o Senhor das Escrituras que os convocou para o sagrado ministério. Que os pastores sejam homens santos, humildes, fiéis, amorosos, homens de oração, estudiosos, zelosos, evangelizadores, persistentes e ungidos pelo Espiríto Santo.

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Gloria!!!

Joel da Silva Pereira