Estamos
vivenciando dias de uma obscuridade bíblica tremenda. O que tenciono dizer com
isso? “Nossa única fonte de regra, fé e prática tem sido absurdamente
negligenciada!” o profeta Oséias disse acerca da corrupção geral de Israel: “O
meu povo está sendo destruído porque lhe falta conhecimento” (Os 4.6). A
história bíblica é repleta de informações acerca da inconstância e da
negligência do povo de Deus para com a sua santa, rica e bendita palavra. Essa
inconstância atraiu por diversas vezes a ira santa e justa de Deus que caiu
sobremaneira sobre o seu povo, que mesmo tendo sido severamente castigado
continuava distante de Deus e de sua palavra! Como se não bastasse os desvios
relatados nas Sagradas Escrituras, temos o relato da própria história do
cristianismo que nos mostra os dois lados da moeda, por assim dizer, de um lado
temos um igreja cheia de homens que depravados que deturpavam as Santas Letras
em nome de seus próprios interesses escusos e assim mantiveram o povo por um
longo período afastado das Santas Letras. De outro lado àqueles que foram
levantados por Deus para serem usados com instrumentos para servirem de guias
no intuito de tirar o povo da obscuridade escriturística na qual o rebanho de
Cristo estava mergulhado.
O
que podemos ver nisso é que Deus tem prazer em sua e vela sobre ela para
cumpri-la como bem nos informa o profeta Jeremias (Jr 1.12), pois mesmo em
tempos difíceis e de obscuridade e negligência bíblica Deus sempre dispôs de
instrumentos e meios para que a sua Palavra não fosse esquecida e nem ensinada
de maneira deturpada. Em dias como nossos devemos tomar a mesma atitude do
salmista e guardar a Palavra de Deus em nossos corações (Sl 119.11).
Mesmo nas épocas mais sombrias, onde o povo estava mergulhado na mais profunda e densa
cegueira e ignorância bíblica, Deus nunca deixou que o povo ficasse sem ouvir a
sua palavra, salvo a exceção do período interbíblico (período de aproximadamente 400 anos
onde o povo ficou sem nenhum tipo de revelação da parte de Deus). Deus fez uso
de homens e mulheres ao longo da história para que o povo se voltasse para Ele
e para a sua Palavra e nela encontrasse a plena revelação de Deus aos
homens, e dessa maneira entendessem que o Verbo se fez carne e tabernaculou
entre nós.
Quando
falamos de homens que lutaram pela autoridade infalível das Escrituras Sagradas
sempre nos lembraremos dos reformadores. Só que não devemos esquecer que antes
dos reformadores, Deus levantou outros tantos que com amor defenderam as Santas
Letras e que tinham os seus corações inflamados por um verdadeiro zelo por Deus
e por sua santa palavra. Dentre tais homens podemos citar John Wycliff que
ficou conhecido como a Estrela D’alva da Reforma e o teólogo e
pensador tcheco Jan Huss. Huss pagou com a vida o amor que nutria e
expressava por Cristo e por sua palavra! “Seríamos capazes de enfrentar a morte
por amor a Cristo e pelas Santas Letras?”
No
período pós-reforma Deus agiu poderosamente em prol de sua Palavra. Nesse
período surgiram grandes vultos, dentre eles citamos: John Knox, Charles Haddon
Spurgeon, os irmãos Wesley (John e Charles). Não podemos nos esquecer dos
gigantes puritanos, e no meio deles Deus levantou verdadeiros arautos de sua
bendita palavra, podemos citar, John
Owen que ficou conhecido como o princípe dos puritanos devido a sua erudição e
seu amor a Deus e a sua bendita palavra, ainda temos o inesquecível e marcante
John Bunyan e poderíamos ficar aqui citando nome após nome por muito tempo, mas
quero dizer com isso que mesmo que as gerações se esqueçam da rica e bendita
Palavra de Deus, Ele não se esquece dela pois vela sobre ela para cumpri-la e
sempre levantará os seus eleitos para levarem adiante a mensagem da cruz!
Porém, esses homens que Deus usou e ainda usa esses escolhidos tinha e tem algo
em comum, suas vidas são consumidas por uma intima devoção e zelo constante
para com Deus e com as Santas Letras.
Solano
Portela, ao prefaciar o livro “Sola
Scriptura” do rev. Paulo Anglada, escreveu: “talvez a igreja de Cristo
esteja atravessando um dos seus mais difíceis períodos da história, no que diz
respeito à acolhida do seu padrão de fé e prática: As Sagradas Escrituras”.
Esse livro foi escrito em 1998, ou seja, 15 anos atrás e já era visível um
declínio no tocante ao comprometimento com as Sagradas Escrituras, e esse
declínio e negligência para com a palavra de Deus motivou o pastor Paulo
Anglada (opinião minha) a trazer para o meio cristão um dos pilares centrais da
reforma protestante, a Sola Scriptura, para trazer à nossa memória a suprema
importância das Sagradas Escrituras na vida de cada servo e serva de Deus.
Encerro
este post com duas citações: a primeira extraída da Confissão de Fé de
Westminster que declara: “Todo conselho de Deus concernente a todas as cosias
necessárias para a glória Dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é
expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido
dela; à qual nada, e em tempo algum, se acrescentará, seja por novas revelações
do Espírito, seja por tradições humanas. Não obstante, reconhecemos ser
indispensável a iluminação interior do Espiríto de Deus para o salvífico
discernimento de tais coisas como se encontram reveladas nas Palavra”. A
Palavra de Deus é absoluta e infalível! Que Deus nos ajude a lembramos dessa
tão plena verdade que saiu da pena dos puritanos e que por sua vez é uma
verdade alicerçada na inerrante e bendita Palavra de Deus. A segunda afirmação
é de Solano Portela, ainda tirada do prefácio do livro “Sola Scriptura” do pastor Paulo Anglada: “A um mundo que está sem
padrão, e a própria Igreja Evangélica está voltando a enterrar o seu padrão em
meio a um entulho místico pseudo-espititual – a mensagem da reforma continua
necessária”!
Que
Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude a guardarmos em nossos corações a
sua santa, rica, bendita, absoluta, inerrante e eterna Palavra!
Soli
Deo Gloria!!!
Joel
da Silva Pereira