sexta-feira, junho 22, 2012

Adoramos?


“Tira o pé do chão!”, “Faça barulho em nome de Jesus!”, “Toque no altar de Deus!”, “Receba!” Isso e outras bizarrices são berradas dos púlpitos das igrejas hoje, em meio a louvores sem conteúdo e sem reverência, a isso os cristãos chamam de: “Adoração”. Meu Deus quanto absurdo!
Nas palavras de William Temple: “adoração é a submissão de toda nossa natureza a Deus. É a vivificação da consciência mediante sua santidade, o nutrir da mente de Cristo com sua verdade, a purificação da imaginação por sua beleza, o abrir do coração ao seu amor e a entrega da vontade ao seu propósito”.
A verdadeira adoração tem por base a Bíblia e não jargões de um “evangeliquês” de meia pataca. A verdadeira adoração segue o Soli Deo Gloria defendido e pregado pelos reformadores. A verdadeira adoração não é coisa de um momento durante o qual algumas canções são entoadas, e, diga-se de passagem, canções medíocres e sem conteúdo bíblico saudável. Canções que exaltam o homem a um patamar que única e exclusivamente de Deus.
O pastor Renato Vargens, em seu livro Muito Mais que Louvor (que indico), diz: “Adorar a Deus é dar ao Senhor a glória que lhe é devida como resposta ao que Ele nos revelou e fez em Seu Filho Jesus Cristo”. Isto, posto, como podem os tais “adoradores” chamarem o espetáculo que encenam nos púlpitos de adoração ao Deus vivo?
Proferir jargões de um “evangeliquês” paupérrimo sem nexos, gritar pra incitar os irmãos na igreja, cantar músicas que são antropocêntricas não é adorar a Deus em espírito e muito menos em verdade, como a Bíblia nos exorta a fazer (Jo 4.24).
Prosseguindo o pastor Renato Vargens diz: “adorar é demonstra com a vida e não somente com os lábios, que Cristo nos salvou e que pela sua graça, mediante o Espírito Santo, fomos regenerados, sendo transformados em novas criaturas”.
Muitos dizem que adoração é um estilo de vida. Eu discordo totalmente. Adorar não é um simples estilo de vida, mas sim a nossa vida. Paulo foi bem claro quanto a isso: “Assim quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (I Co 10.31).
Não poderia deixar de citar as canções entoadas hoje em nossos cultos, uma vez que adoramos a Deus através delas. Só que nessa área a igreja está deixando muito a desejar. As canções antigamente traziam em suas letras a expressão: “Tu és...” e enalteciam a Deus e o tinham como centro, hoje a igreja ao que parece se perdeu no caminho em direção ao trono do Altíssimo, pois suas canções agora trazem a expressão: “Eu sou...” e enaltecem ao homem e o colocam como o centro da adoração. Será que esses compositores se esqueceram das palavras de Isaías: “Eu sou o Senhor; este é o meu nome! Não darei a outro a minha glória...” (Is 42.8)?  Hoje as canções glorificam ao homem e colocam Deus na posição do gênio da lâmpada mágica que tem que fazer todas as vontades das suas egoístas criaturas. As músicas de hoje não glorificam apenas massageiam o ego e satisfazem os crentes. Tudo isso que ocorre hoje foi escrito e cantado pelo Grupo Logos em 1996: “Quem ontem era servo, agora acha-se senhor e diz a Deus como Ele tem que ser” . Louvamos e adoramos a criatura e não ao Criador Eterno. Que vergonha! As canções mais parecem com aquelas que são usadas pelos educadores físicos nas academias, pois é um negócio de: “pra direita, pra esquerda” e o pior os ditos ministros de louvor ainda berram: “é a ginástica de Jeová” haja paciência para suportar tais aberrações. Isso não é e nem nunca foi adoração. Nas palavras de Herbert M. Carson: “adorar a Deus é compreender o propósito com o qual Ele nos criou”.
Outra coisa que incomoda muitos pastores hoje é a questão da dança na igreja. Não sou contra a coreografia como forma de adoração a Deus, é tanto que o salmista diz no salmo 150 que devemos louvá-Lo com adufes e com danças. Contudo, concordo com a opinião do pastor Renato Vargens: “o momento de adoração com música deveria ser única e exclusivamente para adorar a Deus e não para a apresentação de grupos artísticos”. O que eu contesto é que devido a letras tortas e sem conteúdo bíblico incitam a coreografias onde beijos são encenados em pleno altar. “Beijar Deus”, “Abraça-Lo com todo nosso amor”, isso é encenado de forma escancarada nas igrejas, sei que nem todos os grupos de coreografias se renderam a essas músicas, mas pelo erro de um todos os demais pagam e assim ficam mal vistos num cenário que já não é tão aberto a essa forma de adoração. Ao pesquisar para redigir esse artigo me deparei com algo sobre o qual discorrerei em outra ocasião, a saber, a Dança Profética.
Os compositores modernos pelo visto perderam o senso bíblico. Letras vazias que dizem coisas absurdas como que “vão tirar o fôlego de Deus”, que vão “beijá-Lo”, “acariciá-Lo”. Não encontramos isso em nenhum relato de exemplo bíblico de adoração a Deus. Tudo isso ocorre porque o povo vive mergulhado em uma ignorância bíblica sem tamanho e quando surge alguém ou algum “ministério” trazendo algo empolgante e “novo” pronto caem no engodo.
Engana-se quem pensa que é apenas importante o que se fala ou canta, não é necessário e imperativo atentarmos para vida dessas pessoas por trás de suas canções e ministérios, pois como daremos crédito a alguém que leva o povo a crer no que dizem ou cantam se elas mesmas não se importam em viver de acordo com o que professam através de suas canções? Duvido piamente eu o Grupo Logos, tão conhecido em nosso meio, teria a aceitação e respeito que tem hoje se não vivesse aquilo que expressam e professam através de suas canções. Duvido que Jesus fosse aceito se suas palavras e ensinos fossem palavras ao vento. Mas vocês podem dizer: “eu só escuto as músicas e não me importo com a vida, pois cada um vai dar conta si”, mas será que a vida daquele que serve a Deus não deve estar de acordo com o que professa? Será que Paulo teria tido êxito em sua vida ministerial se as pessoas não vissem em sua vida uma imagem exata daquilo tudo que ele ensinava e pregava?
Temos que nos lembrar de que ao adorarmos a Deus estamos glorificando o Eterno por meio de uma vida sincera, honesta, santa e abnegada. Assim o que pregamos, cantamos e ensinamos devem estar de acordo com a nossa forma de viver. Os puritanos ingleses eram exemplos nesse aspecto, pois eles tinham toda a vida como uma forma de adoração plena a Deus. Temos muito ainda que aprender com esses gigantes da fé, mas antes e acima de tudo temos que aprender com o Mestre através de sua rica e bendita Palavra! Não nos entreguemos à mediocridade na adoração ao nosso Deus uma vez que fomos criados para o louvor de sua glória.

Que Deus nos ajude e tenha misericórdia de nós!!!

Soli Deo Gloria!!!

Joel da Silva Pereira

P.S. A exemplo do Grupo Logos, outros ainda hoje cantam músicas com conteúdo bíblico saudável e nos levam a uma adoração bíblica e cristocêntrica, a saber, Sérgio Lopes, Gladir Cabral, Nelson Bomilcar, Jorge Camargo, Tiago Vianna, Stênio Marcius, Fabrício Matheus, Guilherme Kerr, João Alexandre, Vencedores Por Cristo, e outros que só porque não estão na mídia e que não cantam as canções da moda ou da estação, não são conhecidos, mas eu afirmo que são esses que cantam a verdadeira música cristã que enaltece e exalta o Cordeiro de Deus.





segunda-feira, junho 18, 2012

Santidade ao Senhor!!!


A busca por uma vida de acordo com o padrão bíblico de santidade, ao que parece, é uma luta atemporal. Uma luta eterna que só se findará no dia da gloriosa vinda do Senhor.
Os tempos podem ter mudado; a igreja e as pessoas também, contudo a exigência divina acerca da conduta da vida dos cristãos ainda é a mesma que foi feita aos israelitas na ocasião da peregrinação rumo à terra prometida: “Consagrem-se e sejam santos, porque eu sou santo” (Lv 20.7). Jesus, no sermão do monte, elevou essa exigência ao declarar: “Sejam perfeitos como perfeito é o Pai celeste de vocês” (Mt 5.48). Seria um erro descabido por parte dos cristãos pensar que esse padrão tenha mudado na contemporaneidade. Para mostrar a relevância desse padrão bíblico de santidade o teólogo inglês John Stott (1986) disse o seguinte: “O chamado que Cristo nos faz é novo, não apenas porque é uma ordem para sermos ‘perfeitos’, mais do que ‘santos’, mas também por causa da descrição que faz do Deus que devemos imitar” (STOTT, 1986, p. 123).
Ao que parece maior dificuldade que impede o homem de alcançar tal meta, a saber, uma vida de santidade, não é o mundo que jaz em pecado, mas o pecado residente no próprio homem, e dessa forma ele encontra toda sorte de obstáculos em sua busca por uma vida santa.
A igreja independente da época em que vive é chamada a viver uma vida de diligente santidade. No tocante a isto o teólogo reformado holandês Joel Beeke (2005) diz: “o crente que não cultiva diligentemente a santidade não terá a verdadeira certeza de sua própria salvação, nem obedecerá a exortação de Pedro no sentido de buscar essa certeza (II Pe 1.10)” (BEEKE, 2005, pp. 81-82).
Contudo, as próprias Escrituras exorta a igreja que virão dias terríveis; dias em que os homens não suportarão a sã doutrina, e o homens teriam aparência piedosa (II Tm 3.1,5; 4.3), ao que parece esses difíceis e terríveis dias chegaram e a necessidade por uma vida de santidade mais autêntica chegou com eles, e a igreja outra vez é confrontada com a exigência de uma vida santa em meio ao caos doutrinário e moral que Paulo exortou séculos antes. Sobre a necessidade de uma vida de santidade autêntica e visível hoje Lopes (2008) diz:
“A santidade é visível aos olhos humanos. Não acontece apenas no âmbito das relações invisíveis entre os crentes e Deus. Se por um lado já fomos santificados e glorificados em Cristo nas regiões celestiais – coisa que não podemos sentir nem ver -, somos exortados a nos santificar diariamente pela mortificação da natureza pecaminosa pelo revestimento das virtudes cristãs” (LOPES, 2008, pp. 123-124).
O mundo em pecado tem que ver na igreja um reflexo da santidade de Deus. A igreja tem que ter a consciência de que a mentira, o suborno, a soberba, a profanação do santo nome de Deus, o egoísmo, a injustiça social, e orgulho ainda são pecados. Tal consciência só é possível por uma vida autêntica de santidade de acordo com os ensinos bíblicos. Em dias como os de hoje ao que se vê um paradigma tão importante para vida cristã, a saber, um viver de acordo com o padrão bíblico de santidade, precisa ser resgatado.
 Beeke (2005) falando acerca da necessidade da igreja viver em santidade diz o seguinte: “responder a chamada à santidade é uma tarefa diária. É uma chamada absoluta e radical, que envolve a essência da fé e prática religiosa” (BEEKE, 2005, p. 85). Dessa maneira, Beeke encara a vida de santidade como uma vida radical onde o cristão tem que se entregar devotadamente em uma prática diária.
A igreja contemporânea necessita entender que a para se viver de um modo santo, precisa ter uma genuína vida onde a prática devocional se faça presente. Acerca disso Lopes (2008, p. 125) discorre: “eu ainda acredito, depois de todos esses anos de crente, pastor e professor de interpretação bíblica que a leitura diária, junto com a meditação e oração a Deus, são meios indispensáveis para nos santificarmos (Sl 1)”. Se não houver vida devocional na igreja, não há um testemunho eficaz por parte da igreja, pois como refletir uma coisa que não se vive? Sobre esse mesmo ponto de vista Beeke (2005, p. 91) diz o seguinte: “As Escrituras são o caminho primário à santidade e o crescimento espiritual – levando em conta que o Espírito, como Mestre, abençoará a leitura e o estudo da Palavra de Deus”. Pela óptica dos dois teólogos a igreja deve se esforçar em um exercício devocional constante, através do qual se fortalecerá para viver de acordo com o padrão bíblico de santidade.
Ainda enfocando santidade bíblica Lopes (2008) conclui: “A santificação precisa de referenciais morais objetivos e fixos. Sem eles, a santificação descamba para o misticismo, o pragmatismo, o paganismo. O referencial seguro do caminho da santidade é a Palavra de Deus, nossa única regra de fé e prática. Ela é a lâmpada para os meus pés e luz para os meus caminhos (Sl 119.105)” (LOPES, 2008, p. 126).
O chamado de Deus para a sua igreja é um chamado à santidade. Contudo, ao longo dos tempos vê-se que ela sempre enfrentou dificuldades para viver de modo digno desse chamado. Deus escolheu um povo para que seja santo. O alvo da escolha soberana de Deus é que a sua igreja seja santa e irrepreensível perante Ele (Ef 1.4). Independente da época a igreja deve sempre buscar viver em santidade.

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Gloria!!!

Joel da Silva Pereira

P.S.: Esse texto faz parte da minha monografia de conclusão do curso de Teologia!!!


segunda-feira, junho 04, 2012

"Examinais as Escrituras!"


Nos últimos meses eu estive envolvido na produção da minha tese de conclusão do curso de teologia. O tema escolhido foi o padrão bíblico de santidade, apesar de ser um excelente tema, não é sobre santidade que quero tratar nesse artigo, mas sim sobre a necessidade do estudo na vida cristã.
Os cristãos pensam que basta apenas ler e estudar a Palavra de Deus durante os cultos e escolas dominicais. Ledo engano! Negligenciar o estudo sistemático das Escrituras é negligenciar está em diálogo com Deus.
O que será que os cristãos entendem quando leem no Salmo 1 que o prazer do homem bem-aventurado está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite? Diante disso, não tem como isentar o cristão da responsabilidade de um estudo sistemático da Palavra de Deus.
Analisando um pouco a vasta e conturbada história da igreja, encontrei duas características preponderantes nos homens e mulheres que foram usados por Deus, a saber, uma vida de oração intensa e um esmerado estudo das Escrituras.
Não foi a toa que Paulo exortou ao seu amado filho Timóteo: “procura-te apresentar a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (II Tm 2.15). Timóteo não poderia ser um exemplo se não se portasse como um obreiro aprovado que manejava bem a Palavra da Verdade, e como atender a tais requesitos sem uma vida regrada de estudo da Palavra e de intensa oração?
Os reformadores se encaixam como exemplos da prática do estudo sistemático e não apenas das Escrituras, mas também da boa literatura cristã. Lutero e Calvino se enquadram nessa definição de estudiosos. Lutero foi um grande catedrático e Calvino o mestre de Genebra por assim dizer. O grande John Knox foi um dos tantos que estudaram sob a tutela de Calvino em Genebra.
Um dos maiores exemplos de cristão estudioso é o do pregador congregacional Jonathan Edwards, um intelectual brilhante que foi escolhido por Deus para o sagrado ministério e que no desempenho de seu ministério dedicava treze horas do seu dia para estudar e meditar nas Sagradas Escrituras. O estudo não só na vida do ministro, mas também na vida de qualquer cristão é algo imprescindível e de vital importância. Contudo, como já frisei em vários artigos anteriores, os cristãos estão envoltos em um analfabetismo bíblico tenebroso. A Bíblia está se transformando em um mero objeto de decoração. Se os cristãos não querem ler nem a Bíblia como eles lerão alguma literatura cristã?
Os cristãos cada vez mais negligenciam a vida de oração e de estudo devocional das Escrituras. O próprio Cristo nos exorta: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nela a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (Jo 5.39). O cristão é chamado para ser um imitador de Jesus e o único livro que fala com exatidão acerca Dele é a Bíblia. É claro que muita literatura foi produzida acerca da pessoa de Cristo, todavia a mais exata ainda é a Sua própria Palavra.
Nas palavras do reverendo Hernandes Dias Lopes: “Algumas igrejas estão descambando para o liberalismo teológico, negando os postulados essenciais da fé. Outras estão se desviando para o misticismo sincrético, importando novidades estranhas à Palavra de Deus, abraçando outro evangelho, e não o evangelho da graça.” Tudo isso é com a permissão do “corpo de Cristo” que se tornou apático e ainda mais sem vida, pois não examina mais as Escrituras que testificam sobre Cristo. Uma vez mais ressoam em nossos corações a assertiva do profeta Oséias: “o meu povo está sendo destruído porque lhe falta conhecimento”.

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Gloria!!!

Joel da Silva Pereira