sexta-feira, junho 22, 2012

Adoramos?


“Tira o pé do chão!”, “Faça barulho em nome de Jesus!”, “Toque no altar de Deus!”, “Receba!” Isso e outras bizarrices são berradas dos púlpitos das igrejas hoje, em meio a louvores sem conteúdo e sem reverência, a isso os cristãos chamam de: “Adoração”. Meu Deus quanto absurdo!
Nas palavras de William Temple: “adoração é a submissão de toda nossa natureza a Deus. É a vivificação da consciência mediante sua santidade, o nutrir da mente de Cristo com sua verdade, a purificação da imaginação por sua beleza, o abrir do coração ao seu amor e a entrega da vontade ao seu propósito”.
A verdadeira adoração tem por base a Bíblia e não jargões de um “evangeliquês” de meia pataca. A verdadeira adoração segue o Soli Deo Gloria defendido e pregado pelos reformadores. A verdadeira adoração não é coisa de um momento durante o qual algumas canções são entoadas, e, diga-se de passagem, canções medíocres e sem conteúdo bíblico saudável. Canções que exaltam o homem a um patamar que única e exclusivamente de Deus.
O pastor Renato Vargens, em seu livro Muito Mais que Louvor (que indico), diz: “Adorar a Deus é dar ao Senhor a glória que lhe é devida como resposta ao que Ele nos revelou e fez em Seu Filho Jesus Cristo”. Isto, posto, como podem os tais “adoradores” chamarem o espetáculo que encenam nos púlpitos de adoração ao Deus vivo?
Proferir jargões de um “evangeliquês” paupérrimo sem nexos, gritar pra incitar os irmãos na igreja, cantar músicas que são antropocêntricas não é adorar a Deus em espírito e muito menos em verdade, como a Bíblia nos exorta a fazer (Jo 4.24).
Prosseguindo o pastor Renato Vargens diz: “adorar é demonstra com a vida e não somente com os lábios, que Cristo nos salvou e que pela sua graça, mediante o Espírito Santo, fomos regenerados, sendo transformados em novas criaturas”.
Muitos dizem que adoração é um estilo de vida. Eu discordo totalmente. Adorar não é um simples estilo de vida, mas sim a nossa vida. Paulo foi bem claro quanto a isso: “Assim quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (I Co 10.31).
Não poderia deixar de citar as canções entoadas hoje em nossos cultos, uma vez que adoramos a Deus através delas. Só que nessa área a igreja está deixando muito a desejar. As canções antigamente traziam em suas letras a expressão: “Tu és...” e enalteciam a Deus e o tinham como centro, hoje a igreja ao que parece se perdeu no caminho em direção ao trono do Altíssimo, pois suas canções agora trazem a expressão: “Eu sou...” e enaltecem ao homem e o colocam como o centro da adoração. Será que esses compositores se esqueceram das palavras de Isaías: “Eu sou o Senhor; este é o meu nome! Não darei a outro a minha glória...” (Is 42.8)?  Hoje as canções glorificam ao homem e colocam Deus na posição do gênio da lâmpada mágica que tem que fazer todas as vontades das suas egoístas criaturas. As músicas de hoje não glorificam apenas massageiam o ego e satisfazem os crentes. Tudo isso que ocorre hoje foi escrito e cantado pelo Grupo Logos em 1996: “Quem ontem era servo, agora acha-se senhor e diz a Deus como Ele tem que ser” . Louvamos e adoramos a criatura e não ao Criador Eterno. Que vergonha! As canções mais parecem com aquelas que são usadas pelos educadores físicos nas academias, pois é um negócio de: “pra direita, pra esquerda” e o pior os ditos ministros de louvor ainda berram: “é a ginástica de Jeová” haja paciência para suportar tais aberrações. Isso não é e nem nunca foi adoração. Nas palavras de Herbert M. Carson: “adorar a Deus é compreender o propósito com o qual Ele nos criou”.
Outra coisa que incomoda muitos pastores hoje é a questão da dança na igreja. Não sou contra a coreografia como forma de adoração a Deus, é tanto que o salmista diz no salmo 150 que devemos louvá-Lo com adufes e com danças. Contudo, concordo com a opinião do pastor Renato Vargens: “o momento de adoração com música deveria ser única e exclusivamente para adorar a Deus e não para a apresentação de grupos artísticos”. O que eu contesto é que devido a letras tortas e sem conteúdo bíblico incitam a coreografias onde beijos são encenados em pleno altar. “Beijar Deus”, “Abraça-Lo com todo nosso amor”, isso é encenado de forma escancarada nas igrejas, sei que nem todos os grupos de coreografias se renderam a essas músicas, mas pelo erro de um todos os demais pagam e assim ficam mal vistos num cenário que já não é tão aberto a essa forma de adoração. Ao pesquisar para redigir esse artigo me deparei com algo sobre o qual discorrerei em outra ocasião, a saber, a Dança Profética.
Os compositores modernos pelo visto perderam o senso bíblico. Letras vazias que dizem coisas absurdas como que “vão tirar o fôlego de Deus”, que vão “beijá-Lo”, “acariciá-Lo”. Não encontramos isso em nenhum relato de exemplo bíblico de adoração a Deus. Tudo isso ocorre porque o povo vive mergulhado em uma ignorância bíblica sem tamanho e quando surge alguém ou algum “ministério” trazendo algo empolgante e “novo” pronto caem no engodo.
Engana-se quem pensa que é apenas importante o que se fala ou canta, não é necessário e imperativo atentarmos para vida dessas pessoas por trás de suas canções e ministérios, pois como daremos crédito a alguém que leva o povo a crer no que dizem ou cantam se elas mesmas não se importam em viver de acordo com o que professam através de suas canções? Duvido piamente eu o Grupo Logos, tão conhecido em nosso meio, teria a aceitação e respeito que tem hoje se não vivesse aquilo que expressam e professam através de suas canções. Duvido que Jesus fosse aceito se suas palavras e ensinos fossem palavras ao vento. Mas vocês podem dizer: “eu só escuto as músicas e não me importo com a vida, pois cada um vai dar conta si”, mas será que a vida daquele que serve a Deus não deve estar de acordo com o que professa? Será que Paulo teria tido êxito em sua vida ministerial se as pessoas não vissem em sua vida uma imagem exata daquilo tudo que ele ensinava e pregava?
Temos que nos lembrar de que ao adorarmos a Deus estamos glorificando o Eterno por meio de uma vida sincera, honesta, santa e abnegada. Assim o que pregamos, cantamos e ensinamos devem estar de acordo com a nossa forma de viver. Os puritanos ingleses eram exemplos nesse aspecto, pois eles tinham toda a vida como uma forma de adoração plena a Deus. Temos muito ainda que aprender com esses gigantes da fé, mas antes e acima de tudo temos que aprender com o Mestre através de sua rica e bendita Palavra! Não nos entreguemos à mediocridade na adoração ao nosso Deus uma vez que fomos criados para o louvor de sua glória.

Que Deus nos ajude e tenha misericórdia de nós!!!

Soli Deo Gloria!!!

Joel da Silva Pereira

P.S. A exemplo do Grupo Logos, outros ainda hoje cantam músicas com conteúdo bíblico saudável e nos levam a uma adoração bíblica e cristocêntrica, a saber, Sérgio Lopes, Gladir Cabral, Nelson Bomilcar, Jorge Camargo, Tiago Vianna, Stênio Marcius, Fabrício Matheus, Guilherme Kerr, João Alexandre, Vencedores Por Cristo, e outros que só porque não estão na mídia e que não cantam as canções da moda ou da estação, não são conhecidos, mas eu afirmo que são esses que cantam a verdadeira música cristã que enaltece e exalta o Cordeiro de Deus.





segunda-feira, junho 18, 2012

Santidade ao Senhor!!!


A busca por uma vida de acordo com o padrão bíblico de santidade, ao que parece, é uma luta atemporal. Uma luta eterna que só se findará no dia da gloriosa vinda do Senhor.
Os tempos podem ter mudado; a igreja e as pessoas também, contudo a exigência divina acerca da conduta da vida dos cristãos ainda é a mesma que foi feita aos israelitas na ocasião da peregrinação rumo à terra prometida: “Consagrem-se e sejam santos, porque eu sou santo” (Lv 20.7). Jesus, no sermão do monte, elevou essa exigência ao declarar: “Sejam perfeitos como perfeito é o Pai celeste de vocês” (Mt 5.48). Seria um erro descabido por parte dos cristãos pensar que esse padrão tenha mudado na contemporaneidade. Para mostrar a relevância desse padrão bíblico de santidade o teólogo inglês John Stott (1986) disse o seguinte: “O chamado que Cristo nos faz é novo, não apenas porque é uma ordem para sermos ‘perfeitos’, mais do que ‘santos’, mas também por causa da descrição que faz do Deus que devemos imitar” (STOTT, 1986, p. 123).
Ao que parece maior dificuldade que impede o homem de alcançar tal meta, a saber, uma vida de santidade, não é o mundo que jaz em pecado, mas o pecado residente no próprio homem, e dessa forma ele encontra toda sorte de obstáculos em sua busca por uma vida santa.
A igreja independente da época em que vive é chamada a viver uma vida de diligente santidade. No tocante a isto o teólogo reformado holandês Joel Beeke (2005) diz: “o crente que não cultiva diligentemente a santidade não terá a verdadeira certeza de sua própria salvação, nem obedecerá a exortação de Pedro no sentido de buscar essa certeza (II Pe 1.10)” (BEEKE, 2005, pp. 81-82).
Contudo, as próprias Escrituras exorta a igreja que virão dias terríveis; dias em que os homens não suportarão a sã doutrina, e o homens teriam aparência piedosa (II Tm 3.1,5; 4.3), ao que parece esses difíceis e terríveis dias chegaram e a necessidade por uma vida de santidade mais autêntica chegou com eles, e a igreja outra vez é confrontada com a exigência de uma vida santa em meio ao caos doutrinário e moral que Paulo exortou séculos antes. Sobre a necessidade de uma vida de santidade autêntica e visível hoje Lopes (2008) diz:
“A santidade é visível aos olhos humanos. Não acontece apenas no âmbito das relações invisíveis entre os crentes e Deus. Se por um lado já fomos santificados e glorificados em Cristo nas regiões celestiais – coisa que não podemos sentir nem ver -, somos exortados a nos santificar diariamente pela mortificação da natureza pecaminosa pelo revestimento das virtudes cristãs” (LOPES, 2008, pp. 123-124).
O mundo em pecado tem que ver na igreja um reflexo da santidade de Deus. A igreja tem que ter a consciência de que a mentira, o suborno, a soberba, a profanação do santo nome de Deus, o egoísmo, a injustiça social, e orgulho ainda são pecados. Tal consciência só é possível por uma vida autêntica de santidade de acordo com os ensinos bíblicos. Em dias como os de hoje ao que se vê um paradigma tão importante para vida cristã, a saber, um viver de acordo com o padrão bíblico de santidade, precisa ser resgatado.
 Beeke (2005) falando acerca da necessidade da igreja viver em santidade diz o seguinte: “responder a chamada à santidade é uma tarefa diária. É uma chamada absoluta e radical, que envolve a essência da fé e prática religiosa” (BEEKE, 2005, p. 85). Dessa maneira, Beeke encara a vida de santidade como uma vida radical onde o cristão tem que se entregar devotadamente em uma prática diária.
A igreja contemporânea necessita entender que a para se viver de um modo santo, precisa ter uma genuína vida onde a prática devocional se faça presente. Acerca disso Lopes (2008, p. 125) discorre: “eu ainda acredito, depois de todos esses anos de crente, pastor e professor de interpretação bíblica que a leitura diária, junto com a meditação e oração a Deus, são meios indispensáveis para nos santificarmos (Sl 1)”. Se não houver vida devocional na igreja, não há um testemunho eficaz por parte da igreja, pois como refletir uma coisa que não se vive? Sobre esse mesmo ponto de vista Beeke (2005, p. 91) diz o seguinte: “As Escrituras são o caminho primário à santidade e o crescimento espiritual – levando em conta que o Espírito, como Mestre, abençoará a leitura e o estudo da Palavra de Deus”. Pela óptica dos dois teólogos a igreja deve se esforçar em um exercício devocional constante, através do qual se fortalecerá para viver de acordo com o padrão bíblico de santidade.
Ainda enfocando santidade bíblica Lopes (2008) conclui: “A santificação precisa de referenciais morais objetivos e fixos. Sem eles, a santificação descamba para o misticismo, o pragmatismo, o paganismo. O referencial seguro do caminho da santidade é a Palavra de Deus, nossa única regra de fé e prática. Ela é a lâmpada para os meus pés e luz para os meus caminhos (Sl 119.105)” (LOPES, 2008, p. 126).
O chamado de Deus para a sua igreja é um chamado à santidade. Contudo, ao longo dos tempos vê-se que ela sempre enfrentou dificuldades para viver de modo digno desse chamado. Deus escolheu um povo para que seja santo. O alvo da escolha soberana de Deus é que a sua igreja seja santa e irrepreensível perante Ele (Ef 1.4). Independente da época a igreja deve sempre buscar viver em santidade.

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Gloria!!!

Joel da Silva Pereira

P.S.: Esse texto faz parte da minha monografia de conclusão do curso de Teologia!!!


segunda-feira, junho 04, 2012

"Examinais as Escrituras!"


Nos últimos meses eu estive envolvido na produção da minha tese de conclusão do curso de teologia. O tema escolhido foi o padrão bíblico de santidade, apesar de ser um excelente tema, não é sobre santidade que quero tratar nesse artigo, mas sim sobre a necessidade do estudo na vida cristã.
Os cristãos pensam que basta apenas ler e estudar a Palavra de Deus durante os cultos e escolas dominicais. Ledo engano! Negligenciar o estudo sistemático das Escrituras é negligenciar está em diálogo com Deus.
O que será que os cristãos entendem quando leem no Salmo 1 que o prazer do homem bem-aventurado está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite? Diante disso, não tem como isentar o cristão da responsabilidade de um estudo sistemático da Palavra de Deus.
Analisando um pouco a vasta e conturbada história da igreja, encontrei duas características preponderantes nos homens e mulheres que foram usados por Deus, a saber, uma vida de oração intensa e um esmerado estudo das Escrituras.
Não foi a toa que Paulo exortou ao seu amado filho Timóteo: “procura-te apresentar a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (II Tm 2.15). Timóteo não poderia ser um exemplo se não se portasse como um obreiro aprovado que manejava bem a Palavra da Verdade, e como atender a tais requesitos sem uma vida regrada de estudo da Palavra e de intensa oração?
Os reformadores se encaixam como exemplos da prática do estudo sistemático e não apenas das Escrituras, mas também da boa literatura cristã. Lutero e Calvino se enquadram nessa definição de estudiosos. Lutero foi um grande catedrático e Calvino o mestre de Genebra por assim dizer. O grande John Knox foi um dos tantos que estudaram sob a tutela de Calvino em Genebra.
Um dos maiores exemplos de cristão estudioso é o do pregador congregacional Jonathan Edwards, um intelectual brilhante que foi escolhido por Deus para o sagrado ministério e que no desempenho de seu ministério dedicava treze horas do seu dia para estudar e meditar nas Sagradas Escrituras. O estudo não só na vida do ministro, mas também na vida de qualquer cristão é algo imprescindível e de vital importância. Contudo, como já frisei em vários artigos anteriores, os cristãos estão envoltos em um analfabetismo bíblico tenebroso. A Bíblia está se transformando em um mero objeto de decoração. Se os cristãos não querem ler nem a Bíblia como eles lerão alguma literatura cristã?
Os cristãos cada vez mais negligenciam a vida de oração e de estudo devocional das Escrituras. O próprio Cristo nos exorta: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nela a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (Jo 5.39). O cristão é chamado para ser um imitador de Jesus e o único livro que fala com exatidão acerca Dele é a Bíblia. É claro que muita literatura foi produzida acerca da pessoa de Cristo, todavia a mais exata ainda é a Sua própria Palavra.
Nas palavras do reverendo Hernandes Dias Lopes: “Algumas igrejas estão descambando para o liberalismo teológico, negando os postulados essenciais da fé. Outras estão se desviando para o misticismo sincrético, importando novidades estranhas à Palavra de Deus, abraçando outro evangelho, e não o evangelho da graça.” Tudo isso é com a permissão do “corpo de Cristo” que se tornou apático e ainda mais sem vida, pois não examina mais as Escrituras que testificam sobre Cristo. Uma vez mais ressoam em nossos corações a assertiva do profeta Oséias: “o meu povo está sendo destruído porque lhe falta conhecimento”.

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Gloria!!!

Joel da Silva Pereira




sábado, maio 12, 2012

E a Pregação?


No inicio dos anos de 1970 o Doutor Martyn Lloyd-Jones fez a seguinte pergunta: “Qual é a principal finalidade da pregação?” essa pergunta é muito relevante hoje, pois em dias que a verdadeira pregação do evangelho da graça de Cristo vem sendo fragmentada e deturpada, temos que respondê-la com amor e fervor. Contudo, o próprio Doutor nos fornece a resposta à sua pergunta. Responde Lloyd-Jones: “A finalidade da pregação, gosto de pensar que é esta: dar aos homens e mulheres o senso de Deus e de sua presença”.
A presença de Deus é algo que hoje não é mais necessário nas pregações. É necessário apenas mostrar as bênçãos, vitórias e triunfos que Deus pode conceder, e nada mais. Mas, a pregação não é apenas tolhida nesse aspecto onde Deus não é o centro. As igrejas hoje estão cada vez mais restringindo o tempo destinado a exposição das Sagradas Escrituras.
As igrejas convidam inúmeros grupos de louvor que cantam uma enorme quantidade de músicas, e o pior, músicas sem conteúdo bíblico que apenas massageiam o ego humano e o infla ainda mais. Também encontramos as inúmeras oportunidades concedidas a alguma pessoas, e maioria delas não tem intimidade com o púlpito e muito menos com a Palavra de Deus, mas por ocuparem algum cargo (e eu nem sei como e nem porque os ocupam) são convidados a estarem trazendo uma “saudação”, e quanto mais músicas e saudações menos tempo para a exposição da Palavra de Deus.
As igrejas infelizmente não enxergam mais como prioridade apresentar o evangelho da graça de Cristo em sua totalidade. Apenas apresentam textos fora de contextos e maquiam e deturpam as Sagradas Letras.  Mas a culpa disso recai acima de tudo por uma liderança omissa que ao que parece perdeu o seu senso de compromisso para com Deus e com sua rica e bendita Palavra. Martyn Lloyd-Jones prossegue em sua defesa da pregação cristocêntrica e diz: “pregar é a atividade mais admirável e emocionante na qual um homem pode se envolver, por causa do que ela nos proporcionar no presente e das gloriosas e infindas possibilidades no futuro eterno”, essa afirmação deveria gerar nos pregadores atuais um senso de compromisso que o façam voltar a uma exposição clara e fiel das Escrituras. Mas, o profeta Oséias estava mais do que certo ao asseverar que o povo de Deus está sendo destruído porque lhe falta conhecimento (Os 4.6). Vivemos um sério e terrível quadro de analfabetismo bíblico, daí a incoerência nos cultos das igrejas hoje. Intermináveis períodos de louvor, não que eu seja contra o louvor, longe disso, mas que deveríamos dispensar mais tempo para a ministração da Palavra de Deus.
Em seu livro O Legado da Alegria Soberana (que indico) John Piper ao discorrer sobre a vida de três dos maiores teólogos da história da cristandade, a saber, Santo Agostinho, Martinho Lutero e João Calvino, enfatiza a importância que as Sagradas Escrituras tinha na vida de cada um deles.  Ao mergulharem no estudo esmerado da Bíblia e na proclamação das suas verdades, esses três devolveram a Bíblia e sua exposição ao seu lugar de direito. Eles regataram a centralidade da pregação nos cultos e também à importância do estudo sistemático da Bíblia para o aperfeiçoamento pessoal e acima de tudo para a boa exposição de maneira fiel e coerente das Santas Letras. Um legado rico e genuinamente saudável, mas que por causa de uma geração negligente que se recusa a estudar a Palavra de Deus e pregá-la com exatidão, amor e devoção, é desprezado e a cada dia esquecido.
Não existe mais uma preocupação com o conteúdo da pregação, com o preparo do pregador, pior, quase não se dá mais importância à pregação num culto, pois seu espaço é cada vez mais limitado e quando alguém sobe ao púlpito, nota-se o despreparo e a falta de intimidade com a palavra.
Os pregadores modernos se esqueceram de que o evangelho é o poder de Deus (Rm 1.16) e o tratam como uma mercadoria que pode ser comercializada de acordo com a preferência do cliente. Tais pregadores estão distantes das palavras do Dr. Martyn Lloyd-Jones: “a obra da pregação é a mais elevada, a maior e mais gloriosa vocação para a qual alguém pode ser chamado”.
Quase não existe mais apreço pela gloriosa obra da pregação das verdades do evangelho da graça de Cristo, e creio que não há mais amor por tal tarefa, pois ela está cada vez mais banalizada. O legado dos grandes pregadores, a exemplo de Spurgeon, Jonathan Edwards, George Whitefield, John Wesley, D. L. Moody, Martyn Lloyd-Jones, John Stott e muitos que pregaram com amor e devoção a Palavra de Deus, está sendo deturpado e banalizado.
Pregações e Pregadores precisam ser revitalizados. A pregação precisa voltar a ter a primazia nos cultos. Os pregadores precisam parar de brincar de serem pregadores e passarem a sê-los verdadeiramente. E ainda falando sobre os pregadores deixo o exemplo de John Bunyan nas palavras do grande Spurgeon, disse ele: “Corte-o em qualquer lugar e você descobrirá que o seu sangue é cheio de Bíblia. A própria essência da Bíblia fluía dele. Ele não pode falar sem citar um texto, pois sua alma está repleta da Palavra de Deus”. Será que essa verdade sobre John Bunyan pode ser aplicada aos pregadores modernos?

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Gloria!!!

Joel da Silva Pereira


domingo, maio 06, 2012

Vida Cristã!!


O que pensamos ser a vida cristã? Uma pergunta que ao que parece tornou-se irrelevante sabermos a resposta correta. Satisfazemos-nos com um arremedo de resposta mesmo que esta esteja em desacordo com o padrão bíblico de vida cristã. Achamos que a vida cristã é um eterno jogo, onde o que fizemos de errado hoje pode ser esquecido amanhã. E vivemos a vida cristã como se ela fosse um ciclo ilusório de tentativas e erros.
A vida cristã não é nem de longe um jogo. Quando Deus nos chama de nossos túmulos, pois estávamos mortos em delitos e pecados (Ef 2.1), nos convida a vivermos com Ele, para Ele e por meio Dele (Rm 11.36), então a vida cristã tem um Senhor, e esse Senhor exige nada menos que a perfeição dos seus seguidores. Mesmo que lhes seja impossível alcançar tal perfeição nesta vida, é dever de cada cristão buscar a perfeição em seu viver, até o dia da gloriosa volta do Senhor Jesus.
No Antigo Testamento o povo eleito de Deus, tinha a Lei para guiá-lo, contudo o homem é incapaz de cumprir categoricamente todas as exigências da Lei, por isso, a oferta de sacrifícios pelo pecado, se fez necessário para a correção do povo. No Novo Testamento, não temos mais a Lei para ditar como devemos viver a vida cristã, pois, o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1.14). Deus se fez carne na pessoa de seu Filho Jesus e veio ao mundo ensinar a essência da verdadeira vida cristã, a saber, amar e obedecer a Deus inquestionavelmente. Jesus não veio abolir a Lei, ao contrário Ele a cumpriu plenamente sem vacilar em nenhum de seus aspectos, tornado-se assim o modelo a ser seguido por nós. Agora não é mais a Lei que nos guia em nossa vivência cristã, mas, sim o próprio Deus que se fez carne e habitou entre nós na pessoa de Jesus Cristo. Entretanto essa verdade é deturpada dia após dia, pois, uma vez que a Lei foi cumprida pensamos que por sermos salvos pela graça, logo nos julgamos aptos a cometer qualquer delito e Deus precisa nos perdoar incontestavelmente; podemos errar, mas, pagar as consequências deste erro é quase inaceitável. Estamos sob um jugo mais leve, mas ao contrário do que pensamos o nosso Deus, mesmo cumprido todas as exigências da Lei na pessoa de Jesus, traz para o nosso padrão de conduta agora é o próprio Jesus, ou seja, nossa vida deve imitar em todos os aspectos o padrão ensinado e acima de tudo vivido pelo próprio Deus.
Os reformadores e puritanos viviam sob os CINCO SOLAS: SOLA SCRIPTURA (Só a Escritura), SOLA FIDE (Só a Fé), SOLA GRATIA (Só a Graça), SOLUS CHISTUS (Só Cristo) e SOLI DEO GLORIA (Glória só a Deus). Esses princípios totalmente baseados na Bíblia foram resgatados pelos reformadores no século XVI de forma que as incoerências e heresias da igreja da época, que estavam desviando o foco da vida cristã dos padrões bíblicos para os desmandos papais fossem combatidos e as verdades da vida cristã fossem estabelecidas. Assim eles entenderam que o modelo de vida cristã ordenado por Deus aos cristãos é o mesmo que Deus ordenou a Israel no deserto: “Sereis santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”. Se isso precisou ser redescoberto no século XVI, muito mais hoje!
Queremos viver a vida cristã como se ela fosse um jogo. Mas, ao falar de Deus não podemos tratá-lo como um treinador, que nos quer vivendo para ganhar, sempre. Se assim for, devemos fazer o que o nosso treinador diz não para ganhar, mas porque Ele sabe o que é melhor, para nos fazer chegar ao fim certo.
Muitos procuram a vida cristã, por modismo, por buscar uma vida longe de problemas, sem doenças, sem dificuldades, sem padecer necessidades; se assim o próprio Jesus não teria chorado, não seria carpinteiro, não teria sido necessário a sua morte...
A vida cristã precisa ser vista de maneira tão sublime que nenhuma dificuldade pode nos fazer escolher outra vida, nada de mal que venhamos a passar pode nos fazer escolher, não ser cristãos, pois, é certo que existirão dificuldades, porém, o Nosso Deus nos fará contemplar maravilhas, seja num deserto ou num oásis, numa tempestade ou na calmaria do mar, tudo Ele usa, para nos mostrar o quanto precisamos cada dia mais depender Dele, porque Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas, por isso somos cristãos, por que Ele nos escolheu.
A vida cristã não é uma escolha humana, mas sim algo que Deus instituiu ao nos escolher para sermos raça eleita, nação santa e povo de propriedade exclusiva Dele ( I Pe 2.9) . Ao sermos escolhidos não temos opção ou buscamos viver uma vida cristã digna do chamado da nossa vocação ou viveremos uma eterna ilusão onde em seu final ouviremos: “Nunca vos conheci; Apartai-vos de mim; os que praticais iniquidade”. (Mt 7.23), mas é claro que Deus não nos chama para vivermos uma vida de ilusão, mas sim para sermos santos e irrepreensíveis perante ele, para louvor da glória da sal graça que ao nos escolher nos concedeu no gratuitamente no Amado, a saber, Jesus Cristo (Ef 1.4,6).

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Gloria!!!

Betânia Borges Cunha
Joel da Silva Pereira

sábado, abril 28, 2012

Morte,Frutos e Vida!!!


Para que uma semente vingue é necessário que ela sofra consideráveis mudanças. A mesma realidade pode ser aplicada à igreja. Para que a igreja frutifique e cresça é necessário um morrer diário, ela precisa viver o morrer de Cristo todos os dias, o tempo todo, mas, como isso é possível se somos uma geração que se recusa a morrer? Como podemos frutificar, se nossa geração não traz mais em seu viver as marcas profundas do morrer de Cristo?
Além de querer ser uma geração que frutifique; é preciso refletir: que tipo de frutos estamos produzindo?
É certo que mediante a tantos bombardeios que a igreja do Senhor recebe hoje, a possibilidade e a ocorrência de maus frutos, esta tem se tornando uma rotina, logo concluímos que se: “uma maçã podre apodrece o cesto” e o fruto podre tem também sementes, mas, estas acabam por não ter nenhum valor; novamente surge uma indagação: “para quê serve uma semente que gera maus frutos?”.
Ao falar sobre o sal da terra (Mt 5.13), Jesus diz que se o sal perder o seu sabor “para nada mais serve, a não ser para ser lançado fora e pisado pelos homens”.
Uma semente má ao ser lançada, por certo ela germinará, e esta gerará em consequência maus frutos. Não cabe a nenhum de nós julgarmos a capacidade de frutificação de cada um, não cabe a nós ignorarmos árvores que geram maus frutos, mas, cabe a nós não deixarmos que tais frutos não se proliferem no jardim de Deus a ponto de termos um pomar contaminado, afinal está escrito nas Santas Letras: “pelos frutos os conhecereis”. Mas, como podemos frutificar se não reconhecemos e nem vivemos mais o MORRER DE CRISTO?
O morrer de Cristo (II Co 4.10-12), algo que é tão lindo, magnífico e sublime, não é visto como algo aceitável por nossa geração, pois, muitos o veem como sinal de derrota e vergonha. Somos uma geração corrompida, que esqueceu que o morrer de Cristo é o motivo pelo qual hoje podemos celebrar a vida, e não é qualquer vida, é vida em abundância.
Contudo, o morrer de Cristo, longe de significar vida e vitória à sua Igreja, significa hoje, vergonha, tristeza e derrota. O sacrifício vicário do Cordeiro que nos resgatou do inferno é menosprezado e substituído pelos bezerros de ouro mo mundo moderno, a saber, a bênção, a vitória, o triunfo. Doutrinas de um evangelho maquiado que ensina que o TER é mais importante e vital do que o SER.
Os reformadores e puritanos (tantas vezes já citados aqui neste blog) entendiam que esse morrer era a vida deles. Eles se consumiam pelo morrer de Cristo, para eles nada era mais sublime e digno do que o sacrifício do Cordeiro de Deus. Eles sim entendiam que o morrer de Cristo era na verdade o viver daqueles que foram comprados pelo derramar do seu precioso sangue.
Como uma geração que tem vergonha do morrer de Cristo pode fazer a diferença em um mundo que jaz no maligno?
O convite à morte em Cristo Jesus é um convite à vida plena e abundante. Uma vida que nos faz gerar bons frutos, se assim não for, inútil será falar de algo que não vivemos. Mediante todo este pensamento, podemos recorrer às palavras do Pr. Paulo César do grupo Logos, e assim levantarmos mais um questionamento: “Pra que servimos nós?” Acreditamos que quando enfim respondermos essa questão a igreja não mais será digna de habitar a terra. Assim certos de que por mais que façamos algo em prol do Reino de Deus, não iremos passar de servos inúteis. Que nossas vidas evidenciem diariamente o morrer de Jesus e que reflitam aquilo que as Sagradas Escrituras ensinam e exortam: “Não fostes vós que me escolhestes a mim, pelo contrário, eu que vos escolhi a vós outros, e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça” (Jo 15.16). Só dessa forma, evidenciando o morrer de Cristo em nossas vidas e que produziremos frutos dignos de arrependimento e assim o santíssimo evangelho da graça de Cristo é glorificado.

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Gloria!!!

Betânia Borges Cunha
Joel da Silva Pereira






sábado, abril 21, 2012

Quem tem ouvidos ouça!!!


 
Falar em negligencia nas nossas igrejas, acaba por ferir o ego de uma geração mimada e conformada com um evangelho maquiado e deturpado que se prega hoje. Um evangelho que não se centra mais na MENSAGEM DA CRUZ; o foco hoje é o homem, que tudo pode em si mesmo! O que mais nos chama a atenção é que a Bíblia nos exorta claramente a não nos conformarmos com este mundo (Rm 12.2). Somos alertados incessantemente pelas Escrituras Sagradas a não negligenciar a Deus e nem a sua rica e bendita palavra.
Contudo, tocar neste assunto hoje em dia é ser radical, fundamentalista entre outros adjetivos que se possa utilizar. Aqueles que foram chamados para ministrar a Santa Palavra de Deus, hoje infelizmente estão se acovardando ante a multidão intimidadora, que precisa ter o seu ego amaciado, não se conforma em aceitar escutar o que Deus quer falar pelo seu Santo Espírito e por sua vontade.
Pregar a palavra de Deus é uma honra sem igual. Os púlpitos hoje precisam de homens que preguem verdadeiramente a Bíblia. Mas, não é isto que temos visto. O incrível legado deixado pelos reformadores, o SOLA SCRIPTURA, e que foi grandemente defendido com ferrenha dedicação e amor pelos puritanos, vem sendo abandonado a passos largos. Os púlpitos têm sido ocupados por charlatões que vendem seus ministérios por menos que trinta moedas de prata. Mas ainda temos remanescentes fieis e por ele devemos ser gratos, pois se mantém de pé defendendo a bandeira do evangelho, acima do ego humano, acima das vontades carnais e se rendendo a vontade soberana do Espírito Santo, a verdadeira mensagem do evangelho.
No artigo anterior falamos sobre à negligencia vivenciada na nossa geração, mas, essa é uma definição limitada, pois, pelo cristianismo que não temos vivido, somos mesmo uma geração sem compromisso. Por essa negligencia sofre o evangelho, sofre o cristianismo verdadeiro; por isso vemos a disseminação de ventos de doutrinas contrários as Sagradas Escrituras e que grassa o meio cristão e iludem a tantos que deveriam ser alimentados e guiados pelos seus líderes que não cumprem cabalmente seus ministérios.
Insisto em dizer que nossa geração deve resgatar o legado da igreja primitiva, não que ela seja a mais perfeita na história do cristianismo, mas, que mesmo em suas imperfeições eles se dedicavam a Deus sem reservas e com um amor verdadeiro, qualidades que nos faltam hoje.
Sustentando esta raiz os puritanos, continuaram e persistiram, mas infelizmente estamos derrubando séculos e séculos de firmeza cristã, a fim de convergir à realidade do evangelho ao nosso bel prazer; estes homens e mulheres, quando conscientes de suas vocações se empenhavam com todas as suas forças para desempenhá-las, pois, eles tinham em seus corações a certeza de que suas vidas deveriam ser gastas inteiramente para a glória de Deus.
Falta a nossa geração esse senso de compromisso que antes ardia no peito de cada cristão. O centro da vida de cada crente era Jesus e isso os fazia viver de tal forma que sua vida em todos os seus aspectos glorificassem a Ele; quando se tratava de amor as Escrituras eles nos excedem e muito, pois eles tinham um zelo extremo por ela.
Nossa falta de compromisso beira o absurdo, pois, só fazemos algo para Deus barganhando recompensas frívolas. Estamos preocupados mais em receber do que em dar.  Temos a visão de um Deus, que apenas está ali para nos abençoar. Mas, podemos ainda fazer diferença nessa geração, sejamos remanescentes fiéis, podemos defender acima de tudo o evangelho da cruz.
Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!
Soli Deos Gloria!!!

Betânia Borges Cunha
Joel da Silva Pereira