Um
fraco. Um homem falho como qualquer outro. Um homem carente de oração. Um homem
pecador. Essas são as características de um verdadeiro pastor que serve
humildemente ao Senhor, porém a imagem que a maioria das pessoas vislumbra é a
de um supercrente, um homem que jamais peca. Não poderiam estar mais enganadas.
Deve
ser duro ler que um pastor é um fraco (e escrever o é ainda mais,
principalmente se é esse o seu chamado e a sua vocação), porém essa assertiva é
mais do que verdadeira. O pastor é um ser humano frágil e tão carente de orações
como qualquer outro, e eu diria que até mais, pois a responsabilidade que está
sobre os seus ombros não é pequena.
É
verdade que a visão que os “pastores” da moda passam hoje é vergonhosa e
completamente diferente daquela que vemos especificada nos escritos de Paulo
mais especificamente em sua primeira epístola a Timóteo capítulo 3 quando
discorre sobre as qualificações do candidato ao sagrado ministério.
A fé vem sendo mercadejada de maneira vil e
torpe enlameando o sagrado ministério. Nas palavras de Eugene Peterson: “o
pastorado opera a partir de uma longa tradição em Israel e na Igreja. Esse rico
legado tem sido corrompido nos dias atuais”.
Os
dias podem ser diferentes, mas os pseudos-pastores estão transformando a casa
de Deus em covis de ladrões. Com suas artimanhas eles deturpam as Escrituras
para justificar os seus descalabros. E para espanto geral, a igreja assiste
inerte a esse show de horrores que dissemina imundícies no seio da noiva do
Cordeiro.
Ao
ler os relatos da cristandade, mais especificamente os relatos sobre os reformadores
e os puritanos, encontramos um zelo arraigado, e, também e acima de tudo, uma
devoção sincera e contagiante nutrida por esses devotados servos do Senhor que
foram separados para o sagrado ministério; devoção a Deus que os chamou e pela
honra e privilégio de terem sido por Ele separados para tão maravilhoso
ministério. Eles entendiam que estavam no ministério não por suas próprias
forças ou vontades, mas sim porque era essa a boa, agradável e perfeita vontade
de Deus para as suas vidas. Eles eram totalmente dependentes do Espírito Santo,
que confirmava através das Escrituras o chamado ministerial desses homens que
se entregaram de corpo e alma ao sagrado ministério, pois estes sim, a exemplo
de raríssimas exceções hoje, colocaram a mão no arado e não ousaram olhar para
trás.
Que diferença vivenciamos nos dias atuais! Hoje
para ser ordenada a pessoa basta apenas sonhar que tem que ser um pastor e
pronto e então no outro dia é ordenado. Simples assim! Onde está o chamado?
Onde está a convicção? Onde está o preparo? Se assim for, os seminários
teológicos evangélicos devem fechar as suas portas, uma vez que conhecer
Teologia, Hermenêutica, Homilética, Línguas (Hebraico e Grego), Exegese,
Teologia Bíblica (essa é que não precisa mesmo) e as demais disciplinas da
grade curricular dos seminários não se faz mais necessário. Basta apenas
sonhar! Assim podemos reformular a frase de René Descartes: “Penso, logo
existo!” para “Sonho, logo sou pastor!”
Hoje
títulos são distribuídos sem o menor discernimento. E para piorar não basta
mais apenas ser chamado e separado por Deus para ser pastor, temos que buscar
ainda mais. Faz-se necessário ser “apóstolo” ou em um extremismo total
“patriarca dos apóstolos”. Diante dessas aberrações me pergunto: “meu Senhor
aonde vamos parar?”. E o que mais me impressiona e entristece é que temos
conhecimento de que tudo isso é antibíblico e a igreja assiste a este show de
horrores passiva como se isso não a afetasse.
Infelizmente
parece que estamos vivenciando os tempos do profeta Jeremias e se os
“pseudos-pastores” atentassem para as palavras do profeta com certeza (pelo
menos esse é o meu desejo) mudariam as suas posturas. Já imaginou receber uma
mensagem dessas da parte Daquele a quem você diz servir: “Chorai, pastores, e
clamai; revolvei-vos na cinza, vós que sois os principais do rebanho; pois já
chegou o dia de serdes mortos, e eu vos despedaçarei, e vós então caireis como
carneiros escolhidos. E não haverá refúgio para os pastores, nem lugar para
onde escaparem os principais do rebanho. Aí está o grito dos pastores, o choro
dos principais do rebanho; porque o Senhor está devastando o pasto deles.” (Jr
25.34-36) Essas palavras (acho eu) não existem nas “Bíblias” desses
pseudos-pastores que se acham infalíveis e acima do bem e do mal.
Diante
desse horrendo quadro que vivenciamos e da terrível, porém verdadeira mensagem
de Jeremias devemos orar mais e zelar pelos pastores que ainda se comprometem
em propagar as verdades do evangelho da graça de Cristo. Esses homens devem ser
alvos de nossas súplicas, pois cabe a eles a missão de guiar a Igreja do Senhor
pela direção, dependência e em submissão ao Espírito Santo.
O
pastor é um homem fraco que em toda sua imperfeição é escolhido e separado por
Deus para uma obra específica e árdua que requer dele uma entrega total em
plena dependência do Espírito Santo, e em meio a toda a sua imperfeição ele
deve reconhecer que o seu ministério pertence ao Senhor da glória que o
escolheu sem nenhum merecimento. É essa verdade que vem sendo deturpada hoje
pelos pseudos-pastores que se colocam como “senhores sobreanos” das igrejas que
pastoreiam como se essas lhes pertencessem. A igreja é e sempre será do Senhor!
Que
Deus em sua imensa graça tenha misericórdia desses homens, pois um dia Ele virá
acertar as contas com todos, sem exceção.
Que
Deus nos dê pastores segundo o seu coração tal qual deu Davi a Israel, seu povo
amado!!!
Que
Deus em sua imensa graça tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!
Soli
Deo Gloria!!!
Joel
da Silva Pereira