sábado, janeiro 07, 2012

Mortos não têm Vontade!!!!




O reverendo e teólogo metodista Richard Watson disse: “por natureza o homem é totalmente corrompido e degenerado; por si mesmo é incapaz de qualquer bem... todos nascem num estado de morte espiritual.” Essa afirmação veio de um teólogo arminiano. Admira-me que um arminiano diga tal coisa, pois como se sabe os arminianos são defensores do ensino do livre-arbítrio. Contudo tal afirmação ensina que o homem está morto, o que não me deixa de questionar o seguinte: “Se o homem está morto e morto não tem vontade, então como pode ter o homem o livre-arbítrio?” Uma vez que tal ensino defende que o homem tem uma vontade livre! Como pode tal ensino ser concebido?
Os que acreditam no livre-arbítrio negam a doutrina da depravação total da raça humana, alegando que ainda há no homem algo bom que o faz voluntariamente voltar-se para Deus, ou seja, o homem tem em si mesmo o poder de arrepender-se de seus pecados. O homem, partindo dessa premissa, encontra em sim mesmo uma fé que o faz acreditar em Cristo por suas próprias forças sem a operação do Santo Espírito de Deus. O homem segundo tais defensores é dotado do livre-arbítrio.
Os arminianos defendem que o homem depois da queda não se depravou totalmente, apenas uma porção do homem foi afetada pelo pecado e a sua vontade de escolher voluntariamente o que é bom e desta feita o caminho que conduz a Deus não foi afetada. Mas, não é isso que ensina as Sagradas Escrituras.
Em Rm 5.12-21 Paulo ensina, mui claramente, que Deus criou o homem sob o princípio de representação. Todos caímos no primeiro Adão. “Por um só homem entrou o pecado no mun­do, e pelo pecado a morte; assim também a morte passou a to­dos os homens, porque todos pecaram” (v.12); “pela ofensa de um só morreram muitos” (v.15); “o julgamento derivou de uma só ofensa para a condenação" (v.16); “pela ofensa de um só rei­nou a morte” (v.17); “por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação” (v.18); “pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores” (v.19).

Deus age igualmente sobre a mesma base de representa­ção quanto à nossa salvação, como Paulo ensina no mesmo capí­tulo. Se foi justo que caíssemos pela desobediência do primeiro Adão, é igualmente justo que nos levantemos pela obediência do segundo Adão, Jesus Cristo. Em Adão tornamo-nos pecadores; em Cristo somos justificados e santificados e, por conseguinte ficamos libertos do pecado.

“Se pela ofensa de um só morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foi abundante sobre muitos... o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação, mas a graça transcorre de muitas ofensas, para a justificação. Se pela ofensa de um, e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça, reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo. Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para a justificação que da vida. Porque, como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também por meio da obediência de um só muitos se tornarão justos” (Rm 5.15-19).

Não admitir que herdamos de Adão o pecado é não crer que herdamos de Cristo a justiça. Não reconhecer que fomos condenados em Adão é não admitir que podemos ser salvos em Cristo. Porque, se não somos condenados pela desobediência de Adão, como podemos ser perdoados e justificados pela obe­diência de Cristo, de quem Adão foi figura? (Veja-se Rm. 5.14).

Defender o livre-arbítrio é defender que Deus não é soberano totalmente, mas apenas em partes, uma vez que a nossa salvação depende de nossa escolha e não de sua vontade soberana. Ou seja, o homem não precisa do Espírito Santo para convencê-lo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8) uma vez que ele próprio pode se conscientizar de sua condição pecaminosa, então me pergunto: “Qual a função do Espírito Santo?” Defender tal ensino implica dizer que o homem pode ser justificado por seus próprios méritos, uma vez que escolher já se constitui em um ato humano! Mas, então como harmonizar isso com os ensinamentos bíblicos? Resposta: “É impossível!”

O profeta Isaías declarou: “Todos nós somos como o imun­do, e todas as nossas justiças como trapos da imundícia” (Is 64.6). Se o melhor de nosso ser e de nossos atos, a saber, nossa justiça, é como trapos da imundícia, que dizer de nossos pecados?

A Bíblia diz que não conhecemos nossos próprios corações. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?” (Jr 17.9). Foi esta a experiência de Moisés, quando pôs a mão no seio; tirando-a depois “eis que a mão estava leprosa, branca como a neve” (Êx 4.6). Ele não sabia que possuía lepra em seu seio. Deus provou Ezequias, para mostrar-lhe tudo o que lhe estava no co­ração (II Cr 32.31). Do coração, que pensamos ser tão bom, é que procedem todos os males (Mc 7.18-23).

Todo estudante da Bíblia conhece como Paulo descreveu o homem, em sua epístola aos Romanos, cap. 3, vs. 10-18. Aí retrata ele tristemente todo o gênero humano, tanto judeus como gentios, como completamente contaminado, desesperado e desamparado, humanamente falando.

“Não há justo, nem sequer um, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, a uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aber­to; com a língua urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios; a boca eles a têm cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue; nos seus caminhos há destruição e miséria; desconheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos”.

Paulo diz ainda que “o homem natural”, isto é, o irregenerado “não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem espi­ritualmente” (I Co 2.14). Disse também que “o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar” (Rm 8.7).

Os pensamentos de seu coração são maus de contínuo. Até suas justiças são trapos imundos, à vista de Deus. Seu coração é enganoso e desesperadamente perverso, cheio de lepra espiritual — fonte de todos os pensamentos e ações más. Sua condição é de completa contaminação e impiedade, de desespero e desamparo. Ê cego, e somente Deus pode abrir-lhe os olhos. É escravo, e somente Deus pode libertá-lo.

Encerro este artigo dizendo que depois desse estudo detalhado dos textos bíblicos aqui mencionados me mostram que o livre-arbítrio é uma ilusão do enganoso coração humano, e ainda assevero que defunto não tem vontade, e como a raça humana está morta em delitos e pecados não tem vontade alguma e muito menos que essa “vontade” a possa conduzir à salvação!

“Pode um cadáver, no túmulo, erguer-se daí pela mú­sica mais suave que já se tenha inventado, ou pelo mais retumbante trovão que pareça abalar os pólos da terra? Tal acontece com o pecador, morto em delitos e pecados: não se move pelo trovão da lei, ou pela me­lodia do Evangelho. “Pode acaso o etíope mudar a sua pele ou o leopardo as suas manchas? Então poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal. (Jr 13.23)”.

E nas palavras de um dos maiores arminianos da história cristã, o grande John Wesley: “Reconhece-te pecador e de que maneira o és. Reco­nhece a corrupção de tua íntima natureza, pela qual estás muito distanciado da justiça original, e pela qual “a carne cobiça” sempre “contra o espírito”, median­te essa “mente carnal” que “é inimiga de Deus”, que “não é sujeita à lei de Deus, nem de fato o pode ser”. Sabe tu que és corrompido em toda a tua capacidade, em cada faculdade de tua alma. Sabe que és total­mente corrompido em tudo isso, inteiramente perver­tido. Os olhos do teu entendimento estão obscurecidos, de sorte a não poderem discernir Deus, ou o que lhe diz respeito. As nuvens da ignorância e do erro permanecem sobre ti, envolvem-te com a sombra da morte. Ainda não sabes nada como devias saber, nem a respeito de Deus, nem do mundo, nem de ti mesmo. Tua vontade não é mais a vontade de Deus, mas está inteiramente pervertida e falseada, avessa a todo o bem, a tudo quanto Deus ama, e inclina-se para todo o mal, para toda abominação que Deus odeia. Teus afetos estão alienados de Deus e se distribuem por toda a terra. Todas as tuas paixões, sejam desejos, ou aversões, alegrias ou dores, esperanças ou temo­res, estão desajustadas, não se mantêm nas devidas proporções ou têm por alvo objetos impróprios. As­sim sendo, não há sanidade em tua alma, mas “desde a planta do pé à cabeça (na expressão forte do pro­feta) não há coisa sã, senão feridas, contusões e cha­gas inflamadas”. Tal é a corrupção inata do teu coração, de tua íntima natureza... E que frutos podem brotar de tais ramos? Só frutos amargos e ruins continuadamente”.

A doutrina da total depravação ou incapacidade do homem não podia ser expressa em linguagem mais forte do que a empregada acima, pelo notável arminiano João Wesley.

Se Wesley sendo arminiano refutou o livre-arbítrio eu não posso dizer mais nada!!!!

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Gloria!!!


Joel da Silva Pereira
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6 comentários:

  1. pois é... não acredito mais em livre arbítrio!
    O homem não tem condições de fazer escolhas que lhe aproximem de Deus mesmo. Graças a Cristo temos o Espírito Santo para nos convencer.

    Aprendi muito com esse artigo. Gostei!

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  2. Concordo plenamente! Não escolhemos Deus, Deus é quem nos escolhe! Ele é o responsável pela nossa salvação, não podemos fazer nada para obtê-la, absolutamente nada! Ele nos escolhe, nos convence, nos santifica e nos salva. Ele é soberano e justo, sempre!

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  3. Nem se precisa dizer mais nada. Ou Deus é soberano ou não é. E pronto.

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  4. Excelente Post! Estava procurando blogs realmente reformados para postar em minha página no facebook. https://www.facebook.com/pages/Biblioteca-Reformada/217008945052914 ,Depois de ler esse artigo comprovei.
    SOLI DEO GLÓRIA!

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  5. Deus, autor da vida!

    :)

    Doce soberania de Deus!

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  6. Muito bom teu texto. As indagações feitas nos levam de fato a refletir..

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