domingo, junho 19, 2016

Mensagem Mascarada!!!!

O bispo Ryle, em seu livro Santidade, afirma que pecado “é aquela vasta enfermidade moral que afeta a raça humana inteira, em todas as classes e níveis, nas nações, povos e línguas – uma enfermidade da qual apenas um único homem nascido de mulher esteve isento”. Essa verdade não é mais tão propagada como antes. Ao que parece não existe mais uma preocupação e nem uma necessidade latente de fazer o homem cônscio de sua morte em delitos e pecados.  Se realmente nos vemos como igreja, e essa igreja deve glorificar a Deus e se satisfazer por toda a eternidade, temos que entender que para isso temos duas coisas à fazer, a saber, denunciar os pecados e buscar a edificação dos santos.
Externando uma preocupação semelhante a do bispo Ryle, o pastor Charles Leiter, em seu livro Justificação e Regeneração, diz que o pecado é problema final e, de fato o único problema da humanidade. Independente de qual seja a época e os tempos, podemos ver que é preciso, sim, mostrar a humanidade que a queda de Adão causou a depravação total de toda a raça.
Infelizmente vivemos dias onde a pregação das sagradas doutrinas da graça perdeu fôlego, mas para a glória de Cristo há um remanescente fiel que se mantém firme e constante na exposição das sãs doutrinas do evangelho da graça de Cristo. Lutero, em uma das suas 95 teses, assevera que o maior tesouro da igreja é o evangelho da graça de Cristo. Só que esse evangelho dia após dia vem sendo mais e mais deturpado, a ponto de sua exposição não ser o meio pelo qual os pecadores se tornam cônscios de sua natureza depravada.  
A teologia das igrejas neopentecostais aliada à covardia e falta de compromisso de muitos, que se dizem “arautos” do Senhor, são de enorme contribuição da atual escassez de pregações acerca da doutrina do pecado. As igrejas neopentecostais tiram os textos bíblicos dos seus contextos e expõem um evangelho humanista, um evangelho água com açúcar que endeusa o homem e o retratam como um ser que apenas age em reposta a um meio que está corrompido. Mas, daí surge a seguinte a indagação: “quem corrompeu esse meio?”. Já os “arautos” covardes vendo o crescimento numérico de tais igrejas, se utilizam de práticas pragmáticas para aumentarem seus rebanhos. É nesse contexto que entram as pregações humanistas, mensagens de autoajuda, exposições bíblicas que nada tem a ver com o verdadeiro evangelho da graça. Tais mensagens iludem o homem pecador e o coloca numa espécie de ilusão, na qual ele se sente como alguém a quem Deus deve submissão, e Deus tem a obrigação de atender aos mais depravados e estapafúrdios desejos de um ser que está morto em seus delitos e pecados, mas é aqui que vemos o erro desse povo, suas mensagens não contêm nada acerca da doutrina do pecado. Nessas mensagens o homem não é apresentado como alguém que está morto, mas sim como alguém "bonzinho"  que apenas se desviou um pouco do "caminho". Nessas mensagens o homem precisa apenas levantar a sua mão e instantaneamente se torna "um salvo".
Contemplando esse terrível quadro da igreja hoje, nos parece que voltamos aos tempos de Lutero, onde a igreja só se interessava em aumentar o seu poderio numérico, político e acima de tudo financeiro.  Com uma igreja que pensa e age dessa forma, não há espaço nesse tipo de igreja para a sã doutrina e muito menos para denúncia pública dos pecados dos ouvintes.  Não vale a pena,do ponto de vista dessas igrejas e seus líderes, a genuína pregação do evangelho. Pregar a Bíblia e denunciar o pecado simplesmente são vistos como algo que causa esvaziamento de suas igrejas, e isso não é bom para os negócios. Pensar e agir assim chega a ser abominável.  Será que essas pessoas acham que Deus as deixará sem a devida paga por tão hediondo erro? Será que nunca leram em suas Bíblias que de Deus não se zomba e nem se escarnece (Gl 6.7)?
Se realmente somos filhos de Deus não podemos nos eximir da responsabilidade de denunciar o pecado do homem. As boas novas do evangelho inevitavelmente passam pela denúncia dos pecados. Em seu sermão no dia de pentecostes Pedro asseverou:"E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados..."(At 2.38).  A verdadeira pregação que exalta a Deus expõe a necessidade do arrependimento dos pecados. Esse texto deveria fazer a diferença e servir de parâmetro para os pregadores da bendita Palavra de Deus: "Quando eu disser ao ímpio: Certamente morrerás; e tu não o avisares, nem falares para avisar o ímpio acerca do seu mau caminho, para salvar a sua vida, aquele ímpio morrerá na sua iniquidade, mas o  seu sangue, da tua mão requererei" (Ez 3.18).
O pecado deve ser confessado e abandonado. O homem precisa ser alertado sobre o seu estado de morte espiritual, e é nosso dever pregar o verdadeiro evangelho. Paulo escrevendo aos Corintios disse:"Porque se anuncio o evangelho, não tenho do que me gloriar, pois me imposta essa obrigação; e ai de mim, se não pregar o evangelho!" (I Co 9.16). Devemos anunciar o verdadeiro evangelho da graça de Cristo, e dessa forma denunciar o pecado e anunciar a salvação na pessoa bendita e gloriosa de Cristo.  Que Deus em sua soberania nos constranja a sermos pregadores fiéis do verdadeiro evangelho de Jesus.

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!


Soli Deo Gloria!!!


Joel da Silva Pereira 


domingo, junho 05, 2016

Raposas & Raposinhas!!!



“Apanhai-me as raposas, as raposinhas, que devastam os vinhedos, porque as nossas vinhas estão em flor” (Ct 2.15), essas são palavras de Salomão a respeito daquilo que pode destruir uma vinha.Se entendermos a nossa vida como uma vinha seremos cônscios de que esse texto infelizmente pode se aplicar totalmente a nossa geração.
A pecaminosidade está banalizada a tal ponto, que não há mais vergonha pelos pecados cometidos. Se olharmos para a nossa história recente e fizermos a seguinte pergunta: “quando foi a última vez que saímos dos nossos cultos aos prantos em virtude dos nossos pecados e por termos sido quebrantados pelo Santo Espírito de Deus?” A resposta chega a ser dantesca. Ao que nos parece, não há mais confissões de pecados em nossos cultos. Há um ensino distorcido que os pecados que devem ser confessados são aqueles que chocam e/ou que causam situações vexatórias. Se não houve um adultério, um grande roubo, e/ou, na pior das hipóteses, um atentado contra a vida de alguém, então não houve pecado para que seja necessário uma confissão e muito menos arrependimento. Pelo que podemos observar essa é a prática adotada hoje na maioria das igrejas.
O texto de I João 1.9, “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”, ao que parece só se aplica unicamente aos casos dos grandes pecados, porém estamos nos esquecendo das raposinhas que podem devastar toda uma vinha.
Em seu livro, Pecados e Pecadinhos, o Dr. Russell Shedd faz uma analise de uma série de pecados que deixamos passar com tanta facilidade que, sem que percebamos, nos torna insensível à voz do Santo Espírito e acaba por nos afastar de Deus. Em nossa insensibilidade culpamos de A a Z . Culpamos a Deus que parece que não quer mais falar conosco, quando na realidade somos nós que por conta dos nossos pecados nos distanciamos Dele. Culpamos o diabo, pois ele já é mentiroso e homicida desde a eternidade. É mais fácil condenar e repreender a ação do diabo em nossas vidas, do que reconhecermos que somos pecados e que carecemos desesperadamente da graça de Cristo Jesus em nossos corações.
Os discursos que saem hoje dos púlpitos das igrejas são humanistas e antropocêntricos e só massageiam o ego dos ouvintes, que ao final de uma preleção recheada de uma verborragia emotiva e de vários versículos fora dos seus contextos são convidados a aceitarem a Jesus como salvador. Tais conversões estão longe de serem verdadeiras e cristocêntricas. São conversões por conveniência. Os “convertidos” só ficarão nas igrejas enquanto se sentirem bem ou abençoados.
As mensagens de hoje não mais denunciam os pecados dos homens e nem expressam uma real necessidade de que tais homens se arrependam, e assim confessem seus pecados, antes elas promovem uma salvação sem que haja necessidade de arrependimento e perdão de pecado sem a confissão dos mesmos. Nada poderia está mais longe da realidade bíblica.
Retornamos, então, ao texto de Cantares de Salomão que nos exorta que devemos apanhar as raposas sem que nos esqueçamos das raposinhas, pois estas devastam toda uma vinha. As pregações de hoje só condenam os grandes pecados, mas daí nos vem a seguinte a indagação: “Para Deus a pecado pequeno e pecado grande?” O que a Bíblia nos mostra é que, pecado é pecado e ponto final. Tanto faz que matemos, roubemos ou tão somente que cometamos um simples ato de desobediência, para Deus tais coisas são pecados e que não podem ficar impunes.  
As raposinhas vão penetrando em nossas vidas e corações e por fim se entronizam em nosso viver a tal ponto que nos tornamos seus reféns e isso é algo terrível, pois nos impede de crescermos na graça e no conhecimento.
As raposinhas podem assumir quaisquer formas. Podem ser o mau hábito de colar nos trabalhos escolares, amizades errôneas, atos furtivos de desobediência aos pais, relações amorosas com descrentes, calúnias e falsos testemunhos, arrogância, orgulho, soberba, guardar ira, fomentar intrigas, e tantas outras cousas se enquadram nesse contexto e que as ignoramos por não serem “grandiosas”.  Essas raposas nos roubam o tempo que teríamos que dedicar à estarmos na presença do Nosso Pai Celeste, nos tira dos cultos das nossas igrejas e da comunhão com os nossos irmãos. Com o passar do tempo, não temos nem mais prazer em meditar nas Escrituras, pois precisamos alimentar as nossas raposinhas. E ainda pousamos de santos, e batemos no peito e bradamos: “não roubo, não mato e nem faço outras coisas desse gênero, então não sou tão pecador assim”, esse discurso é fruto de um coração endurecido, de uma mente embotada e corrompida pelo pecado a ponto de causar tamanho grau de cegueira espiritual que não enxergamos que estamos mortos e distantes, muito distantes de Deus e de sua graça.
Somos uma geração mimada e cheia de gostos duvidosos, pois coamos um mosquito e nos engasgamos com um camelo (Mt 23.24). Deveríamos andar na contramão do mundo, mas não tem sido essa a nossa prática, antes temos permitido que o mundo adentre em nossas igrejas por conta da nossa conduta, e assim cada vez mais nos assemelhamos ao mundo e nos distanciamos de Deus.
Porém Deus em seu rico e imerecido amor no convoca a Ele: “Ainda assim, agora mesmo, diz o Senhor: ‘Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto. Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR vosso Deus, porque ele é misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade... ’” (Jl 2.12-13)
Que sejamos sóbrios e vigilantes para que não permitamos que as raposas e raposinhas devastem as nossas vidas com Deus!!!

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Gloria!!!

Joel da Silva Pereira