Em
sua epístola aos hebreus o sagrado escritor traz um alerta muito forte à
igreja: “Ora na vossa luta contra o pecado, ainda não tendes resistido até o
sangue...” (Hb 12.4).
A
autoria dessa famosa carta é desconhecida, mas o seu conteúdo é de suma
importância para a igreja hodierna. Mas, o que o escritor quis dizer ou ensinar
com a expressão “resistido até o sangue”?
Será que a igreja em sua luta contra o pecado resiste até o sangue?
No
Antigo Testamento, mais precisamente na Lei de Moisés (o Pentateuco) está
escrito que o povo de Deus está proibido de comer sangue (Lv 17.14), porque a
vida de toda a carne é o seu sangue. Como um exímio conhecedor do Antigo
Testamento, o escritor traz a referência do significado do sangue na Lei para
uma aplicação no tocante à luta do cristão contra o pecado. Se a vida está no
sangue, será que em sua luta contra o pecado a igreja tem resistido a ponto de
entregar a sua vida? Será que os cristãos hoje preferem morrer ao invés de
pecar? Até onde os cristãos estão dispostos a ir em suas lutas contra o pecado?
Inúmeras indagações são levantadas, mas nunca se encontra uma resposta pronta.
O
teólogo H. C. Trumbull disse: “o calvário mostra como os homens podem ir longe
no pecado, e como Deus pode ir longe para salvá-los”. Mesmo sendo sabedores
dessa terrível, porém maravilhosa verdade, muitos que se professam servos do
Senhor, vivem uma vida intensa de pecados, e alguns ainda cegos por seus altos
intelectos, acham que por estarem salvos nada mais precisam fazer para combater
o pecado, pois acham que como já que estão salvos, não têm mais que estarem lutando
contra o pecado. Ledo engano, pois o apóstolo Paulo alerta sobre uma luta
intensa entre a carne e o espírito (Gl 5.17).
A
luta do cristão contra o pecado só irá terminar quando duas coisas ocorrerem.
Esses dois eventos são: a volta gloriosa de Cristo onde os cristãos receberão
corpos glorificados ou no dia da morte de cada servo do Senhor, pois depois
disso ele esperará o soar da trombeta anunciando a volta do Rei dos Reis.
Enquanto esses dois eventos não ocorrerem a luta continuará e cada vez mais
será difícil e urdida.
O
cristão não pode ser negligente nessa luta, pois cada vacilo que comete cada
brecha que deixa aberta é uma oportunidade que o devorador pode usar para
tragar-lhe. Uma coisa que ocorre muito é o cristão querer usar a Bíblia de
forma distorcida pra justificar os pecados cometidos. Expressões como essas são
corriqueiras: “Ah, Davi era segundo o coração de Deus e pecou, por que eu não
posso pecar?” “Ah, Moisés era o mais manso da Bíblia e mesmo assim desobedeceu
a Deus?”
É
fato que esses homens erraram, mas não se pode justificar os erros atuais
apontando para os erros dos outros. Vive-se muito a síndrome de Adão que de
imediato culpou, não a Eva, mas a Deus que a tinha lhe dado por companheira.
A
síndrome de Adão é muito mais comum do que se pensa. Com o advento da teologia
da prosperidade e o crescimento exacerbado dos neo-pentecostais, a síndrome de
Adão se prolifera de maneira assombrosa. Uma vez que nas igrejas adeptas dessa
teologia não se prega e nem se ensina o Santo Evangelho, mas sim um evangelho
distorcido, é muito mais fácil se achar justificativas para o pecado, usando
textos isolados e fora de contexto, do que simplesmente confessá-lo e
abandoná-lo.
Alguns
vão até mais além. Alguns chegam ao cúmulo de atribuírem a culpa por seus
pecados ao Diabo, ao invés de se assumirem como pecadores miseráveis. É muito
mais fácil expulsar o demônio do que assumir que é um pecador miserável e assim
buscar a Deus arrependido e constrangido por se reconhecer pecador.
Há
em muitos, os quais se dizem cristãos, uma enorme quantidade do orgulho dos
fariseus, tal qual o que subiu ao templo junto com o publicano como revela as
Escrituras (Lc 10.9.18). O orgulho é um aliado primário do pecado, pois ele
endurece o coração do pecador ainda mais e o impede de reconhecer o que
realmente é, e dessa forma o torna insensível ao agir do Santo Espírito de
Deus.
O
que é incrível é que uma das maiores figuras da Bíblia, a saber, o profeta
Isaías, quando confrontado pela
santidade do Senhor dos Exércitos, não culpou ninguém por causa do seu pecado, pelo contrário ele se
reconheceu como um miserável pecador. Ele não procurou justificativas para o
seu pecado, antes não só se assumiu como pecador, mas chegou a conclusão que
toda a população era tão pecadora quanto ele e assim passível de punição por
parte do Deus Todo Poderoso.
Uma
coisa que os crentes precisam saber é que não se pode brincar de se
crente. Os crentes têm que entender é
que são chamados para serem santos e irrepreensíveis (Ef 1.4). Para ser santo e
irrepreensível o cristão deve lutar constantemente contra o pecado. E os
verdadeiros cristãos, que temem e amam ao Senhor, irão preferir morrer ao invés
de pecar.
“O
que encobre suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa
alcançará misericórdia.” (Pv 28.13)
“Arrependei-vos,
porque está próximo o reino dos céus.” (Mt 3.12; Mt 4.17)
Que
Deus nos ajude e tenha misericórdia de nós!!!
Soli
Deo Gloria!!!
Joel
da Silva Pereira
Tema e texto muito relevante para a nossa consagração pessoal a Deus. Aquilo que somos revela mais sobre nós do que aquilo que fazemos ou dizemos. Por isso, precisamos confessar nossos pecados e nos arrepender de pecar contra o Deus vivo. Ele nos ama, e este é o motivo de nos apegar e desenvolver nosso relacionamento de amigo, servo e filho do Soberano.
ResponderExcluirApós conhecê-lo, carecemos de demonstrar a sua vida e seu bom perfume ao mundo, porque para isto somos chamados, comissionados enviados ao campo.
Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude a fazer a vontade dele, revelada em sua bendita Palavra. Amém.