Uma
das áreas que a nossa geração mais falha hoje é no tocante a vida de oração. A
nossa geração desaprendeu a andar de joelhos. Uma coisa que eu não consigo entender
é como uma pessoa que se diz servo de Deus e não tem uma vida de oração. Ao
mergulharmos no Santo Livro encontramos o relato que o próprio Jesus se
retirava para lugares isolados e se derramava em oração (Mc 1.35). Se o próprio
Deus, que se fez carne e habitou entre nós, tinha uma vida de oração, por que
nós, que dizemos ser servos seus, não cultivamos uma vida de oração?
Indo
para a história da igreja, nos deparamos com um dos maiores exemplos de dedicação
a uma vida de oração, que para alguém hoje que se diz cristão chega a ser constrangedor
e algo vergonhoso. Estamos falando acerca dos Morávios, que sob a liderança do
Conde Zinzedorf iniciaram o maior movimento de oração que se tem noticia. Os
morávios passaram um século aos pés do Senhor lutando em oração. Os morávios
entendiam que a maior e melhor arma que eles tinham para avançarem no Reino e
assim servir a Deus de todo coração, era a oração. O lema dos morávios era “Vicit
Aguns Noster, Eum Sequamur” (Venceu o Nosso Cordeiro, Vamos Seguí-Lo). Será que
a geração segue verdadeiramente o Cordeiro? Não estamos dizendo que devemos
passar um século de oração (se bem que não é uma má idéia), mas que devemos sim
ter uma vida de oração mais intensa e verdadeira.
Ainda
olhando para a história da igreja é perceptível que todo homem e toda mulher que
Deus levantou para fazer a sua vontade e proclamar as verdades do seu evangelho
eram pessoas que tinham uma vida intensa de oração. Nós hoje nos alegramos (e
corretamente) quando Deus responde uma oração nossa. Agora imaginemos se Deus
respondesse 50.000 orações nossas, o que faríamos? Isso ocorreu com George
Müller. Um homem levantado para pregar a palavra e ser pai de muitos órfãos.
Ele alimentou, vestiu e abrigou em seus orfanatos inúmeras crianças, e tudo
isso só foi possível porque ele era um homem de oração, e acima de tudo Deus em
sua Onipotência foi gracioso e o abençoou ricamente.
Sinto vergonha de mim mesmo, quando ao ler
livros acerca da vida dos grandes homens e mulheres de Deus, me deparo com a
informação de que todos eles, sem exceção, eram pessoas que tinham uma intensa
vida de oração. Uma vida regrada, sistemática. Eles (as) iniciavam o seu dia
indo à presença santa do Mestre buscando força, refúgio, graça, unção e
sabedoria para suas vidas para que dessa forma pudessem ser capazes de cumprir
a vocação para a qual foram chamados.
A oração na igreja hoje está à míngua.
Espanta-me conhecer o fato de que o pastor Jonanthan Edwards dispensava treze
horas do seu dia para estar a sós com Deus, em oração e leitura devocional da
Bíblia (outra coisa rara em nossos dias), quando nós nos recusamos a ir aos
cultos de oração. Um dos fatos mais impactantes da vida de Edwards é o da
ocasião do seu famoso sermão Pecadores nas mãos de um Deus irado (vale à pena
ler esse sermão). Ele foi escolhido para pregar dentre alguns pastores e na
metade da exposição à convicção de pecado se abateu de forma tal sobre a igreja
que o pessoal pediu para que ele parasse a exposição porque o inferno estava se
abrindo sob os pés dos ouvintes. O que poucos sabiam é que Edwards passara três
noites e três dias sem se alimentar e sem dormir em inteira e total comunhão com
Deus. Por isso que os efeitos desse tão afamado sermão ecoam até os dias de
hoje. Essa é uma genuína demonstração daquilo que nos falta hoje.
A Bíblia nos mostra algo sublime acerca da
oração. Os discípulos já demonstrando uma mudança significativa em suas
condutas se aproximaram de Cristo e disseram-lhe: “Senhor, ensina-nos a orar!”
O importante de se observar é que eles não pediram poder para expulsar
demônios, fazer “aviãozinho” no meio da sociedade judaica, nem para marchar,
nem para derrubar uma multidão com o “sopro de espírito”, nada disso. Eles
simplesmente pediram ao Mestre que os ensinasse a orar (Lc 11.1).
As nossas orações são vazias e insensíveis!
Jesus nos conta acerca de dois homens que subiram ao templo para orar. Cada um
orava a sua maneira. E a maneira como cada um orava depõe contra eles. Um era
fariseu e se orgulhava de sua posição, e possivelmente de sua linhagem e fazia
uma oração pomposa e totalmente arrogante e egoísta; enquanto que o publicano
(um judeu que trabalhava para o Império Romano, em sua maioria como coletor de
impostos, e assim se tornava um inimigo do seu povo, sendo taxado de traidor)
orava cabisbaixo e se humilhava verdadeiramente aos pés de Cristo (Lc 18.
9-14). Cristo conclui dizendo que o publicano que se humilhava reconhecendo sua
condição de pecador miserável foi para casa justificado, enquanto que o fariseu
orgulhoso, arrogante e cheio de pompas não teve sua oração respondida. Nossa
geração está orando com um coração farisaico.
Que Deus nos faça ter um coração quebrantado e
contrito, pois a um coração assim o Senhor não desprezará (Sl 51.17).
Que Deus nos ajude e nos desperte para que
voltemos a avançar de joelhos!!
Soli Deo Gloria!!!
Joel da Silva Pereira