“Deus disse: façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança.” (Gn 1.26a)
Que privilégio e honra ser formado à imagem e conforme a
semelhança do Eterno Deus.
O homem, a coroa da criação, criado perfeito em semelhança à plena
perfeição de Deus, estava acima de toda a criação. Encontrava-se em um estado
de plena pureza. Porém, bastou uma única ação, apenas um ato de desobediência
para que toda essa perfeição fosse desconstruída e este homem caísse de seu
estado de graça e se afastasse totalmente da perfeita comunhão que gozava com o
Pai (Gn 3).
Por causa desse ato insano do representante federativo da
raça humana, a saber, Adão, toda a criação recebeu a devida paga pelo pecado e
está sob a ira santa, justa e terrível do Onipotente Deus criador de todas as
coisas.
O homem, outrora criado a imagem de Deus, agora se encontra
morto em seus delitos e pecados (Ef 2.1) e destituído da glória de Deus (Rm
3.23) e mergulhado em um estado tão depravado que por si só não tem forças de se
achegar a Deus, sem que seja despertado antes por Deus através da obra
regeneradora do Espírito Santo.
Nos dias atuais os cristãos querem ser parecido com pastor
tal, “apóstolo” fulano, bispo beltrano, cantor sicrano! Querem ser parecidos
com pessoas que alcançaram algum tipo de sucesso ou projeção, algum destaque ou
alguém que por alguma razão ocupa uma posição vistosa. Querem se parecer com
tudo e todos, menos com Deus.
Muitos podem alegar que cumprindo o que a Bíblia ensina por
intermédio do apóstolo Paulo; Paulo disse com autoridade e ousadia: “sejam meus
imitadores como eu sou de Cristo” (I Co 1.11). Será que esses “expoentes” aos
quais os cristãos miram como sendo exemplos dignos de serem seguidos têm uma
autoridade, ministério, comunhão com Deus e vida piedosa tal qual o apóstolo
Paulo? Se Paulo exortou as suas ovelhas a o imitarem é porque o Espírito Santo
o capacitou para isso. Paulo, em sua vida, expressava o caráter de Cristo, a
ponto de dizer “vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.20). Será que
esses ditos “exemplos” dos cristãos hoje podem fazer tal afirmação?
O que se vê hoje é que o homem se corrompe mais e mais, e
expressa de uma forma mais abrupta a sua depravação total consequência da queda
no Éden, e dessa forma é impossível a este homem expressar alguma semelhança
com o Deus Vivo. É certo que não alcançaremos a perfeição aqui nesta terra,
embora haja uma corrente doutrinária que defenda que isso seja possível e ainda
defende que o homem pare de pecar ainda aqui neste mundo tenebroso. A perfeição
tal qual Adão em seu estado primário só será possível quando na segunda vinda
de Cristo, os salvos na pessoa Dele receberem um corpo glorificado, antes disso
é impossível e quem defende tal ensino está em total desacordo com as Santas
Letras.
O que ocorre hoje é algo que o apóstolo Paulo deixou
esclarecido em sua epístola aos romanos: “Porquanto trocaram a verdade de Deus
pela mentira, e adoraram objetos e seres criados, em lugar do Criador, que é
bendito para sempre. Amém!” (Rm 1.25). Com a propagação de ensinos deturpados
das Escrituras o homem que caiu de seu estado de graça passou a ser o objeto da
adoração de homens que como esses “objetos de adoração” também são desprovidos
da glória de Deus, ou seja, o que ocorre é uma terrível inversão de valores. O
homem, que foi formado à imagem e conforme a semelhança do Deus vivo, sob os
efeitos da queda passa a adorar e a exaltar homens caídos semelhantes a eles ou
que talvez estejam em um estado ainda mais lastimável que o seu.
Os homens de hoje se vangloriam, a semelhança dos fariseus à época de Cristo,
das suas obras, dos seus méritos, chegam ao cúmulo de se valerem de uma extrema
arrogância, e ainda dizem batendo em seus peitos envaidecidos que são a imagem
e semelhança do Deus vivo. Não é possível ver em tais homens os atributos que
as Santas Letras asseveram acerca do Deus Todo Poderoso.
O que a história da cristandade revela é que os que mais
expressavam e procuraram viver em semelhança a Deus, a saber, os
pré-reformadores, os reformadores, os puritanos, os morávios e outros
verdadeiros expoentes da fé cristã, ao contrário dos “exemplos” atuais, se
consideravam os mais miseráveis dos pecadores tal como o apóstolo Paulo um dia
se identificou.
Cristo, no Sermão do Monte, asseverou: “Portanto, sejam
perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês” (Mt 5.48), essa é a
ordenança que todo cristão deve seguir sem restrição se procura mesmo viver de
uma forma que reflita a imagem e a semelhança do Deus Criador, mas só há um
jeito dessa ordenança ser cumprida, e apenas os que verdadeiramente nasceram de
novo podem cumpri-la, e ainda assim só conseguem cumpri-la pela a ação poderosa
e sobrenatural do Espírito Santo de Deus em cada pecador salvo pela irresistível
graça de Deus.
Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude, e que em sua
soberana graça pelo agir do seu Santo Espírito sejamos transformados dia a dia
à imagem e conforme a semelhança Dele. Amém!!!
Soli Deo Gloria!!!
Joel da Silva Pereira