“Os lábios do sacerdote deve guardar
o conhecimento” (Ml 2.7)
É a tarefa primordial dos pastores preservar
e ensinar a pura e genuína doutrina do evangelho da graça de Cristo, não há
nada mais sagrado no ministério pastoral, do que a clara e firme exposição das
Sagradas Escrituras.
Os dias são maus e a corrupção no da
igreja enlameia o evangelho por causa daqueles que se autoproclamam “arautos”
do evangelho os quais deveriam guardar o conhecimento da Palavra de Deus, porém,
estão ao “seu bel” prazer distorcendo o glorioso evangelho a fim de darem
justificativas para suas atitudes erradas e assim condenam o rebanho de Cristo
a uma estagnação e a uma cegueira espiritual devastadora.
Pessoas que deturpam a verdadeira e
gloriosa mensagem do evangelho que se transformam em verborragia propagada de
seus púlpitos afirmando ser isto o inicio de um grande e genuíno avivamento,
diante disso, não posso deixa de questionar: “Como pode ser essa imundície o
inicio de um avivamento, se o que está sendo pregado não é o genuíno evangelho
da graça de Cristo?” O que sai dos lábios de tais “sacerdotes” é tudo menos
algo que honra a Deus.
O verdadeiro avivamento é uma obra
soberana de Deus operada pelo Espírito Santo através da verdadeira exposição
das Sagradas Escrituras.
Não tem como não deixar de citar num
post sobre o dever de guardar o conhecimento de Deus não poderia deixar de
citar os reformadores e os puritanos. Lutero descobriu o verdadeiro valor das
Escrituras e diante de tal descoberta intentou reformar a igreja medieval. Ele
desejava que os clérigos retornassem à Bíblia e assim não só os lábios, mas,
também os seus corações estariam plenos do conhecimento de Deus. Daí surgiu o
Sola Scriptura baseado em Jo 17.17. O desejo de Lutero era que a igreja
voltasse a ensinar as Escrituras ao povo na língua materna, uma vez que a
língua empregada era o latim. Os clérigos da época é claro que não aceitaram as
argumentações de Lutero e o trataram como herege até a excomunhão.
Segundo J. M. Boyce o reformador
francês João Calvino não tinha outra arma a não ser a Bíblia. Calvino expôs as
Escrituras pelas Escrituras todos os dias crendo no principio hermenêutico de
que a Bíblia se explica pela própria Bíblia. Dessa forma pelo poder do Espírito
Santo a cidade de Genebra foi impactada pelo conhecimento que fluía do púlpito
sobre o qual se postava um sacerdote que guardava em seus lábios e em seu
coração o conhecimento acerca de Deus e de sua rica e bendita palavra, a saber,
João Calvino.
Os puritanos também têm seu lugar na
história da cristandade dentre àqueles que guardaram o conhecimento do Senhor e
de sua rica e bendita palavra. Dentre os teólogos puritanos destaca-se o príncipe
dos puritanos, a saber, o pastor congregacional John Owen. Owen reconhecia a
necessidade de se guardar o conhecimento das Escrituras e reconhecia a sua
divina origem por intermédio do Espírito Santo, em suas palavras: “Nisso
consiste o testemunho que o Espírito dá à Palavra de Deus: sendo o Espírito
Santo o autor imediato de toda a Escritura, ali por meio dela presta testemunho
acerca da verdade e da origem da mesma, por meio das marcas da autoridade e
veracidade divinas expressos nas Escrituras, evidenciando esses fatos por meio
de seu poder e eficácia”. Por intermédio do Espírito Santo continua Owen, “as
Escrituras do Antigo e do Novo Testamento manifestam-se, de forma abundante e
inequívoca, como a Palavra do Deus vivo”, e era essa Palavra que Owen pregava
diariamente crendo que ela era (e ainda é) o poder de Deus para a salvação de
todo aquele crê, isso mostra que, Owen se portava como um sacerdote cujos
lábios guardavam o conhecimento de Deus.
Na contemporaneidade, salvo algumas
raras exceções, a guarda do conhecimento bíblico não se faz mais necessário,
uma vez que, a pregação se torna a cada dia mais humanista e exalta mais o
homem do que a Deus, isso faz com o povo se afaste cada vez mais de Deus, o que
nos faz pensar na assertiva do profeta Oséias concernente ao conhecimento de
Deus e de sua Palavra: “O meu povo está sendo destruído porque lhe falta
conhecimento” (Os 4.6). Essa assertiva é o retrato da realidade que vivenciamos
hoje. A assertiva do profeta Malaquias que introduz esse post deveria ser a
realidade dos sacerdotes que estão como líderes do rebanho de Deus, contudo é
justamente o contrário. O legado do Sola Scriptura deixado pelos reformadores
hoje não é relegado como um simples principio arcaico e fundamentalista.
Que Deus tenha misericórdia de nós e
nos ajude!!!
Que Deus nos dê sacerdotes que se
sintam honrados que em seus lábios e corações repouse o conhecimento de Deus e
de sua Palavra gloriosa e assim glorifique ao Eterno com a sadia exposição das
Escrituras!!!
Soli Deo Gloria!!!
Joel da Silva Pereira