Jesus
Cristo disse: “amai o teu próximo como a ti mesmo!” Não foi um pedido! Não foi
apenas um incentivo! Foi uma ordenança! Foi um mandamento! Porém ao olharmos
para a igreja hodierna surge a pergunta: “onde está o amor?” ou o caso é ainda
pior, pois estamos muitas vezes como os que estavam em volta de Cristo enquanto
esse contava a parábola do bom samaritano e perguntaram: “quem é o meu
próximo?” A igreja está perdendo, ou talvez já tenha perdido a real noção de
várias coisas concernentes ao evangelho da graça de Cristo.
O
que vemos é uma igreja soberba, arrogante e cheia de si! Templos abarrotados de
pessoas vazias e autocentradas e cheias de si e totalmente vazias de Deus. O evangelho da graça vem sendo deixado de
lado e substituído por uma intelectualidade fria e obtusa que em nada se
assemelha ao evangelho. Assistimos pregações secas e sem vida onde o que é
evidenciado é capacidade intelectual do pregador e não a graça de Deus.
O
Soli Deo Gloria da reforma protestante não é mais o que move os pregadores.
Tais pregadores estão em busca de reconhecimento, dos louros da fama. Homens
que afiam seus intelectos dias a fio, mas que estão longe do trono da graça.
Para tais não basta o título de servo, eles precisam de mais.
Raros
são os que hoje a exemplo do grande Mestre pegam uma bacia, uma toalha e busca
lavar os pés dos seus discípulos. Onde está a humildade que caracterizava a
vida e os ensinos de Cristo? Resposta: “está em qualquer lugar menos nesses
‘servos’?”
Não
estou menosprezando o intelecto, pois se somos inteligentes é dom de Deus, e se
é dom de Deus, tem que ser usado para a glória Dele, porém o que assistimos é
um show de soberba e arrogância em nome da vanglória e em nome do ego humano.
Como disse não estou menosprezando o intelecto, pois o maior pregador do mundo,
depois de Cristo, era um dos mais inteligentes da Bíblia, a saber, o apóstolo
Paulo, mas por entender que a glória pertencia e pertence somente a Deus, Paulo
procurava em tudo glorificar a Deus (I Co 10.31).
O
evangelho da graça de Cristo está sendo trocado por palavras e citações de
homens. Quando é que a igreja vai entender que Calvino não salva ninguém?
Quando é que a igreja vai entender que Armínio não salva ninguém? Vivemos como
nos tempos da igreja de Corinto: “eu sou de Paulo, eu sou de Apolo”, a exemplo
de Paulo e Apolo, e é lógico guardada as devidas reservas, Calvino e Armínio
eram apenas servos. Mas, hoje não basta ser servo, tem que aparecer!
Observemos
as palavras de Paulo: “Eu mesmo,
irmãos, quando estive entre vocês, não fui com discurso eloquente nem com muita
sabedoria para lhes proclamar o mistério de Deus. Pois decidi nada saber entre
vocês, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. E foi com fraqueza, temor e
com muito tremor que estive entre vocês. Minha mensagem e minha pregação não
consistiram de palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de
demonstração do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm não se baseasse
na sabedoria humana, mas no poder de Deus.” (I Co 2.1-5).
O
maior pregador do evangelho, um dos intelectos mais brilhante de todos os
tempos pregava tão somente a Cristo. Ele não usava de discursos eloquentes e de
palavras de persuasão como muitos pregadores fazem hoje. Ele pregava Cristo. Se
o maior pregador de todos os tempos pregava somente a Cristo, por que hoje
queremos pregar mais sobre Calvino e Armínio? Resposta: “não é a bandeira do
evangelho que queremos ver tremulando no coração do pecador, mas sim a bandeira
das nossas convicções teológicas que defendemos mais do que a cruz de Cristo.”
A
igreja se perdeu em si mesma e está perdendo a direção que conduz aos pés da
cruz, e se a igreja perdeu essa direção, não poderá guiar os pecadores aos pés
da cruz. Por mais que se pregue a verdade por meio do intelecto, nunca o
coração pecador será tocado pelo Espírito Santo se a pregação não estiver
regada pela graça e impregnada de amor pelo Senhor da palavra, pela palavra e
pelas almas perdidas.
Há
lugar para o intelecto na pregação? Claro que há! Desde que esse seja
totalmente submisso à boa, agradável e perfeita vontade de Deus. John Piper
diz: “em suas pregações faça com que as pessoas olhem para a Bíblia, não para
você!” Todavia, as palavras de Piper não encontram muito lugar na vida de
muitos pregadores, pois estes têm a necessidade de serem vistos e apreciados
pelos seus intelectos e suas oratórias ricas e rebuscadas. Se olharmos para a
Inglaterra mais ou menos por volta do século XVII (1628-1688) encontraremos um
homem sem muita instrução e/ou capacidade intelectual que foi usado
tremendamente por Deus e que como marca de seu ministério, que era totalmente
voltado para a glória de Deus, o livro mais lido pelos cristãos depois da
Bíblia, a saber, O Peregrino, e esse homem sem muita instrução era John Bunyan.
Novamente reitero que não estou menosprezando o intelecto, pois dentre os meus
teólogos favoritos, a pessoa de Jonathan Edwards é presença certa. Porém, não é
o intelecto que deve aparecer numa pregação, mas sim a graça de Cristo regada
pelo amor e pelo sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!
Que
Deus nos ajude e tenha misericórdia de nós!!!
Soli
Deo Gloria!!!
Joel
da Silva Pereira