O ser humano vive em busca de respostas: de onde viemos? Para onde vamos? Quem somos? Estas questões filosóficas têm gerado inúmeras discussões desde a Antiguidade e certo que em busca de uma verdade que o conforte, que preencha o vazio existente em si, o homem busca respostas por intermédio da ciência, religião, ou a ausência de ambas. Nessa incansável procura nos esbarramos muitas vezes com disputa de poder, por dinheiro, cargos, enfim há um duelo constante por títulos; algo que faça o homem ser notado e/ou até invejado.
Esta é a busca, esta é a disputa, como cristãos, sabemos de onde viemos e para onde vamos, mas que na verdade somos?
Pessoas escondidas em títulos, ou bancos e Bíblias empoeiradas, talvez intimidados por uma voz exterior que grita mais alto, nos tornando invisíveis e conformados em ter apenas uma “religião”.
Se descobrirmos quem somos, por certo ninguém calará nossa voz, se soubermos o nosso objetivo real viveremos e aceitaríamos irrevogavelmente, nosso grandioso título de SERVOS DO DEUS ALTÍSSIMO.
No meio cristão está sendo desencadeada uma abrupta batalha em busca de títulos. Há muitos que estão em busca de ser chamados pastores, presbíteros, diáconos, bispos. Esses são os que encontramos respaldos bíblicos, mas, há algum tempo, se tem intensificado a busca de variados e inúmeros títulos que estão distante da verdade ensinada por Jesus Cristo. Os que almejam tal título se julgam detentores de um nível diferente de fé, os absurdos não param por aí. Títulos surgem aos montes diariamente corrompendo o santo evangelho da graça de Cristo.
Quando nos debruçamos nas Santas Letras não encontramos bases para essa disputa desenfreada por nomenclaturas. Apenas vemos Jesus ensinando que aquele que quer ser o maior fosse o menor (Lc 22.26), uma verdade e um ensino que vem sendo esquecido, pois, os pregadores humanistas de hoje estão ensinando o contrário. Com suas mensagens infundem nas pessoas o sentimento de que elas são dignas de ostentarem títulos e que por intermédio destes podem alcançar a “graça de terem o holofote sobre si”, desviando o foco do Evangelho da Graça. Mas, sinceramente não é isso que a Bíblia ensina. O grande apóstolo Paulo em suas cartas sempre se proclamava SERVO, num a pesquisa exegética chegamos ao vocábulo grego doulos que significa escravo, Paulo chamava a si mesmo de escravo. Se o grande Paulo se intitulava de escravo por que queremos, correr em busca de tais títulos?
Neste contexto, percebemos que é mais fácil ser levados pela correnteza do que se opor a ela, por isso a maioria das igrejas definha, na crença as nomenclaturas, ladeando a preciosidade da cruz. Mas, como diz a Santa Palavra: “o deus deste século cegou o entendimento de muitos...” (II Cor. 4.4) Infelizmente esta cegueira tornou uma epidemia no meio do povo de Deus, mas, uma cegueira, que ousaria dizer, consegue enxergar, e perceber aquilo que lhes é conveniente, para viver um evangelho de facilidades, adequado a sua vida e não a Vida de Cristo.
Tal evangelho de facilidades tem se tornado um câncer no seio da Igreja. Igrejas estão vendendo títulos e com isso enlameiam o bom nome do evangelho da graça de Cristo. O pior é que as pessoas estão engolindo esse torpe evangelho e dessa forma o mundo qualifica todos os cristãos tendo estes infames sedentos por títulos e holofotes como parâmetro. Eles não passam de sepulcros caiados como bem ensinou Jesus (Mt 23.27). O que mais nos deixa indignado é o fato das Escrituras asseverarem que quando os verdadeiros seguidores de Cristo tiverem concluído todas as suas incumbências serão tidos como SERVOS inúteis, então se as Escrituras asseveram isso por que essa disputa por títulos no seio da igreja?
Não podemos ostentar um título, devemos querer estar enquadrados no padrão de SERVOS.
Essa busca desenfreada por títulos vem apenas denotar o declínio do Cristianismo. Temos que como verdadeiros cristãos entendermos é que fomos chamados do império das trevas para o reino do Filho do seu amor (Cl 1.10).
Nas palavras do príncipe dos pregadores, a saber, Charles Haddon Spurgeon: “será que um homem que ama ao seu Senhor estaria disposto a ver Jesus, enquanto ele mesmo almeja uma coroa de louros? Haveria Jesus de ascender ao trono por meio da cruz, enquanto nós esperamos ser conduzidos para lá nos ombros das multidões, em meio a aplausos? Não seja tão fútil em sua imaginação. Avalie o preço; e se você não estiver disposto a carregar a cruz de Cristo, volte à sua fazenda ou ao seu negócio e tire deles o máximo que puder, mas permita-me sussurrar em seus ouvidos: “Que aproveita o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”
É preciso lembrar que enquanto queremos uma coroa de louros para ser vistos, Jesus usou uma coroa de espinhos para nos salvar, o Filho de Deus despiu-se de sua glória para fazer a vontade do Pai (Fp. 2. 5-8). Precisamos reviver o evangelho da cruz para redescobrir nossa vestimenta real de servos (panos de saco e cinza, a exemplo do rei Ezequias, quando afrontado por Senaqueribe). Podemos concluir dizendo: “Hoje é como nos dias da reforma há necessidade de determinação; eis o dia para o homem, mas, onde está o homem para este dia? (John MacArthur Jr.). Assim perguntamos onde estão os servos para mostrar que há Luz em meio as Trevas?
Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!
Soli Deo Gloria!!!
Betânia Borges Cunha
Joel da Silva Pereira