quinta-feira, janeiro 24, 2019

Púlpitos Sem Vida!!


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Jesus Cristo disse: “amai o teu próximo como a ti mesmo!” Não foi um pedido! Não foi apenas um incentivo! Foi uma ordenança! Foi um mandamento! Porém ao olharmos para a igreja hodierna surge a pergunta: “onde está o amor?” ou o caso é ainda pior, pois estamos muitas vezes como os que estavam em volta de Cristo enquanto esse contava a parábola do bom samaritano e perguntaram: “quem é o meu próximo?” A igreja está perdendo, ou talvez já tenha perdido a real noção de várias coisas concernentes ao evangelho da graça de Cristo.
O que vemos é uma igreja soberba, arrogante e cheia de si! Templos abarrotados de pessoas vazias e autocentradas e cheias de si e totalmente vazias de Deus.  O evangelho da graça vem sendo deixado de lado e substituído por uma intelectualidade fria e obtusa que em nada se assemelha ao evangelho. Assistimos pregações secas e sem vida onde o que é evidenciado é capacidade intelectual do pregador e não a graça de Deus.
O Soli Deo Gloria da reforma protestante não é mais o que move os pregadores. Tais pregadores estão em busca de reconhecimento, dos louros da fama. Homens que afiam seus intelectos dias a fio, mas que estão longe do trono da graça. Para tais não basta o título de servo, eles precisam de mais.
Raros são os que hoje a exemplo do grande Mestre pegam uma bacia, uma toalha e busca lavar os pés dos seus discípulos. Onde está a humildade que caracterizava a vida e os ensinos de Cristo? Resposta: “está em qualquer lugar menos nesses ‘servos’?”
Não estou menosprezando o intelecto, pois se somos inteligentes é dom de Deus, e se é dom de Deus, tem que ser usado para a glória Dele, porém o que assistimos é um show de soberba e arrogância em nome da vanglória e em nome do ego humano. Como disse não estou menosprezando o intelecto, pois o maior pregador do mundo, depois de Cristo, era um dos mais inteligentes da Bíblia, a saber, o apóstolo Paulo, mas por entender que a glória pertencia e pertence somente a Deus, Paulo procurava em tudo glorificar a Deus (I Co 10.31).
O evangelho da graça de Cristo está sendo trocado por palavras e citações de homens. Quando é que a igreja vai entender que Calvino não salva ninguém? Quando é que a igreja vai entender que Armínio não salva ninguém? Vivemos como nos tempos da igreja de Corinto: “eu sou de Paulo, eu sou de Apolo”, a exemplo de Paulo e Apolo, e é lógico guardada as devidas reservas, Calvino e Armínio eram apenas servos. Mas, hoje não basta ser servo, tem que aparecer!
Observemos as palavras de Paulo: “Eu mesmo, irmãos, quando estive entre vocês, não fui com discurso eloquente nem com muita sabedoria para lhes proclamar o mistério de Deus. Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. E foi com fraqueza, temor e com muito tremor que estive entre vocês. Minha mensagem e minha pregação não consistiram de palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de demonstração do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm não se baseasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus.” (I Co 2.1-5).
O maior pregador do evangelho, um dos intelectos mais brilhante de todos os tempos pregava tão somente a Cristo. Ele não usava de discursos eloquentes e de palavras de persuasão como muitos pregadores fazem hoje. Ele pregava Cristo. Se o maior pregador de todos os tempos pregava somente a Cristo, por que hoje queremos pregar mais sobre Calvino e Armínio? Resposta: “não é a bandeira do evangelho que queremos ver tremulando no coração do pecador, mas sim a bandeira das nossas convicções teológicas que defendemos mais do que a cruz de Cristo.”
A igreja se perdeu em si mesma e está perdendo a direção que conduz aos pés da cruz, e se a igreja perdeu essa direção, não poderá guiar os pecadores aos pés da cruz. Por mais que se pregue a verdade por meio do intelecto, nunca o coração pecador será tocado pelo Espírito Santo se a pregação não estiver regada pela graça e impregnada de amor pelo Senhor da palavra, pela palavra e pelas almas perdidas.
Há lugar para o intelecto na pregação? Claro que há! Desde que esse seja totalmente submisso à boa, agradável e perfeita vontade de Deus. John Piper diz: “em suas pregações faça com que as pessoas olhem para a Bíblia, não para você!” Todavia, as palavras de Piper não encontram muito lugar na vida de muitos pregadores, pois estes têm a necessidade de serem vistos e apreciados pelos seus intelectos e suas oratórias ricas e rebuscadas. Se olharmos para a Inglaterra mais ou menos por volta do século XVII (1628-1688) encontraremos um homem sem muita instrução e/ou capacidade intelectual que foi usado tremendamente por Deus e que como marca de seu ministério, que era totalmente voltado para a glória de Deus, o livro mais lido pelos cristãos depois da Bíblia, a saber, O Peregrino, e esse homem sem muita instrução era John Bunyan. Novamente reitero que não estou menosprezando o intelecto, pois dentre os meus teólogos favoritos, a pessoa de Jonathan Edwards é presença certa. Porém, não é o intelecto que deve aparecer numa pregação, mas sim a graça de Cristo regada pelo amor e pelo sangue do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!

Que Deus nos ajude e tenha misericórdia de nós!!!

Soli Deo Gloria!!!

Joel da Silva Pereira