Jesus
Cristo disse: “amai o teu próximo como a ti mesmo!” Não foi um pedido! Não foi
apenas um incentivo! Foi uma ordenança! Foi um mandamento! Porém ao olharmos
para a igreja hodierna surge a pergunta: “onde está o amor?” ou o caso é ainda
pior, pois estamos muitas vezes como os que estavam em volta de Cristo enquanto
esse contava a parábola do bom samaritano e perguntaram: “quem é o meu
próximo?” A igreja está perdendo, ou talvez já tenha perdido a real noção de
várias coisas concernentes ao evangelho da graça de Cristo.
Acima
está o paragrafo inicial do artigo
anterior, no qual falamos sobre o mandamento de Jesus: “amai-vos uns aos
outros” e discorremos sobre a falta de amor nas pregações atuais.
Porém, a falta de amor não fica restrita aos púlpitos.
O amor ao próximo está sumindo de maneira exponencial. O amor, o dom supremo,
não é mais o fator preponderante na vida cristã atualmente. Se no artigo
anterior mostramos que falta amor em nossas pregações, no texto atual, cabe a
pergunta: “Por que será que falta amor nas pregações?” A resposta é clara e
simples: “ao que parece às pessoas que sobem aos púlpitos para pregarem o
evangelho desaprenderam amar” ou nas palavras do próprio Jesus: “e por se
multiplicar a iniquidade o amor de muitos esfriará” (Mt 24.12)
A iniquidade se alastrou e ainda se alastra de uma
maneira tão avassaladora que as pessoas estão perdendo a sua capacidade de
amar, não só ao próximo, mas principalmente a Deus.
Ao nos debruçarmos sobre o Santo Livro, mais
especificamente sobre o texto do evangelho de Jesus Cristo segundo o relato de
Lucas (Lc 1025-37), encontraremos uma das mias belas histórias acerca do amor
ao próximo, a saber, a parábola do bom samaritano.
O Grupo Logos fez uma canção baseada nessa passagem e
lhe deu o título de Distantes Próximos. Essa canção de 2005 retrata bem como a
igreja atual tem colocado em prática o amai ao teu próximo como a ti mesmo. Em
seu refrão a canção traz o trecho: “Esse é o mundo de distantes próximos/ Essa gente tão igual a nós/
Que está só porque passamos longe demais...”
Em nossa falta de amor, ou melhor, no
esfriamento do amor, nos esquecemos que o pecador é um ser humano como nós, e
que está miseravelmente desprovido do amor de Deus. As pregações que apenas enaltecem o intelecto
daqueles que estão pregando a muito estão desprovidas do verdadeiro amor pelo
próximo. As pregações não demonstram mais um conteúdo onde o pecador é
confrontado com a sua real situação de morto em delitos e pecados e muito menos apresenta o genuíno e verdadeiro amor gracioso do Deus Eterno na pessoa do seu
Filho.
Citamos a canção do grupo Logos e até
transcrevemos o seu refrão. Vejamos como a música se inicia: “Certa vez alguém caído percebeu/ que os outros eram
outros como eu/ Perceberam seu cansaço,/ mas, distantes nos seus passos,/ se
negaram a lhe oferecer a mão.” Essas palavras são mais do que verdadeiras, e
pra piorar ainda mais e nos causar ainda mais vergonha, não precisamos nem sair
das nossas igrejas para que tais palavras sejam nossa realidade. Quando foi a
última vez que ouvimos que uma pregação carregada de denúncias fortes contra o
pecado, só que em contrapartida que transborda de amor e da graça do Eterno
Deus? As pregações estão vazias de amor porque as pessoas desaprenderam a amar
o próximo sem esperar nada em troca. O amor hoje em dia é um jogo de interesse,
e esse jogo de interesse alcançou a esfera do amor divino, do amor demonstrado
na cruz do Calvário.
O amor incondicional de Deus demonstrado
graciosamente pelo seu filho Jesus deveria ser o norte de todos os cristãos. Um
amor incondicional, sem reservas, generoso, compassivo e sempre amparado na
boa, agradável e perfeita vontade do Pai. Esse amor deveria ser evidenciado em
nossa vivência cristã. Deveria ser o nosso exemplo, mas trocamos esse amor em
troca de coisas efêmeras, tais como reconhecimento humano, os tais cinco
minutos de fama. Enquanto isso milhares
de almas se perdem porque o amor de Cristo não lhes foi apresentado. No lugar
do amor sacrificial de Cristo o que é apresentado às almas perdidas, é o ego
altamente inflado de um pecador que se acha melhor que os demais porque acha
que tem mais sabedoria que os demais. Usando as palavras do saudoso mestre
Janires: “E o que tá
"fartando" de amor/ Tá sobrando iniquidades/Todo mundo se odiando/Pelas
ruas, pelas ruas das cidades/Se essas ruas, se essas ruas fossem minha/Eu
pregava cartaz/Eu comprava um "spray” /Escrevinhava nelas todas/’Jesus is
the only way’!" Pois é o mestre Janires estava certo! Só que não é
apenas pelas que as pessoas estão demonstrando uma falta de amor. As igrejas
estão cheias de pessoas sem amor. Pessoas que transformaram o cristianismo
bíblico numa mera religião do ego.
Onde está o amor? Precisamos retornar as Escrituras
e fazer o trajeto de duas, por assim dizer, peregrinações. A principal e mais
importante delas é a peregrinação de Cristo pelas ruas da Palestina carregando
a nossa cruz na mais pura, genuína e incondicional prova de amor. A outra
peregrinação nos leva pelas estradas que ligava Jerusalém a Jericó, por lá
encontraremos um bom samaritano cheio de amor e movido pela graça que se presta
a cuidar de um desconhecido que foi atacado por salteadores e deixado pra
morrer a beira da estrada.
Não podemos nos esquecer de que estávamos como o
homem caído à beira da estrada. Estávamos abandonados a nossa própria sorte.
Estávamos mortos em nossas iniquidades, mas Deus em seu soberano e gracioso
amor nos elegeu em Cristo Jesus para sermos santos e irrepreensíveis e nos fez
assim novas criaturas para o louvor da sua glória. Essas duas
estradas precisam ser revisitadas constantemente por nós. Elas podem nos fazer lembrar
a essência do verdadeiro evangelho da graça, a saber, o amor. O amor que tanto
falta nos púlpitos de nossas igrejas e em especial na nossa Vicência cristã.
Precisamos que dos nossos púlpitos o amor volte a
ser proclamado com verdade, ousadia e muita fé.
Precisamos nos abster de exaltarmos os nossos já
tão inflados egos.
Precisamos focar tudo no Autor e Consumador da
nossa fé.
A essência das pregações que devem fluir dos nossos
púlpitos, bem como de nossas vidas deve ser o genuíno amor de Deus demonstrado pelo
sacrifício do seu Amado Filho na cruz ensanguentada.
Que Deus nos ajude e tenha misericórdia de nós!!!
Soli Deo Gloria!!!
Joel da Silva Pereira