quinta-feira, julho 28, 2011

O Paraíso dos Tolos

“A igreja evangélica, como força religiosa significante, está morta ou moribunda, porque tem esquecido o propósito de sua existência. Em vez de tentar fazer o trabalho de Deus do jeito dele, ela está tentando construir um reino terreno próspero com ferramentas seculares.” Isso foi constatado por David F. Wells nos idos de 1993. Será que algo mudou nesses dezoito anos?
A igreja está esquecendo a sua teologia. A igreja está buscando a sabedoria do mundo, se envolvendo com a sua teologia. Seguindo os ditames do mudo e se utilizando de seus métodos e técnicas para fazer a obra de Deus.
Antigamente, os pais da igreja e os reformadores se debruçavam sobre as Sagradas Escrituras e humildemente confessavam o quão ignorantes eram acerca das coisas do espírito. Eles não se achavam acima das Sagradas Letras, mas buscavam nelas sabedoria, graça e luz. Contudo, isso meio que foi perdido, e a sabedoria vinda do alto perde cada vez mais espaço para a sabedoria do mundo. Isso traz consigo tristes e aterradoras consequências para a igreja de Cristo. Primeiro, a fé das pessoas é abalada, pois a sabedoria do mundo gera um estado de insegurança acerca do em que acreditar. Segundo, as igrejas estão abraçando a aparência e os valores morais do mundo. Terceiro, as decisões que devem ser tomadas para dirigir os santos nos caminhos do Senhor são baseadas na vontade humana, mesmo sendo uma vontade depravada.
As igrejas estão adotando a teologia do mundo. Uma teologia fácil, onde todos os seres humanos são totalmente bons, e ninguém está condenado a danação eterna ou muito menos mortos em delitos e pecados (Ef 2.1), como assevera o grande apóstolo Paulo, e onde crer em Jesus Cristo é apenas parte da religião e não o centro de tudo.
Nisso tudo, o pecado não é visto mais como um ato de rebelião contra Deus, e que o homem não é responsável, porque o pecado agora é visto apenas como um desvio de conduta causado pela ignorância ou opressão originada nas estruturas da sociedade. Jesus assume o papel de apenas um exemplo moral e não como o verdadeiro e divino salvador. Dessa forma, os conceitos de salvação e evangelismo são deturpados de maneira hedionda. A salvação não mais livra do inferno, mas das estruturas da sociedade que oprimem o ser humano, e o evangelismo não é mais anunciar Cristo ao mundo, mas trabalhar contra ou por meio dos centros de poder que oprimem os injustiçados.
Isso torna a noiva de Cristo um paraíso de tolos onde cegos guiam cegos e caminham a passos largos para o inferno. Um paraíso de tolos onde a placa denominacional está acima do senhorio de Cristo e da autoridade das Sagradas Escrituras. Um paraíso de tolos edificado sobre a areia, onde o centro de tudo é o homem corrupto e não o Deus soberano, perfeito, santo e incorruptível que criou todas as coisas por sua soberana vontade e infinito poder.
A igreja se tornou um paraíso de tolos ao se acomodar com uma cultura torpe e vil que impera sobre o mundo, e por inventar uma espécie de cristianismo onde tomar a cruz tornou-se uma opção ou, até mesmo, impróprio e porque não dizer, um insulto.
Quando a igreja se torna um paraíso de tolos incorporando os valores do mundo, o cristianismo ensinado e vivido por ela encontra-se moribundo, assim o mundanismo e a auto-indulgência vêm se alastrando de maneira devastadora devorando o coração da igreja. Nesse paraíso de tolos, o evangelho é tão deturpado que oferece o acreditar em Cristo como nada mais do que um simples meio para contentamento e prosperidade, e assim o escândalo da cruz (Gl 5.11) tem sido escanteado de maneira que a mensagem se torne mais amena e aceitável para os incrédulos.
Contudo, se a igreja não promover um retorno ao cristianismo bíblico, logo testemunharemos o fim de sua influência em nome de Jesus, e dessa forma ela tornar-se-á plenamente e irrevogávelmente um paraíso de tolos.
Encerro esse texto com algumas palavras do príncipe dos pregadores ditas no séc. XIX e que nos mostram que o paraíso dos tolos já era uma preocupação desde os seus dias: “Quando a antiga fé desaparece e o entusiasmo pelo evangelho é extinto, não é surpresa que as pessoas busquem outras coisas que lhes tragam satisfação. Na falta de pão, se alimentam com cinzas; rejeitando o caminho do Senhor, seguem avidamente pelo caminho da tolice.” (Charles Haddon Spurgeon)      
                                                                                           
                                                                                               Joel da Silva Pereira

quinta-feira, julho 21, 2011

Salvação, a quem pertence?





A quem pertence à salvação? A Bíblia, no livro do profeta Jonas, deixa claro que, a salvação vem do Senhor! (Jn 2.9c). Porém, essa verdade vem sendo deixada de lado nos dias de hoje.
O apóstolo Paulo assevera: “Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos.” (II Tm 4.4). Em muitos púlpitos não se escuta mais a verdade de que a salvação pertence unicamente ao Senhor, mas escutam-se muitos mitos acerca das inverdades que apenas massageiam o ego dos homens, que tiram o foco da salvação do sacrifício expiatório de Cristo e o coloca na vontade do homem. Isso me faz pensar no que disse o grande reformador francês João Calvino: “Deus jamais encontrará em nós algo digno de seu amor, senão que Ele nos ama porque é bondoso e misericordioso”. O puritano congregacionalista Thomas Hooker disse: “O Senhor não procura nenhum poder ou suficiência em vocês (nos homens), de si próprios; nem de si próprios poder contra a corrupção.” O homem não tem nada em si mesmo que seja digno do incondicional amor de Deus. Então, como homens que se dizem arautos do verdadeiro evangelho de Deus proclamam que a salvação pode ter alguma interferência humana se a própria palavra de Deus assevera que a salvação se dá unicamente pela graça de Deus (Ef 2.8,9) e que isso vem diretamente de Deus para que ninguém se glorie? Os pecadores não são salvos até que confiem no Salvador, e essa confiança é concedida pelo próprio Deus para que os homens não se gloriem por terem alcançado a salvação por seus próprios méritos.
O teológo reformado Don Fortner discorrendo acerca da salvação disse:
“A salvação não é obra do homem, nem é um esforço cooperativo entre Deus e o homem, Deus fazendo sua parte e o homem a dele. A salvação é obra de Deus somente. Ela é totalmente a obra de Sua graça. A obra e o mérito humano nem mesmo entram em questão É tudo pela graça – não graça mais batismo – não graça mais membresia na igreja – não graça mais obras. A graça somente realiza a salvação. A graça mais algo cessa de ser graça. “Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. “Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra” (Rm. 11:6). A obra do homem nunca pode merecer mérito. Nem é a vontade do homem aquilo que determina quem será salvo. Sua salvação não é dependente de sua vontade pecaminosa. É dependente da vontade soberana de Deus. Deus somente determina quem será salvo. Ele não consulta nem pede a opinião ao homem. Você está sujeito à vontade de Deus. Deus não está sujeito à sua vontade. Ele diz:’Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece’ (Rm. 9:15-16).” (www.monergismo.com)

Depois dessa aula de teologia bíblica, nos fica quase impossível tecer mais algum comentário, mas, atrevo-me a falar um pouco mais. Em nossos dias a teologia pregada e vivida é baseada em sua grande maioria pelas músicas que os cristãos estão cantando, o que é um disparate sem tamanho, uma vez que as músicas estão impregnadas de um antropocentrismo vazio e danoso e não de uma teologia biblicamente saudável, salvo algumas poucas exceções. Sendo assim, a doutrina da salvação apresentada nessas canções é voltada inteiramente para o homem e não para Deus que é o nosso único e suficiente salvador! Ressalto como exemplo de uma música com conteúdo biblicamente saudável, o grupo Logos. Em sua canção, o evangelho, ele diz o seguinte: “o evangelho mostra o homem morto em seu pecar sem condições de levantar-se por si só, a menos que Jesus que é justo, o arranque de onde está e o justifique e o apresente ao Pai”. Essas palavras mostram a salvação segundo o padrão da Bíblia, padrão esse que deveria ser pregado em todas as igrejas.
Martyn Lloyd-Jones disse que, o homem moderno pensa que a salvação deve ser buscada no pleno uso das capacidades e poderes humanos que podem ser exercitados pelo saber e pela educação. O homem deve salvar-se a si próprio; o homem pode salvar-se a si próprio. . . E se alguém se aventura. . . a dizer que o Evangelho é a única esperança da humanidade. . . aos berros lhe dirão que ele é lunático ou doido.
O evangelho endossa o que o profeta Jonas disse acerca da salvação, que ela pertence ao Senhor (Jn 2.9c), pois em dado momento de seu ministério o Senhor Jesus falando aos seus discípulos quando estes o interrogavam sobre quem poderia se salvar lhes disse: “...Para os homens  é impossível; contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível”  (Mc 10.26-27), nessa passagem Jesus ensina-lhes e a nós também que somente pela onipotência de Deus é que o pecador é salvo (Jó 42.2). De fato, se a salvação não fosse imerecida, ninguém seria capaz de ganhá-la (Ef 2.8-9).
Nós estamos mortos em nossos delitos e pecados (Ef 2.1), sendo assim não passamos de defuntos sem condições de voltarmos à vida por nossos próprios méritos, a menos que Cristo por sua maravilhosa graça nos vivifique, e dessa forma nos salvando de sua terrível, santa e justa ira, sendo assim a salvação pertence única e exclusivamente ao Senhor!!!
Soli Deo Glória!!!

                                                                                     Joel da Silva Pereira

                                                                                                        




segunda-feira, julho 11, 2011

Jovens!!!

Jovens. Sinônimo de imaturidade para uns. Rebeldia para outros. A figura do jovem é uma figura controversa. Sobre a qual pairam todos os questionamentos e desconfianças. Mas será que o jovem é tudo isso mesmo que os mais velhos e o mundo pensam dele? Ouvi a pouco de um líder de uma renomada igreja de minha cidade o seguinte: “os jovens não têm visão!” Que coisa mais ridícula e sem noção. Será que esse líder nunca leu a história do rei Davi? Em sua juventude Davi foi escolhido para ocupar o trono de Israel. Escolhido pelo próprio Deus.
Contudo, a coisa não se resume apenas a uma afirmação de um líder cristão de uma cidade do interior. O jovem é mal visto por seu comportamento, por suas escolhas e mais ainda por sua falta de compromisso. Muito disso se deve ao fato de que, os mais velhos ou mais experientes não arriscam sair de suas posições pomposas e depositarem nos jovens a devida confiança mostrando assim que há um respeito, que há uma aposta e mais que há uma valorização dos dons e talentos daquele jovem. E por não haver essa aposta, afloram no coração dos jovens raízes de amargura que vingam e se transformam em revolta e rebeldia contra àqueles que não confiam neles.
Eu fico muito triste com essa má fama que paira sobre os jovens. É claro que o jovem tem sua grande parcela de contribuição nisso tudo, bem como todos os que pintam esse terrível quadro acerca dele.
 Nunca foi fácil ser jovem ainda mais no momento atual de crises financeiras e familiares. Ser jovem cristão é mais complicado ainda, pois além dessas crises é preciso encarar um mundo marcado pela desonestidade, corrupção e tantas outras mazelas, produzidas pelo pecado e pela injustiça e lutar para não se contaminar e ainda, lutar para transformá-lo. Essa é a tarefa de jovens comprometidos com Cristo e com seu reino.
Contudo, ainda é muito difícil para o jovem se comprometer com qualquer coisa que seja hoje em dia, uma vez que tamanho é o descrédito que o cerca. Em alguns casos, nem os próprios pais confiam em seus filhos, taxando-os de imaturos e irresponsáveis.
Fico terrivelmente estupefato com a tamanha falta de conhecimento bíblico por parte dos jovens que buscam seu lugar em meio aos comentários tortuosos dos que os criticam. Os críticos que castigam ferrenhamente os jovens também não têm um bom conhecimento bíblico e assim desconhecem a real importância e o devido valor que Deus dá aos jovens.
Será que os mais maduros desconhecem as recomendações de Paulo ao seu amado filho Timóteo: “Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.” (I Tm 4.12) E quanto aos jovens, será que não conhecem a história do rei Roboão relata no livro de Reis nos capítulos 12, 14.21 – 31? Quando este desprezou os conselhos dos mais experientes, o que redundou no fracasso total de seu reinado. Roboão deu ouvidos aos conselhos dos jovens que como ele eram inexperientes como ele, desencadeando o declínio do seu reino.
Esses dois relatos bíblicos mostram os dois lados da moeda. Vemos a atitude que os mais experientes devem ter para com os mais jovens. Paulo ao constatar a inexperiência de seu amado filho Timóteo, o incentiva a não recuar ante as críticas de seus opositores que o julgavam jovem demais e imaturo para o ministério. O relato acerca de Roboão nos mostra que os jovens não podem repudiar por completo o conselho dos mais experientes, principalmente quando esses conselhos podem redundar em um bem maior, que era o intuito dos anciãos de Israel ao aconselharem o jovem rei, que não deu ouvido a tais conselhos.
Jovens, não desprezemos as palavras dos mais experientes por julgarmos ser de uma época diferente e por isso não estão por dentro da realidade que vivemos. E aos mais experientes fica a dica, não nos desprezem por acharem que somos inexperientes, antes façam tal qual Paulo fez com seu filho Timóteo, nos incentivem, depositem confiança em nós e dessa forma vocês descobrirão uma força e uma garra incrível que por falta da devida valorização vocês desconheciam.
Fazemos parte de um mesmo corpo, e sendo assim devemos estar unidos para o bom funcionamento do mesmo, e não medindo forças só para ver quem tem razão. No fim, o que nos importa é sabermos que Deus não precisa nem de jovens inexperientes nem de anciãos maduros para dar cabo de sua obra. O que nos compete é vivermos de um modo que glorifique a Deus. Então, tanto aos experientes e maduros como aos jovens, que Deus nos abençoe e que possamos nos unir em prol do reino. Lembremos, pois das palavras de Jesus: “... Todo reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá.” (Mt 12.25)
Soli Deo Gloria!!!!
                                                                                                                    Joel da Silva Pereira