sábado, outubro 29, 2011

“Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est!!”

A idade média foi o tempo da ascensão da igreja e da decadência da espiritualidade. A igreja romana se considerava a dona do mundo, a representante única e exclusiva de Deus. Todavia, ele tinha poder político e econômico, porém era totalmente desprovida de poder espiritual (será que é diferente hoje não só com a igreja romana, mas com muitas das igrejas tidas como cristãs?).
Tendo tamanho poder, a igreja mantinha os seus fiéis no analfabetismo e na mais profunda ignorância acerca das Escrituras Sagradas. Assim, a religião estava sobre a égide de Roma. Ela detinha o poder da administração da salvação, chegando a afirmar que fora dela (e não de Cristo) não havia salvação. Através dos sacramentos e da venda de indulgências, os fiéis eram enganados e compravam a absolvição dos seus pecados a peso de ouro, e em troca recebiam a bula papal que lhes garantiam o tão desejado perdão, algo totalmente contrário ao ensino da Escrituras.
A realidade do século XVI relatada pela história não é tão diferente da que vivenciamos hoje. Os dogmas, desvios doutrinários e indulgências ainda estão assolando o mundo e o pior com máscaras de cristandade. São as igrejas tidas como “cristãs” que estão resgatando essa imundície e a travestindo com uma capa de cristandade e assim enganando a muitos. Essa imundície assola o meio cristão e deturpa a sã doutrina!
Porém, o que foi a tão afamada Reforma Protestante do século XVI? Inúmeras pessoas pensam que reformar significa inovar, abrindo caminho à criatividade doutrinária, metodológica e cúltica. Para outras pessoas reforma implica em inovações, agregando a igreja uma teologia contextualizada, que responda aos desejos do povo. Contudo, isso foi a tese do liberalismo teológico do século XIX, que tinha o homem como o centro de tudo, ensino mais do que distante do protestantismo cristocêntrico (esse ensino antropocêntrico está em moda hoje!).
Ao voltarmos os nossos olhos para o movimento da reforma do século XVI, não vemos essas inovações. Contemplamos a imensa e desgastante luta do Dr. Martinho Lutero em combater exclusivamente esse tipo de inovações que implicavam na disseminação dos mais absurdos ensinos heréticos no seio da igreja cristã de então.   
Lutero entendeu que reformar não implicava em inovar a teologia ou a liturgia, mas sim, em restauração. Uma restauração e uma redescoberta daquilo a muito perdido durante a era das trevas, quando as Escrituras deixaram de ser o alicerce doutrinário da igreja, sendo substituída pelas tradições resultantes dos concílios. Dessa forma, a reforma protestante não se caracterizou como um movimento inovador, mas de restauração. Um retorno às origens, uma volta às Escrituras Sagradas (precisamos urgente desse retorno novamente hoje!).
Um dos tesouros descobertos pela reforma foi a “Sola Scriptura”, que era, e é, um retorno exclusivo às Escrituras Sagradas e a ela somente, ou seja, um reconhecimento pleno da supremacia da Palavra de Deus. O propósito era a pregação e a exposição da santa palavra de Deus, ensinada, lida e vivida como a regra única de fé e prática, como único fundamento que deve ser o fiel da balança em todas as decisões.
É assustador perceber hoje, as pessoas buscando inovações e novidades, baseadas em movimentos carismáticos, pentecostais e neo-pentecostais, importados de outros países, que nada mais são do que fogo de palha e invenções de homens que se dizem arautos de uma nova revelação de Deus, mas que de Deus e de sua palavra nada têm.
É necessário reformar, e este era o lema do grande mestre francês João Calvino: “Igreja reformada, sempre se reformando”, todavia, é muito importante entender que tal reforma não é inovação, modernização do conteúdo da fé, mas sim a restauração da compreensão desse conteúdo. Dessa maneira, a questão não se impõe com novos métodos, mas sim, com o velho método, que implica numa volta à palavra de Deus, para extrair dela o que ela realmente ensina. A Palavra de Deus é a referência. Contudo, vivemos uma crise espiritual avassaladora que nos tem levado a um total abandono da nossa tão cara herança teológica reformada.
Quando em nossas mentes surge a data 31/10, somos automaticamente levados a pensar no dia das bruxas. Tudo isso porque estamos imersos num tremendo analfabetismo histórico e acima de tudo bíblico que grassa os arraiais cristãos atualmente. É como uma doença que corrói a igreja. Um tumor maligno que deve ser extirpado o quanto antes. Assim, a igreja deixa de ser sal e luz. Em vez de a igreja abalar e transformar o mundo, é o mundo que está abalando a igreja. Algo que é contrário a vontade de Deus. Deus quer que sejamos cristãos que reflitam uma fé inabalável Nele, uma confiança que nos torna capazes de encararmos a vida religiosa moderna em toda a sua realidade e complexidade, e a permanecermos fiéis apesar de todas as agruras que ela nos propiciará
Estamos precisando, e o quanto antes, de uma nova reforma!!!
E não pense que Deus levantará Lutero do túmulo para promover tal reforma. Cabe a nós buscarmos e proclamarmos essa reforma!! 

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

“Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est!!”

Soli Deo Gloria!!!

Joel da Silva Pereira
                 

sábado, outubro 15, 2011

Arrependimento!!!

Arthur W. Pink disse: O arrependimento é absoluto e necessário se é para o pecador fazer paz com Deus (Isaías 27:5), porque arrependimento é o lançar fora as armas da rebelião contra Ele. O arrependimento não salva, todavia nenhum pecador jamais foi ou será salvo sem ele. Nada senão Cristo salva, mas um coração impenitente não pode recebê-LO.”
A pessoa não regenerada, que não nasceu de novo, não tem conhecimento do que seja um arrependimento bíblico e muito menos como produzir um genuíno arrependimento! Arrependimento é o dom de Deus (At 5.31; 11.18; II Tm 2.25). É a graça do arrependimento que faz com que os verdadeiros cristãos a prosseguirem por meio de suas falhas, fraquezas e pecados.
O arrependimento é a porta para a santidade. É o guardião que conserva os cristãos genuínos na santidade.
O arrependimento genuíno age conservando os cristãos verdadeiros numa sincera atitude de auto-humilhação, algo que é fruto de sentir com todo seu ser a majestade e a santidade de Deus, levando  assim o cristão autêntico a um reconhecimento do quão distante da glória de Deus ficam, até mesmo as suas melhores obrigações. O genuíno arrependimento é uma graça,assim como a fé, graciosamente comunicada a nós por Deus por amor a Cristo, tanto quanto um dever nos é imposta
Um dos gigantes puritanos, William Perkins enfatizou que o arrependimento evangélico genuíno refina a alma e preserva o verdadeiro cristão (o eleito) a viver totalmente para Deus e a odiar o pecado mais do que a morte. Aqueles que não conseguem perceber a graciosa doçura, a real necessidade e a imensa utilidade do genuíno arrependimento nunca souberam e nem sabem o que é andar plenamente e verdadeiramente com Deus. 
O Dr, Joel Beeke nos diz que, “a tristeza evangélica verdadeira deve, portanto, fluir da convicção interior de haver ‘ofendido ao tão misericordioso Deus e Pai amoroso’ e deve produzir uma mudança total de coração para com Deus, ‘da mente e do homem todo, de afeição, de vida e de linguagem. ’” Os que não conseguem provar nenhum consolo espiritual na tristeza que provém dessa graça do arrependimento supõem que arrependimento tem a ver com a lei e o medo do juízo, não acharão facilidade alguma viver na constante prática do arrependimento todos os dias de suas vidas.
Arrependimento genuíno é carregar a cruz, é negar-se a si mesmo, é uma renúncia total, despindo-se assim do velho homem (Cl 3.9), crucificando a carne com suas concupiscências (Gl 5.24). O cristão genuíno é alguém que verdadeiramente morreu para o pecado e ressuscitou para uma nova vida com Cristo. O arrependimento está radicado numa genuína visão de Deus.
Nas palavras de Arthur Pink: “O arrependimento verdadeiro origina-se a partir de uma compreensão no coração, operado neste pelo Espírito Santo, da excessiva malignidade do pecado, do terror de ignorar as reivindicações dAquele que me fez, de desafiar Sua autoridade. Ele é conseqüentemente um santo ódio e horror do pecado, uma profunda tristeza por ele, e o reconhecimento dele diante de Deus, e um completo abandono dele de coração. Até que isto tinha sido feito, Deus não nos perdoará. "O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia" (Provérbios 28:13).
O príncipe dos puritanos, John Owen disse que, “a santidade bíblica requer obediência constante, habitual em todos os deveres e proíbe qualquer pessoa de ter desejos impuros da mente ou da carne.” Dessa forma nos cabe “aperfeiçoar a santidade no temor de Deus” (II Co 7.1). Não se pode fazer nenhuma provisão pra que a carne satisfaça suas cobiças (Rm 13.14). É esse o efeito provocado pelo genuíno arrependimento na vida do verdadeiro cristão.
 Arthur W. Pink disse que: “Em requerer arrependimento de nós, Deus está pressionando Suas justas reivindicações sobre nós. Ele é infinitamente digno de supremo amor e honra, e de universal obediência. Isto nós temos impiamente Lhe negado. Tanto um reconhecimento como uma correção disto é requerido de nós. Nossa desafeição por Ele e nossa rebelião contra Ele devem ser reconhecidas e exterminadas. Dessa forma, o arrependimento é uma compreensão profunda de quão terrivelmente tenho falhado, durante toda minha vida, em dar a Deus Seu justo lugar em meu coração e em meu andar diário.
Que tenhamos em mente que o evangelho de Cristo providencia alívio misericordioso e perdão por aqueles pecados diários que nos vencem por causa de nossa fraqueza (I Pe 4.1,2), Todavia, não permite que pecado algum seja poupado, nutrido e amado. Uma vida habitual de pecado é plenamente contrária com a obediência bíblica (I Jo 3.6-9).
Que seja a nossa atitude semelhante ao do publicano que orava arrependido verdadeiramente e clamava: “Sê propício a mim, eu miserável pecador!” (Lc 18.13)

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Glória!!!!!

Joel da Silva Pereira

sábado, outubro 08, 2011

Sede Santos!!!!

O príncipe dos puritanos, John Owen, disse: “A santidade bíblica requer contínua batalha espiritual para que seja mantida. O diabo, a carne e o mundo lutarão para nos afastar da verdadeira santidade do evangelho para algo inferior, mas inaceitável a Deus.”
A Bíblia nos ensina que devemos resistir ao diabo (I Pe 5.8-9), para tal resistência nos é necessário envergarmos  toda a armadura de Deus (Ef 6.12-13). Também somos ordenados a renunciarmos, fugir, abster-nos das paixões carnais que guerreiam contra a alma (I Pe 2.11). E nos compete não amarmos o mundo e o que nele há (I Jo 2.15). Todavia nos importa vencer o mundo por meio da nossa fé, a fé salvifíca que crê que Jesus é o Filho do Deus Vivo (I Jo 5.4-5).
O Senhor não aceitará o desempenho apático, desprovido de ânimo de alguns deveres com a abstinência de alguns pecados. John Owen nos diz: “Crucificar o pecado, mortificar paixões irrestritas, resistir ao diabo, fugir dos apetites carnais e não amar o mundo são obrigações bíblicas que devemos manter enquanto vivermos neste mundo.”
Da mesma forma que o povo de Israel foi desanimado e desencorajado pelo relato dos espias quando cruzaram pela primeira vez as fronteiras de Canaã, assim uma grande quantidade de pessoas que, não estão longe do Reino de Deus, são desencorajadas e desanimadas ao tomarem consciência de que esta batalha espiritual perdurará até o fim da vida (Nm 13.32; Mc 12.34). Se não estão vigilantes, não se cuidam, deparam-se com os gigantes espirituais, contudo não contemplam o poder e a graça de Cristo. Só os que realmente nasceram de novo, os eleitos, entrarão no Reino de Deus e combaterão até o fim.
Existem pessoas que procuram entrar no Reino de Deus sem que tenham sido regeneradas, e dessa forma lhes faltam forças espirituais para lutar contra os opositores da santidade. Acham-se capazes de vencerem apenas pela força da carne.
Todavia a carne (o velho homem não regenerado) logo se cansa. As pessoas dão desculpas por não perseverarem em algumas obrigações. A carne recebe exorbitante apoio da mente carnal, uma mente não espiritual, não regenerada. Uma mente que não nasceu de novo. Dessa forma, obrigações atrás de outras são omitidas, e finalmente totalmente esquecidas. A obrigação de conservar o corpo submisso é negligenciado (I Co 9.27).
Os cristãos verdadeiros, os eleitos, ficam humilhados por terem se afastado da obrigação assim, e por sua vez pela graça de Cristo se arrependem e confessam seus pecados e retornam à diligência de antes (Sl 119.176). Contudo, os hipócritas não dão a mínima por estarem se afastando das obrigações bíblicas, uma vez que não foram regeneradas, e conseqüentemente não são cristãos autênticos.
O pecado que ainda habita no homem está em constante combate contra a santidade e muitas vezes a subjuga. O pecado alcança êxito em deteriorar a mente com suas súplicas intensas e contínuas pelo seu antigo domínio. O hipócrita (o não regenerado) com o passar do tempo se firma no pecado que habita nele, por outro lado o verdadeiro cristão se firma na promessa de que o pecado não mais o domina (Rm 6.14).
O ímpio não conhece o meio correto de se achegar a Cristo a fim de ter a graça e a ajuda do Santo Espírito para conduzí-lo e preservá-lo num estado de santidade bíblica. Assim, ele tem que combater com suas próprias forças e se satisfazer com a falsa santidade que a carne é capaz de produzir. Porém, o cristão genuíno não encontra gozo em uma santidade que pode ser produzida e existir sem Cristo e o Espírito Santo. Ele é consciente de que sem Cristo nada pode fazer (Jo 15.5) e muito menos produzir uma santidade no mesmo padrão que o evangelho requer de um cristão autêntico.
Da mesma maneira que a ignorância da justiça de Cristo é o motivo pelo qual muitos andam por aí tentando estabelecer seu próprio padrão de justiça, de igual modo a ignorância sobre como saber viver contínua e constantemente pela graça e poder de Jesus Cristo é o motivo pelo qual muitos se voltam para um padrão inferior de santidade, que não é santidade nenhuma.
Nas palavras de A. W. Tozer: “Santos sem santidade são a tragédia do cristianismo!”
Encerro esse artigo com a exortação do apóstolo Pedro: “Sede santos porque eu sou santo!” (I Pe 1.16)

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Gloria!!!!!!

Joel da Silva Pereira