Houve um
tempo em que a igreja caminhava de joelhos. Um tempo em que os nossos corações
ansiavam por estar em comunhão com Deus, tínhamos uma necessidade imperiosa de
estar em íntima e perfeita comunhão com o Senhor Nosso Deus através da oração e
do estudo diligente de sua preciosa e bendita palavra.
Um desejo
ardia em nosso intimo, um desejo que nos levava humilhados e rendidos aos pés
da cruz de Cristo em busca do Desejado de nossas almas, um tempo onde
buscávamos a Deus sem reservas, apenas pela certeza e pelo prazer de sabermos
que estávamos no melhor do universo, a saber, a presença gloriosa e bendita do
Senhor do Universo. Um tempo onde a igreja era guiada pelo Espírito Santo e se
submetia à boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Tempo esse em que havia
um compromisso com o reino de Deus, onde os cristãos eram apenas o que a Bíblia
nos exorta a sermos nada mais e nada menos que “sal da terra” e “luz do mundo”.
Onde a igreja denunciava pecados e edificava os santos. A igreja pregava à
genuína e poderosa mensagem do evangelho da graça de Cristo. A mensagem do
evangelho pela operosa ação do Espírito Santo inundava mentes e corações e
convencia as pessoas de seu estado terrível de pecaminosidade e as levava ao
arrependimento e à salvação na pessoa gloriosa de Jesus Cristo.
Ao ler os
livros acerca da história e encontrar neles os relatos sobre os puritanos e os
morávios fico a pensar e me pergunto: “será que realmente servimos ao mesmo
Senhor que esses dois incríveis povos serviam?” Pois existe uma distância
assombrosa entre a dedicação deles e a nossa. Eles se entregavam de corpo, alma
e coração sem reservas, mas nós só nos entregamos se pudermos ser recompensados
por essa dedicação, é como se o evangelho para nós fosse ditado pelo “quem quer
rir, tem que fazer rir”. O povo hoje ao que parece só busca a Deus para obter
favores e respostas às suas orações ridículas, egoístas e porque não dizer
extravagantes a ponto de extrapolarem o bom senso.
Houve um
tempo que servir a Deus apenas porque é o que a Bíblia ensina e sempre ensinará
era motivo mais do que suficiente para que a igreja se dobrasse humildemente à
soberana vontade Dele, e dessa forma servi-lo com toda simplicidade e
submissão.
Os
puritanos viviam dessa forma, e por servirem a Deus de maneira tão profunda
eles foram taxados de maneira pejorativa de radicais, pois a sociedade os via
como alienados, mas a pergunta é: “Não era a sociedade a verdadeira alienada da
história?”. Hoje, por mais estranho que pareça os alienados são os que se
professam cristãos, pois não têm maturidade suficiente para se posicionarem
como verdadeiro sal da terra e luz do mundo. Antes estão cada vez mais
parecidos com o mundo com o qual não deveria se conformar, mas preferem andar
com o mundo a caminhar com Deus.
Creio que a exclamação do filosofo
grego Cícero se adéqua perfeitamente à nossa realidade: “O tempora! O mores!” que traduzido significa: “Ó tempos! Ó
costumes!” Cícero pronunciou tal sentença ante a depravação dos seus
contemporâneos. Em nossos dias a situação que vivenciamos não é muito diferente
da vivenciada pelo filosofo grego.
No seio da igreja cristã existe um
descompromisso exacerbado e vil que enlameia o evangelho da graça de Cristo e
isso é assistido pela igreja que em sua inércia nada faz para reverter tal
medonho quadro, pois ela está corrompida e iludida pelo padrão deste século que
está cega para este câncer que corrói as entranhas da fé cristã. Confesso que
tenho saudades da igreja que caminhava de joelhos, que entoava hinos de
louvores ao Trino Deus numa simples, porém sincera adoração. Ainda há tempo
igreja! Voltemos-nos para o Desejado de nossas almas enquanto quando podemos
achá-lo, vamos invocá-lo enquanto Ele está perto.
Enfim,
houve um tempo em que a igreja ensinava e vivia ardentemente os cinco
princípios da Reforma Protestante do século XVI, a saber, Sola Scriptura, Sola
Gratia, Sola Fide, Solus Christus e o Soli Deo Gloria. Que Deus restaure a sua
Noiva, pois do jeito que as coisas estão sem uma profunda reforma, sem um
verdadeiro avivamento as coisas só tendem a piorar e os tempos que rememorei
neste não serão nada mais do que uma simples lembrança daquilo que era e
deveria ser a verdadeira igreja do Senhor, ou seja, sal da terra e luz do
mundo.
Que Deus
nos conceda de transformarmos a saudade desses tempos idos em realidade hoje.
Que Deus
nos abençoe e tenha misericórdia de nós!!!
Soli Deo
Gloria!!!
Joel da
Silva Pereira