sábado, maio 12, 2012

E a Pregação?


No inicio dos anos de 1970 o Doutor Martyn Lloyd-Jones fez a seguinte pergunta: “Qual é a principal finalidade da pregação?” essa pergunta é muito relevante hoje, pois em dias que a verdadeira pregação do evangelho da graça de Cristo vem sendo fragmentada e deturpada, temos que respondê-la com amor e fervor. Contudo, o próprio Doutor nos fornece a resposta à sua pergunta. Responde Lloyd-Jones: “A finalidade da pregação, gosto de pensar que é esta: dar aos homens e mulheres o senso de Deus e de sua presença”.
A presença de Deus é algo que hoje não é mais necessário nas pregações. É necessário apenas mostrar as bênçãos, vitórias e triunfos que Deus pode conceder, e nada mais. Mas, a pregação não é apenas tolhida nesse aspecto onde Deus não é o centro. As igrejas hoje estão cada vez mais restringindo o tempo destinado a exposição das Sagradas Escrituras.
As igrejas convidam inúmeros grupos de louvor que cantam uma enorme quantidade de músicas, e o pior, músicas sem conteúdo bíblico que apenas massageiam o ego humano e o infla ainda mais. Também encontramos as inúmeras oportunidades concedidas a alguma pessoas, e maioria delas não tem intimidade com o púlpito e muito menos com a Palavra de Deus, mas por ocuparem algum cargo (e eu nem sei como e nem porque os ocupam) são convidados a estarem trazendo uma “saudação”, e quanto mais músicas e saudações menos tempo para a exposição da Palavra de Deus.
As igrejas infelizmente não enxergam mais como prioridade apresentar o evangelho da graça de Cristo em sua totalidade. Apenas apresentam textos fora de contextos e maquiam e deturpam as Sagradas Letras.  Mas a culpa disso recai acima de tudo por uma liderança omissa que ao que parece perdeu o seu senso de compromisso para com Deus e com sua rica e bendita Palavra. Martyn Lloyd-Jones prossegue em sua defesa da pregação cristocêntrica e diz: “pregar é a atividade mais admirável e emocionante na qual um homem pode se envolver, por causa do que ela nos proporcionar no presente e das gloriosas e infindas possibilidades no futuro eterno”, essa afirmação deveria gerar nos pregadores atuais um senso de compromisso que o façam voltar a uma exposição clara e fiel das Escrituras. Mas, o profeta Oséias estava mais do que certo ao asseverar que o povo de Deus está sendo destruído porque lhe falta conhecimento (Os 4.6). Vivemos um sério e terrível quadro de analfabetismo bíblico, daí a incoerência nos cultos das igrejas hoje. Intermináveis períodos de louvor, não que eu seja contra o louvor, longe disso, mas que deveríamos dispensar mais tempo para a ministração da Palavra de Deus.
Em seu livro O Legado da Alegria Soberana (que indico) John Piper ao discorrer sobre a vida de três dos maiores teólogos da história da cristandade, a saber, Santo Agostinho, Martinho Lutero e João Calvino, enfatiza a importância que as Sagradas Escrituras tinha na vida de cada um deles.  Ao mergulharem no estudo esmerado da Bíblia e na proclamação das suas verdades, esses três devolveram a Bíblia e sua exposição ao seu lugar de direito. Eles regataram a centralidade da pregação nos cultos e também à importância do estudo sistemático da Bíblia para o aperfeiçoamento pessoal e acima de tudo para a boa exposição de maneira fiel e coerente das Santas Letras. Um legado rico e genuinamente saudável, mas que por causa de uma geração negligente que se recusa a estudar a Palavra de Deus e pregá-la com exatidão, amor e devoção, é desprezado e a cada dia esquecido.
Não existe mais uma preocupação com o conteúdo da pregação, com o preparo do pregador, pior, quase não se dá mais importância à pregação num culto, pois seu espaço é cada vez mais limitado e quando alguém sobe ao púlpito, nota-se o despreparo e a falta de intimidade com a palavra.
Os pregadores modernos se esqueceram de que o evangelho é o poder de Deus (Rm 1.16) e o tratam como uma mercadoria que pode ser comercializada de acordo com a preferência do cliente. Tais pregadores estão distantes das palavras do Dr. Martyn Lloyd-Jones: “a obra da pregação é a mais elevada, a maior e mais gloriosa vocação para a qual alguém pode ser chamado”.
Quase não existe mais apreço pela gloriosa obra da pregação das verdades do evangelho da graça de Cristo, e creio que não há mais amor por tal tarefa, pois ela está cada vez mais banalizada. O legado dos grandes pregadores, a exemplo de Spurgeon, Jonathan Edwards, George Whitefield, John Wesley, D. L. Moody, Martyn Lloyd-Jones, John Stott e muitos que pregaram com amor e devoção a Palavra de Deus, está sendo deturpado e banalizado.
Pregações e Pregadores precisam ser revitalizados. A pregação precisa voltar a ter a primazia nos cultos. Os pregadores precisam parar de brincar de serem pregadores e passarem a sê-los verdadeiramente. E ainda falando sobre os pregadores deixo o exemplo de John Bunyan nas palavras do grande Spurgeon, disse ele: “Corte-o em qualquer lugar e você descobrirá que o seu sangue é cheio de Bíblia. A própria essência da Bíblia fluía dele. Ele não pode falar sem citar um texto, pois sua alma está repleta da Palavra de Deus”. Será que essa verdade sobre John Bunyan pode ser aplicada aos pregadores modernos?

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Gloria!!!

Joel da Silva Pereira


domingo, maio 06, 2012

Vida Cristã!!


O que pensamos ser a vida cristã? Uma pergunta que ao que parece tornou-se irrelevante sabermos a resposta correta. Satisfazemos-nos com um arremedo de resposta mesmo que esta esteja em desacordo com o padrão bíblico de vida cristã. Achamos que a vida cristã é um eterno jogo, onde o que fizemos de errado hoje pode ser esquecido amanhã. E vivemos a vida cristã como se ela fosse um ciclo ilusório de tentativas e erros.
A vida cristã não é nem de longe um jogo. Quando Deus nos chama de nossos túmulos, pois estávamos mortos em delitos e pecados (Ef 2.1), nos convida a vivermos com Ele, para Ele e por meio Dele (Rm 11.36), então a vida cristã tem um Senhor, e esse Senhor exige nada menos que a perfeição dos seus seguidores. Mesmo que lhes seja impossível alcançar tal perfeição nesta vida, é dever de cada cristão buscar a perfeição em seu viver, até o dia da gloriosa volta do Senhor Jesus.
No Antigo Testamento o povo eleito de Deus, tinha a Lei para guiá-lo, contudo o homem é incapaz de cumprir categoricamente todas as exigências da Lei, por isso, a oferta de sacrifícios pelo pecado, se fez necessário para a correção do povo. No Novo Testamento, não temos mais a Lei para ditar como devemos viver a vida cristã, pois, o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14). Deus se fez carne na pessoa de seu Filho Jesus e veio ao mundo ensinar a essência da verdadeira vida cristã, a saber, amar e obedecer a Deus inquestionavelmente. Jesus não veio abolir a Lei, ao contrário Ele a cumpriu plenamente sem vacilar em nenhum de seus aspectos, tornado-se assim o modelo a ser seguido por nós. Agora não é mais a Lei que nos guia em nossa vivência cristã, mas, sim o próprio Deus que se fez carne e habitou entre nós na pessoa de Jesus Cristo. Entretanto essa verdade é deturpada dia após dia, pois, uma vez que a Lei foi cumprida pensamos que por sermos salvos pela graça, logo nos julgamos aptos a cometer qualquer delito e Deus precisa nos perdoar incontestavelmente; podemos errar, mas, pagar as consequências deste erro é quase inaceitável. Estamos sob um jugo mais leve, mas ao contrário do que pensamos o nosso Deus, mesmo cumprido todas as exigências da Lei na pessoa de Jesus, traz para o nosso padrão de conduta agora é o próprio Jesus, ou seja, nossa vida deve imitar em todos os aspectos o padrão ensinado e acima de tudo vivido pelo próprio Deus.
Os reformadores e puritanos viviam sob os CINCO SOLAS: SOLA SCRIPTURA (Só a Escritura), SOLA FIDE (Só a Fé), SOLA GRATIA (Só a Graça), SOLUS CHISTUS (Só Cristo) e SOLI DEO GLORIA (Glória só a Deus). Esses princípios totalmente baseados na Bíblia foram resgatados pelos reformadores no século XVI de forma que as incoerências e heresias da igreja da época, que estavam desviando o foco da vida cristã dos padrões bíblicos para os desmandos papais fossem combatidos e as verdades da vida cristã fossem estabelecidas. Assim eles entenderam que o modelo de vida cristã ordenado por Deus aos cristãos é o mesmo que Deus ordenou a Israel no deserto: “Sereis santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”. Se isso precisou ser redescoberto no século XVI, muito mais hoje!
Queremos viver a vida cristã como se ela fosse um jogo. Mas, ao falar de Deus não podemos tratá-lo como um treinador, que nos quer vivendo para ganhar, sempre. Se assim for, devemos fazer o que o nosso treinador diz não para ganhar, mas porque Ele sabe o que é melhor, para nos fazer chegar ao fim certo.
Muitos procuram a vida cristã, por modismo, por buscar uma vida longe de problemas, sem doenças, sem dificuldades, sem padecer necessidades; se assim o próprio Jesus não teria chorado, não seria carpinteiro, não teria sido necessário a sua morte...
A vida cristã precisa ser vista de maneira tão sublime que nenhuma dificuldade pode nos fazer escolher outra vida, nada de mal que venhamos a passar pode nos fazer escolher, não ser cristãos, pois, é certo que existirão dificuldades, porém, o Nosso Deus nos fará contemplar maravilhas, seja num deserto ou num oásis, numa tempestade ou na calmaria do mar, tudo Ele usa, para nos mostrar o quanto precisamos cada dia mais depender Dele, porque Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas, por isso somos cristãos, por que Ele nos escolheu.
A vida cristã não é uma escolha humana, mas sim algo que Deus instituiu ao nos escolher para sermos raça eleita, nação santa e povo de propriedade exclusiva Dele ( I Pe 2.9) . Ao sermos escolhidos não temos opção ou buscamos viver uma vida cristã digna do chamado da nossa vocação ou viveremos uma eterna ilusão onde em seu final ouviremos: “Nunca vos conheci; Apartai-vos de mim; os que praticais iniquidade”. (Mt 7.23), mas é claro que Deus não nos chama para vivermos uma vida de ilusão, mas sim para sermos santos e irrepreensíveis perante ele, para louvor da glória da sal graça que ao nos escolher nos concedeu no gratuitamente no Amado, a saber, Jesus Cristo (Ef 1.4,6).

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Gloria!!!

Betânia Borges Cunha
Joel da Silva Pereira