Há uma canção do Grupo Logos que diz o seguinte: “Senhor Jesus, ainda não entendo o espinho, mas, se o mesmo, faz parte da tua cruz, eu o aceito...”
Essa canção nos remete a famosa
passagem de II Coríntios 12. 1-10, na qual Paulo relata acerca do espinho que o
afligia. Sobre esse “famoso” espinho recaem as mais variadas teorias,
entretanto o que deveria ser ressaltado é o fato que Paulo relata que orou por
três vezes pedindo a Deus que o livrasse desse espinho, mas Deus em sua
soberania disse a ele: “A minha graça te é suficiente”.
Hoje, com o advento de toda sorte de
doutrinas heréticas, está sendo propagado na maioria das igrejas que os
cristãos devem viver sem nenhum tipo de sofrimento ou aflição, pois de acordo
com o que é relatado pelo profeta Isaías acerca do servo sofredor (Is 53) toda
a aflição findou-se na cruz com Cristo; os proclamadores dessas doutrinas interpretam
o santo texto de Isaías, ao que parece da seguinte forma: “Se Jesus já passou
por todo tipo de sofrimento e pesar, eu que sou seu filho estou liberto dessa
maldição!” Será que tais pregadores nunca leram sobre a vida do apóstolo Paulo
e das lutas e sofrimentos enfrentados por amor ao evangelho da graça de Cristo?
Não estou fazendo apologia ou discursando
em prol de uma vida de comiseração, mas sim defendendo que o Santo Livro não
nos ensina que estaremos isentos de dor, provas, tribulações enquanto aqui
vivermos. O Santo Livro nos ensina, sim, que haverá um dia onde o Senhor enxugará
dos rostos dos seus escolhidos toda lágrima e os aliviará eternamente de suas
dores (Ap 21.4), mas isso não ocorrerá aqui, mas sim na glória celeste onde
reinaremos com o Leão da Tribo de Judá.
As Escrituras ensinam que todos os
servos verdadeiros que querem viver uma vida piedosa em Cristo padecerão
perseguições (II Tm 3.12). Ninguém, a exceção de Cristo, poderia escrever tais
palavras melhor que o apóstolo Paulo, dado aos inúmeros reveses que sofreu
durante o exercício do seu ministério.
Não é necessário examinar a vida de Paulo
para entender que o cristão não está isento de passar por dores, sofrimentos e
até ter espinhos em sua carne. O maior exemplo, de sofrimentos e lutas, é o
próprio Cristo. Muitos pensam que o maior sofrimento ou maior ato de humilhação
de Jesus foi o sofrimento na cruz! O maior ato de humilhação e sofrimento na
vida de Cristo foi Ele ter-se feito carne e habitado entre nós (Jo 1.14). Depois
disso, Ele passou por inúmeras provas, sofrimentos e dores como está descrito
no livro do profeta Isaías (que hoje é mal interpretado propositadamente por
homens que não têm compromisso com Deus e sua palavra bendita): “Verdadeiramente
ele tomou sobre as nossas enfermidades de levou sobre si as nossas dores; e nós
o consideramos aflito, ferido por Deus. [...] Ele foi oprimido e afligido, mas
não abriu a boca; e como a ovelha muda foi diante dos seus tosquiadores, ele
não abriu a boca.” (Is 53.5,7). Se isso não padecer sofrimento, devo dizer que
não sei mais o que poderia ser!
O exemplo de Cristo revela a terrível
geração de murmuradores e queixosos que nos tornamos. Cristo passou por
situações mais aterradoras que as nossas, e mesmo diante da morte iminente, ele
não resmungou, murmurou, nem sequer abriu a boca. Podem até dizer, mas ele é
Deus e é onipotente, mas muitos se esquecem de ou não querem aceitar (pois se o
fizerem ficam sem desculpas) que Cristo era 100% homem, como relatado em
Filipenses: “Assim na forma de homem, humilhou a si mesmo, sendo obediente até
a morte, e morte de cruz” (Fp 2.8), e tudo o que suportou em sua carne, ele o
fez como sendo cem por cento homem, ou seja, o Cordeiro de Deus, viveu uma vida
de dores, aflições e privações, e por que queremos viver de modo diferente? Em
que somos melhores que o Messias?
A geração atual é egocêntrica e muito
mimada. Uma geração que quer ser adulada e paparicada de todos os lados. Uma
geração que quer ser “cristã” sem ter que carregar a cruz. Uma geração que não
lê as palavras do próprio Cristo: “No mundo tereis tribulações” (Jo16. 33). Uma
geração que mesmo se dizendo cristã ignora essa contundente verdade, e defende
que a vida cristã deve um mar de rosas. E para piorar ainda mais esse tão
terrível quadro, essa geração, corrompida e analfabeta da Bíblia, dissemina a ideia
de que a vida é um mar de rosas como uma verdade absoluta, como se esta fosse a
verdadeiramente a mensagem do evangelho da graça de Cristo.
Ao olharmos para o relato de Isaías
acerca do servo sofredor, a saber, o Messias e tudo o que Paulo passou e
suportou, temos que entender que há algo primordial nas vidas de ambos, e é claro
que infinitamente mais na vida de Cristo, que fez toda a diferença. Algo que os
fez perseverantes e submissos à vontade soberana de Deus, esse algo primordial
chama-se PIEDADE! Uma vida piedosa sempre trará consigo lutas, revezes e até
espinhos.
No verdadeiro evangelho da graça de
Cristo há uma cruz, lutas, dores, sofrimentos, perseguições, tribulações e toda
sorte de outras intempéries, mas há, e sempre haverá Jesus Cristo conosco todos
os dias até a consumação dos séculos (Mt 28.20).
O reverendo Augustus Nicodemus disse:
“Deus nunca nos prometeu uma viagem tranquila, somente uma chegada certa!”
Em meio a tudo isso, que os
verdadeiros servos do Senhor guardem e se apeguem com amor, fé e devoção às
palavras de Cristo para Paulo: “A minha graça te é suficiente”, mesmo que não
entendam os espinhos, as aflições, as lutas ou quaisquer que sejam as adversidades,
a graça do Senhor é suficiente!
Sola Gratia!!!
Que Deus tenha misericórdia de nós e
nos ajude!!!
Soli Deo Gloria!!!
Joel da Silva Pereira
Palavra encorajadora e consoladora.
ResponderExcluirNão há exemplo maior do que o de Cristo. Se citarmos nossos conservos, louvemos a Deus por tais membros de Cristo.
Sirvamos ao Senhor e ao seu povo com os dons que ele nos deu para edificar a igreja.
Soframos por ele como bons soldados de seu reino! Treinemos juntos como atletas mais que vencedores, nas provações e tribulações daqui. Semeemos com lágrimas e ceifemos com alegria, até a nossa partida para a casa eterna.
Não temamos, porque em Cristo teremos paz (Jo 16:33a).