sexta-feira, março 30, 2012

"Respeitável Público"


“Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor.” (Sl 122.1).
Essa verdade tem sido deturpada hoje! A maioria das igrejas hoje ao que parece não estão mais cultuando ao Deus Vivo. O convite que o salmista recebeu e com o qual se alegra, não mais ressoa nos corações dos cristãos com o mesmo valor e apreço que havia nas palavras do salmista. A ida à casa do Senhor não é mais um ato de alegria e amor, mas, sim um culto a religião, uma busca de mostrar à sociedade que zela-se também pelo âmbito espiritual em sua vida.
Infelizmente cultuar a Deus nos dias de hoje, tornou-se um negócio, um evento rentável.  As atitudes dos crentes com relação a sua igreja apenas, piora quadro terrível que grassa o meio cristão, este horror se propaga, por intermédio de tele-evangelistas com suas pregações humanistas e triunfalistas elevam o homem a patamares gloriosos fazendo com que este sinta-se “senhor” do próprio Deus. Dessa feita o culto se torna centrado no ego humano e não no Eterno. Sobre isso o grupo Logos canta o seguinte: “Quem ontem era servo, agora acha-se senhor e diz a Deus como Ele tem que ser!” Os cultos de hoje ao que se parece, perderam o foco bíblico. A Bíblia ensina que o nosso culto deve ser racional (Rm 12.1), mas, o que se vê é o emocionalismo barato e a banalização da espiritualidade.
A geração de hoje está em busca da religião show, do status que trazem os “holofotes gospels”! É provável que se troque a saudação cultual em nome de Jesus dos inícios dos cultos por: “Respeitável Público!”. Os cultos estão se tornando megaeventos, onde pregadores cobram somas altíssimas para pregar (não estou aqui dizendo que o obreiro não deva receber pelo seu trabalho, pois, a Bíblia ensina que digno é o obreiro do seu salário) (I Tm 5.18).
Um dos princípios da reforma protestante do século XVI é este: SOLI DEO GLORIA! Contudo, esse princípio foi a muito esquecido. O que mais me espanta é que isso não é algo recente. O “príncipe dos pregadores”, a saber, Charles Spurgeon, enfrentou algo semelhante, sobre o qual falou: “Quando a antiga fé desaparece e o entusiasmo pelo evangelho é extinto, não é surpresa que as pessoas busquem outras coisas que lhes tragam satisfação. Na falta de pão, se alimentam com cinzas; rejeitando o caminho do Senhor, seguem avidamente pelo caminho da tolice”.
A antiga fé vem sendo pouco a pouco escanteada. O evangelho tem que acompanhar a tendência da época, e se assim não for ele não atrai mais as pessoas às igrejas e para não perderem seus rebanhos muitos têm mudado suas práticas litúrgicas tradicionais para algo que seja mais atrativo e que chame a atenção das pessoas, assim só se falta bradar dos púlpitos: “Respeitável Público!” Que vergonha!
Esse é um problema corriqueiro, pois, em 1955, A. W. Tozer escreveu as seguintes palavras: “Durante séculos a igreja manteve-se firme contra toda forma de entretenimento mundano, reconhecendo-o como um dispositivo para se perder tempo, um refúgio contra a perturbadora voz da consciência, um plano para se desviar a atenção de contas quanto à moral. Por manter sua posição, ela sofreu abusos por parte dos filhos deste mundo. Ultimamente, entretanto, ela se cansou de ser abusada e simplesmente desistiu da luta. Parece ter firmado a posição de que, se não pode vencer o deus do entretenimento, o melhor que pode fazer é unir suas forças às dele e aproveitar o máximo de seus poderes. Por isso, contemplamos hoje o assombroso espetáculo de milhões de dólares sendo vertidos no negócio nada santo de prover entretenimento mundano aos chamados filhos dos céus. O entretenimento religioso está, em muitos lugares, rapidamente desalojando as sérias coisas de Deus. Muitas igrejas, em nossos dias, se tornaram nada mais que pobres teatros onde “produtores” de quinta categoria mascateiam suas mercadorias de baixo valor com plena aprovação dos seus líderes evangélicos, que chegam a citar textos bíblicos para justificar tal delinquência. E é difícil acharmos alguém que ouse levantar a sua voz contra isso".
Comentando essa colocação de Tozer o pastor John MacArthur disse: “De acordo com os padrões da atualidade, as questões que tanto inflamaram as paixões de Tozer parecem insignificantes. Por exemplo, igrejas estavam atraindo pessoas para seus cultos de Domingo à noite através da apresentação de filmes cristãos. Encontros de jovens eram realizados tendo como atração a música contemporânea e palestrantes cuja especialidade era o humor. Jogos e atividades onde se gasta muita energia passaram a desempenhar um papel chave no trabalho com os jovens das igrejas. Olhando para trás, parece difícil entendermos a angústia de Tozer. Raramente alguém hoje fica chocado ou preocupado com quaisquer métodos que pareciam radicalmente inovadores nos anos cinquenta. A maioria deles é hoje vista com naturalidade”.
Esse é um retrato da igreja cristã norte-americana, mas, não deixa de retratar o que se vivencia na maioria das igrejas hoje em todo o mundo. Trocando os padrões bíblicos de culto a Deus pelo modismo do mundanismo. Será que esse o padrão de culto que glorifica e exalta a Deus?
Remar a favor da corrente, nos faz ser levado pela correnteza, porém está à revelia disto, mostra a diferença a qual o verdadeiro evangelho se propõe. É bem certo que há ainda sim igrejas que propagam o verdadeiro cristianismo, e oramos a Deus para que estas cada vez mais sejam evidenciadas como marca do verdadeiro evangelho.
Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!

Soli Deo Gloria!!! 

Betânia Borges Cunha
Joel da Silva Pereira

sábado, março 17, 2012

Um Deus Irado!

 

Essa mensagem pode despertar as pessoas não convertidas para o significado do perigo que estão correndo. Isso que vocês escutaram é o caso de todo aquele que não está em Cristo. Esse mundo de tormento, isto é, o lago de enxofre incandescente, está aberto debaixo de vossos pés. Ali se encontra o terrível abismo de chamas que ardem com a fúria de Deus, e o inferno com sua imensa boca escancarada. E vocês não têm onde se apoiarem, nem coisa alguma onde se segurarem. Não existe nada entre vocês e o inferno, senão o ar, e só o poder e o favor de Deus podem vos suster.”
Tais palavras foram pronunciadas pelo pregador Jonathan Edwards em seu famoso sermão Pecadores nas Mãos de um Deus Irado pregado em Enfield em 08 de Julho de 1741 Connecticut – EUA.
Não encontramos mais essas palavras na maioria dos púlpitos de nossas igrejas e muito menos nos corações e nas vidas daqueles que se dizem cristãos. O que nos parece é que os que se professam cristãos a muito se esqueceram do texto de Paulo aos romanos: “Portanto, a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e justiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça, pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das criações de forma que os tais homens são indesculpáveis;” (Rm 1.18-20)
Um texto tão claro e maravilhoso, mas que a muito é escanteado porque ninguém quer pensar que um Deus que é todo amor também é um Deus que se ira contra a sua criação. Deus tem que ser sempre amor e não pode castigar a humanidade depravada de maneira nenhuma. A humanidade decaída e depravada não pode ser castigada pelos seus pecados. E o pior, é que muitas igrejas defendem e pregam a doutrina de um Deus que é totalmente amor e que não fica irado contra o pecado! Será que não existe o texto que citamos acima em suas Bíblias? Existem mas pelo que se vê é que textos como este são ignorados e não lidos, uma vez que eles não massageiam o ego humano decaído.
O texto da epístola de Paulo aos romanos é claro, a ira de Deus se manifesta dos céus contra toda impiedade fechar os olhos para essa verdade é fechar os olhos para o evangelho puro e simples da graça de Cristo. Muitos pregadores excluem essa verdade de suas pregações, pois ela revela uma verdade incontestável que se anunciada pode gerar o esvaziamento de suas igrejas, uma vez que o evangelho que se prega hoje é o evangelho da facilidade, da prosperidade que defende que toda a humanidade é boa e merece as delicias do Reino de Deus. Eles usam um jargão, que deturpa o ensino das Santas Letras, “Deus odeia o pecado, mas ama o pecador!” dizem tais pregadores. Isso é maquiar a verdade! É mentir! E dizer o que as Escrituras não dizem! O salmo cinco desmascara essa hedionda farsa usada pra “amenizar” a ira de Deus sobre o pecador, nos diz assim o texto sagrado: “Os arrogantes não são aceitos na tua presença; odeias todos os que praticam o mal.” Não poderia ser mais claro que o jargão em questão não passa de um embuste para esconder a terrível, todavia eterna verdade de que a ira de Deus se revela dos céus contra toda impiedade, em outras palavras, a ira de Deus se revela contra todos os que praticam o mal. Negar isso é negar a soberania de Deus, e as Escrituras que dizem que não há um justo sequer e ninguém que pratique o bem (Sl 14.3; Rm 3.10, 12). Se a própria Bíblia fala que não há ninguém que faço o bem, por que insistir nessa demagogia de que a humanidade decaída e depravada é boa?
A humanidade depravada nasce com a maldição de Adão e dessa forma é indesculpável diante do Santo e Trino Deus que manifesta a sua ira dos céus. Nas palavras de Jonathan Edwards: “Então, os homens impenitentes estão detidos nas mãos de Deus por cima do abismo do inferno. Eles merecem o lago de fogo e para ele estão destinados. Deus se acha terrivelmente irritado.”
Deus quando pelo seu Santo Espírito convenceu os seus do pecado, da justiça e do juízo não nos os livrou de seus pecados, ou de suas vidas desregradas, mas de sua própria ira. Jonathan Edwards foi mais do que feliz ao dizer que todos os homens não passam de pecadores nas mãos de um Deus irado. O que seria cair nas mãos de Deus? Segundo o escritor da epístola aos hebreus é uma coisa terrível (Hb 10.31). Edwards dá indicações de como é terrível cair nas mãos de Deus: “A ira de Deus é como grandes águas represadas que crescem mais e mais, aumentam de volume, até que encontram uma saída. Quanto mais tempo a correnteza for reprimida, mais rápido e forte será o seu fluxo ao ser liberada. É verdade que até agora ainda não houve um julgamento por vossas obras más. A enchente da vingança de Deus encontra-se represada. Mas, por outro lado, vossa culpa cresce dava dez mais, e dia a dia vocês acumulam mais e mais ira contra si mesmos. As águas estão subindo continuamente, fazendo sua força aumentar mais e mais. Nada, a não ser a misericórdia de Deus, detém as águas, as quais não querem continuar represadas e forçam uma saída. Se Deus retirasse sua mão das comportas, elas se abririam imediatamente e o mar impetuoso da fúria e da ira de Deus iria se precipitar com furor inconcebível, e cairia sobre vocês com poder onipotente. E mesmo que vossa força fosse dez mil vezes maior do que é, sim, dez mil vezes maior do que a força do mais forte e vigoroso diabo do inferno, não valeria nada para resistir ou deter a ira divina.”
Deus está irado! Essa é uma realidade que não pode ser suprimida ou escanteada como se não tivesse valor! A maioria dos pregadores a suprimem, e dessa forma maculam o evangelho da graça de Cristo por temerem o esvaziamento de seus templos, mas o que eles não enxergam é que suas igrejas já estão vazias. Vazias de homens e mulheres cheias de Deus. A humanidade inteira é digna da ira de Deus e de passar a eternidade no inferno, mas Ele rico em misericórdia e pelo seu grande amor com que nos amou nos deu vida (os eleitos antes da fundação mundo [Ef 1.4]) deu-nos vidas quando ainda estávamos mortos em transgressões (Ef 2.4).
O evangelho deve mostrar que a humanidade está morta em delitos e pecados e que ela é alvo de um Deus Irado. Não se pode mais omitir essa verdade aterradora. Não se pode mais tratar o home como se ele fosse o centro do mundo e assim massagear o seu ego e o seu coração com versos que só garantem uma vida de rosas. Rosas têm espinhos, será que não sabem disso?
Deus não trará Jonathan Edwards de volta a vida para pregar de novo o sermão Pecadores nas mãos de um Deus irado. Cabe a essa geração mudar isso pela graça e pelo poder do Espírito Santo.

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Gloria!!!

Joel da Silva Pereira

sábado, março 10, 2012

Sola Scriptura!!!


“Não aparte de tua boca o livro desta Lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de obedecer a tudo o que nele está escrito; assim farás prosperar o teu caminho e serás bem sucedido.” (Js 1.9).
Assim falou Deus a Josué antes deste conduzir o povo em sua entrada na terra prometida. Um conselho divino ao jovem líder do povo judeu que ficaria como estatuto perpétuo para o povo eleito. Todavia, hoje esse conselho divino tem sido ignorado de uma maneira absurda por uma boa parte daqueles que se dizem povo de Deus. Ler, estudar e meditar na palavra da Deus são tarefas apenas para serem feitas nas igrejas; nos cultos da semana e na escola bíblica.
O profeta Oséias muitos anos depois de ter aconselhado a Josué escreveu o seguinte: “o meu povo está sendo destruído porque lhe falta conhecimento” (Os 4.6a). Com o tempo o povo se afastou da Palavra de Deus. O analfabetismo bíblico é algo que se alastra vorazmente no meio da igreja hoje, o que nos leva ao pensamento de que o profeta Oséias estivesse dirigindo suas palavras à nossa medíocre geração. Uma geração que não mais se debruça sobre as Santas Letras. A atual geração sabe mais acerca das coisas mundanas do que sobre as coisas espirituais. E o que mais causa espanto é que aqueles que são levantados por Deus para guiar e nutrir o seu povo estão cada vez mais negligentes na meditação e no estudo da Palavra de Deus. Como poderão nutrir o rebanho, se eles mesmos não buscam uma nutrição saudável? Como ensinar o povo a amar a Palavra de Deus se eles se mostram negligentes com a mesma?
Os reformadores entenderam que só a Palavra de Deus (Sola Scriptura) era digna de absoluta autoridade e confiança. Por isso eles lutaram para que a Igreja reconhecesse a autoridade absolutamente divina e a inerrância das Escrituras Sagradas e que a ela se submetesse, mas não foi isso que ocorreu. A igreja preferiu se colocar sob a tutela e a autoridade de homens que aos olhos de toda a sociedade eram reprováveis e praticantes dos mais absurdos atos de imoralidade, ou seja, preferiram glorificar a criatura em vez do Criador. Um triste passado que reflete com muita veracidade os nossos dias. Hoje homens querem estar no centro de tudo, e por conta do analfabetismo bíblico que grassa o nosso meio, esses homens estão ganhando mais e mais notoriedade, e tudo isso se encaixa na profecia de Oséias: “o meu povo está sedo destruído por que lhe falta conhecimento.” Na época da reforma o conhecimento da Palavra de Deus estava restrito aos clérigos e líderes da igreja, enquanto que o restante do povo estava cego e leigo acercas das verdades bíblicas, salvo pelas porções lidas e ensinadas de forma distorcidas pelos religiosos, imitando os fariseus e mestres da lei dos tempos bíblicos.
Lutero e os demais reformadores romperam com essa igreja corrompida e vi que deturpava o ensino das Sagradas Escrituras e que usava a Palavra de Deus ao seu bel prazer de forma a corroborar com suas atitudes absurdas e seus pecados mais vis. E isso acontece hoje! Homens que se julgam e se intitulam arautos do evangelho da graça de Cristo deturpam a sã doutrina e incute no meio da igreja ensinos heréticos que levam ao erro e que tornam a Palavra de Deus algo secundário a sombra de suas próprias imagens. A Bíblia não é mais suprema e nem absoluta! Os reformadores reafirmaram a supremacia das Escrituras sobre a tradição. Todas as doutrinas e ensinos estranhos às Escrituras devem ser rejeitados. Contudo, essa geração está vivendo em meio a um analfabetismo bíblico que é fortemente alimentado pela maioria daqueles que foram levantados como guia e líderes do rebanho de Cristo. Se tais homens não buscam no Precioso Livro a sabedoria e os conselhos para guiar as ovelhas, porque as mesmas deveriam estudar e meditar de dia e de noite nas Santas Letras, quando seus próprios líderes não o fazem?
O pior é que a situação está à vista de todos e pouco se faz no sentido de mudar tão devastador e crítico quadro. O que será que essa geração tola e insípida está esperando? Será que está com esperanças de que Deus ressuscite a Lutero dentre os mortos para que ele promulgue novamente a reforma? Ou que Deus inspire novamente a homens escolhidos segundo a sua soberana vontade e rediga uma nova versão das Sagradas Escrituras?
Temos que com a direção do Espírito Santo nos voltarmos com seriedade e urgência as Santas Letras, pois como disse o grande servo de Deus, João Calvino: “a Escritura é a escola do Espírito Santo na qual nem se tem deixado de pôr coisa alguma necessária e útil de conhecer, nem se ensina mais do que é preciso saber”.
Nas palavras do reverendo Hernandes Dias Lopes: “Algumas igrejas estão descambando para o liberalismo teológico, negando os postulados essenciais da fé. Outras estão se desviando para o misticismo sincrético, importando novidades estranhas à Palavra de Deus, abraçando outro evangelho, e não o evangelho da graça.” Tudo isso é com a permissão do “corpo de Cristo” que se tornou apático e ainda mais sem vida, pois não examina mais as Escrituras que testificam sobre Cristo. Uma vez mais ressoam em nossos corações a assertiva do profeta Oséias: “o meu povo está sendo destruído porque lhe falta conhecimento”.
Que em nossos corações e mentes se faça presente o conselho que Deus deu a Josué e que encabeça esse simples post: “Não aparte de tua boca o livro desta Lei, antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de obedecer a tudo o que nele está escrito; assim farás prosperar o teu caminho e serás bem sucedido.” (Js 1.9). Esse conselho dar respaldo para um dos cinco solas, e um dos que está mais abandonado, a saber, a Sola Scriptura!!!

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Sola Scriptura!!!!

Soli Deo Glória!!!

Joel da Silva Pereira

sábado, fevereiro 11, 2012

Apenas Servos!!

O ser humano vive em busca de respostas: de onde viemos? Para onde vamos? Quem somos? Estas questões filosóficas têm gerado inúmeras discussões desde a Antiguidade e certo que em busca de uma verdade que o conforte, que preencha o vazio existente em si, o homem busca respostas por intermédio da ciência, religião, ou a ausência de ambas. Nessa incansável procura nos esbarramos muitas vezes com disputa de poder, por dinheiro, cargos, enfim há um duelo constante por títulos; algo que faça o homem ser notado e/ou até invejado.
Esta é a busca, esta é a disputa, como cristãos, sabemos de onde viemos e para onde vamos, mas que na verdade somos?
Pessoas escondidas em títulos, ou bancos e Bíblias empoeiradas, talvez intimidados por uma voz exterior que grita mais alto, nos tornando invisíveis e conformados em ter apenas uma “religião”.
Se descobrirmos quem somos, por certo ninguém calará nossa voz, se soubermos o nosso objetivo real viveremos e aceitaríamos irrevogavelmente, nosso grandioso título de SERVOS DO DEUS ALTÍSSIMO.  
   No meio cristão está sendo desencadeada uma abrupta batalha em busca de títulos. Há muitos que estão em busca de ser chamados pastores, presbíteros, diáconos, bispos. Esses são os que encontramos respaldos bíblicos, mas, há algum tempo, se tem intensificado a busca de variados e inúmeros títulos que estão distante da verdade ensinada por Jesus Cristo. Os que almejam tal título se julgam detentores de um nível diferente de fé, os absurdos não param por aí. Títulos surgem aos montes diariamente corrompendo o santo evangelho da graça de Cristo.
Quando nos debruçamos nas Santas Letras não encontramos bases para essa disputa desenfreada por nomenclaturas. Apenas vemos Jesus ensinando que aquele que quer ser o maior fosse o menor (Lc 22.26), uma verdade e um ensino que vem sendo esquecido, pois, os pregadores humanistas de hoje estão ensinando o contrário. Com suas mensagens infundem nas pessoas o sentimento de que elas são dignas de ostentarem títulos e que por intermédio destes podem alcançar a “graça de terem o holofote sobre si”, desviando o foco do Evangelho da Graça. Mas, sinceramente não é isso que a Bíblia ensina. O grande apóstolo Paulo em suas cartas sempre se proclamava SERVO, num a pesquisa exegética chegamos ao vocábulo grego doulos que significa escravo, Paulo chamava a si mesmo de escravo. Se o grande Paulo se intitulava de escravo por que queremos, correr em busca de tais títulos?
Neste contexto, percebemos que é mais fácil ser levados pela correnteza do que se opor a ela, por isso a maioria das igrejas definha, na crença as nomenclaturas, ladeando a preciosidade da cruz. Mas, como diz a Santa Palavra: “o deus deste século cegou o entendimento de muitos...” (II Cor. 4.4) Infelizmente esta cegueira tornou uma epidemia no meio do povo de Deus, mas, uma cegueira, que ousaria dizer, consegue enxergar, e perceber aquilo que lhes é conveniente, para viver um evangelho de facilidades, adequado a sua vida e não a Vida de Cristo.
            Tal evangelho de facilidades tem se tornado um câncer no seio da Igreja. Igrejas estão vendendo títulos e com isso enlameiam o bom nome do evangelho da graça de Cristo. O pior é que as pessoas estão engolindo esse torpe evangelho e dessa forma o mundo qualifica todos os cristãos tendo estes infames sedentos por títulos e holofotes como parâmetro. Eles não passam de sepulcros caiados como bem ensinou Jesus (Mt 23.27). O que mais nos deixa indignado é o fato das Escrituras asseverarem que quando os verdadeiros seguidores de Cristo tiverem concluído todas as suas incumbências serão tidos como SERVOS inúteis, então se as Escrituras asseveram isso por que essa disputa por títulos no seio da igreja?
Não podemos ostentar um título, devemos querer estar enquadrados no padrão de SERVOS.
Essa busca desenfreada por títulos vem apenas denotar o declínio do Cristianismo. Temos que como verdadeiros cristãos entendermos é que fomos chamados do império das trevas para o reino do Filho do seu amor (Cl 1.10).
Nas palavras do príncipe dos pregadores, a saber, Charles Haddon Spurgeon: “será que um homem que ama ao seu Senhor estaria disposto a ver Jesus, enquanto ele mesmo almeja uma coroa de louros? Haveria Jesus de ascender ao trono por meio da cruz, enquanto nós esperamos ser conduzidos para lá nos ombros das multidões, em meio a aplausos? Não seja tão fútil em sua imaginação. Avalie o preço; e se você não estiver disposto a carregar a cruz de Cristo, volte à sua fazenda ou ao seu negócio e tire deles o máximo que puder, mas permita-me sussurrar em seus ouvidos: “Que aproveita o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”
            É preciso lembrar que enquanto queremos uma coroa de louros para ser vistos, Jesus usou uma coroa de espinhos para nos salvar, o Filho de Deus despiu-se de sua glória para fazer a vontade do Pai (Fp. 2. 5-8). Precisamos reviver o evangelho da cruz para redescobrir nossa vestimenta real de servos (panos de saco e cinza, a exemplo do rei Ezequias, quando afrontado por Senaqueribe). Podemos concluir dizendo: “Hoje é como nos dias da reforma há necessidade de determinação; eis o dia para o homem, mas, onde está o homem para este dia? (John MacArthur Jr.). Assim perguntamos onde estão os servos para mostrar que há Luz em meio as Trevas?

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Gloria!!!

Betânia Borges Cunha
Joel da Silva Pereira





sexta-feira, fevereiro 03, 2012

Dons e Talentos!!!!

Hoje vemos no meio da igreja cristã uma multidão de homens e mulheres que se dizem possuidores de dons e talentos especiais. O Espiríto Santo é infinitamente poderoso pra dotar multidões com dons e talentos tais, únicos e irrevogáveis, mas devemos ter consciência de que se homens e mulheres foram dotados com tais dons e talentos são unicamente para servir ao Pai das Luzes com mais destreza e excelência, pois como nos ensina a sua rica e bendita palavra: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto do pai das luzes...” (Tg 1.17).
Contudo, o que vemos são homens e mulheres batendo em seus peitos com egos inflados dizendo que os dons são seus e que os usam como e quando quiserem. Isso nos a leva ao seguinte questionamento: “Onde está a humildade?”
Quando olhamos para a história da cristandade, encontramos variados exemplos magníficos de servos e servas dotados com dons e talentos extraordinários, mas havia algo diferente em suas vidas. Eles diferentemente dessa geração atual reconheciam e aceitavam que os dons e talentos que havia em suas vidas de maneira alguma eram propriamente seus, mas vinham do Pai das luzes do qual procedem toda boa dádiva e dom perfeito. Esse reconhecimento é quase inexistente hoje. O que se vê é uma distorção da verdade bíblica. Homens e mulheres tomam para si uma honra que não lhes cabem e se valem de seus dons e talentos para encherem suas igrejas e para alimentarem seus já tão inflados egos.
Deus concedeu dons aos homens segundo a medida da fé de cada um, mas os homens se esquecem que até esta fé que eles têm não é originada em seus corações depravados. Essa fé é gerada em seus corações pelo Espírito Santo quando o convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.10). Ora se até a própria fé, pela qual os homens creem em Deus, não é algo meramente humano, pois foi concedida por Deus.
Os apóstolos, os pais da igreja, os reformadores, os puritanos e tantos outros que foram levantados por Deus para realizarem a sua obra foram dotados com dons e talentos extraordinários, e realizaram grandes obras e por intermédio de seus frutuosos ministérios anunciaram poderosamente o evangelho da graça de Cristo e todas àquelas vidas que estavam destinadas à salvação se arrependeram e creram em Cristo Jesus. Todavia, mesmo com ministérios tão excelentes eles entendiam que tudo o que realizaram não foram obras de suas mãos, mas acreditavam piamente que toda a sua capacidade vinha do Pai das luzes, pois “porque todas as coisas são Dele, por Ele e para Ele. A Ele seja a glória eternamente. Amém!” (Rm 11.36)
Hoje o ego humano tem sido alimentado sobremaneira. Pregações humanistas e triunfalistas colocam os homens em pedestais, e o que mais nos alarma é o fato de que os homens se acham dignos de tais honrarias. Os pregadores humanistas e triunfalistas distorcem o evangelho da graça de Cristo de tal modo que os homens passam a acreditar que os dons que Deus lhes concedeu é algo que eles merecem e que pode ser usado para o seu bel prazer. Tudo isso não está de acordo com as Escrituras Sagradas. Elas ensinam que Deus concedeu aos homens para que o seu santo nome fosse glorificado.
Os dons com os quais homens e mulheres foram dotados devem acima de tudo única e exclusivamente glorificar a Deus.
Antes da reforma os clérigos e líderes da igreja usavam de sua “autoridade” e poder para initmidar e manter o rebanho debaixo dessa pseudo-autoridade. Não é diferente hoje, só que não é mais a “autoridade” que mantém o rebanho cativo, mas sim as demonstrações de PODER e dos dons do Espírito Santo. Dessa forma, gerando medo e admiração os líderes modernos mantêm seus rebanhos e os iludem fazendo com que pensem que os dons estão cativos às suas torpes vontades e não sob o controle do Santo Espírito de Deus.
Deus concede dons aos seus servos e servas para ser exaltado e glorificado e não para colocá-los em pedestais, mas sim para serví-lo em temor e tremor. Foi assim nos tempos bíblicos, no tempo dos pais da igreja, no tempo dos reformadores e dos puritanos e é assim hoje e o será eternamente.
Encerro este artigo com as palavras do saudoso John Stott: “Hoje em dia há um renovado interesse no tema do ministério e nos carismata (dons do Espírito) que qualifiquem e dão condições ao povo de Deus para exercer o seu ministério. Todos os dons espirituais (e são muitos)  destinam-se a algum tipo de ministério. São dados para serem exercidos  “visando um fim proveitoso”, tendo como propósito edificar a igreja, o corpo  de Cristo, de forma a crescer até a maturidade. Os dons que mais devem ser  procurados e apreciados, portanto, são os dons do ensino, já que é por meio  deles que a igreja é mais “edificada”.”

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Gloria!!!

Joel da Silva Pereira

P.S.Como todos os outros artigos este é dedicado acima de tudo e todos ao Pai das Luzes do qual procede toda dádiva e todo dom perfeito!!E a uma amiga que me ensinou muito em um simples conversa!Deus a abençoe ricamente!!

sábado, janeiro 21, 2012

Que Igreja,Que Geração!!!


A má teologia prejudica as pessoas e desonra a Deus. A igreja contemporânea vem disseminando uma teologia deturpada ao pregar um evangelho para os homens viverem comodamente satisfeitos suas vidas. Um evangelho torpe que atende sobremaneira a todos os desejos desta geração que não sabe que há mais valor no Eterno, e não nesta vida passageira. 
O evangelho que denuncia o pecado e que traz edificação aos santos está em processo de extinção, salvo algumas exceções, pois Deus ainda mantém um remanescente que ainda é fiel as antigas doutrinas da graça e que ainda prega o genuíno evangelho da graça de Cristo. Contudo, mesmo Deus preservando um remanescente, nos é impossível não perguntarmos: “O que há com igreja? E que tipo de geração esse evangelho torpe está criando?” Essas duas perguntas devem tirar o sono de qualquer cristão verdadeiro que acredita verdadeiramente no evangelho da graça de Cristo.
Em resposta temos que infelizmente a igreja tem se tornado como o mundo. O mundo está preocupado apenas no acúmulo desenfreado de riquezas. Dessa forma as igrejas manipulam o sagrado evangelho de Cristo para embasar suas falsas doutrinas. Manipulam de uma forma tão sutil e sórdida que os fiéis são iludidos e absorvem essa teologia depravada. Por pregarem essa má teologia onde o que importa é o TER e não o SER, tais igrejas se esquecem do senso de urgência que o evangelho requer de nós. Tal senso de urgência deveria fazer com que o cristão entendesse que por mais que ele viva no plano terreno sua vida está arraigada num plano ainda mais superior, a saber, no Eterno. Nesse aspecto da urgência de se preocupar e procurar viver a eternidade já aqui, não se tem melhor exemplo que os Puritanos. Eles de maneira alguma atribuíam demasiada importância as coisas desta vida em detrimento aos valores espirituais, mas as igrejas de hoje (em sua maioria) se tornaram insensíveis e indiferentes para com as coisas do alto e desta feita estão se conformando com este mundo e estão acumulando tesouros que o ladrão pode roubar e vivendo de uma maneira como se não conhecesse o Senhor. É como se as igrejas pregasse a Cristo apenas como salvador da igreja e não como o seu verdadeiro e suficiente Senhor, uma vez que por causa de sua má teologia, o seu senhor é Mamom.
Em resposta a pergunta sobre que geração está sendo gerada nessas igrejas, pode-se dizer que é uma geração que a sua esperança em Deus está apenas nas necessidades da existência terrena. A prioridade de suas orações evidencia essa situação lastimável. Uma geração que ora e jejua não porque quer estar em doce comunhão e profunda e santa intimidade com o Senhor ou crucificar a carne e assim renunciar a sua vontade, mas o faz em busca das bênçãos que Deus pode conceder, ou seja, Deus tem que satisfazer a vontade dessa geração se não Ele não será Deus, e muito menos dessa geração. O pastor John Piper comenta: “os mais mortíferos apetites não são pelos venenos do mal, mas pelos simples prazeres da terra. Os prazeres dessa vida e os desejos por outras coisas não são o mal e si mesmo. Não são vícios. São dons de Deus. Mas todos eles podem tornar-se substitutos mortíferos do próprio Deus em nossas vidas.”
Acumular preocupações com as coisas desta vida é um dos muitos ditames dessa má teologia que tem se alastrado no meio cristão. E tal ditame endurece a necessidade de buscar mais a Deus do que as bênçãos provenientes dele.
Uma igreja que deturpa o evangelho da graça de Cristo não pode de maneira alguma gerar cristãos saudáveis. Gerará sim, uma geração tão deturpada quanto o evangelho que por ela é ensinado. Uma geração que está longe de “fixar seus olhos não nas coisas que se veem, mas naquilo que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno” (II Co 4.18), tal geração está mui longe de entender esse rico princípio bíblico.
Ficamos a pensar (os autores deste artigo) qual seria a reação dos pais da igreja, dos reformadores, dos puritanos e de todos os que deixaram (sem citar Cristo e os apóstolos) tão rico legado doutrinário e que hoje é tão facilmente deturpado.
Uma igreja fria e vazia de doutrina, mas cheias de heresias e de pessoas vazias de Deus e uma geração totalmente desprovida de compromisso para com Deus e sua mui grandiosa e excelente obra.
Nas palavras do princípe dos pregadores, a saber, Charles Haddon Spurgeon: “quando o evangelho é pregado completa e poderosamente e o Espiríto Santo é enviado dos céus, nossas igrejas não apenas retêm os seus, mas ganham outros convertidos; mas quando desaparece aquilo que constitui a força da igreja – ou seja, ao ser encoberto o evangelho e menosprezada a vida de oração – tudo se transforma em mera aparência e ficção. Por isso, nosso coração fica machucado de tristeza.”  
Assim nos perguntamos: “Até quando ficaremos de braços cruzados inertes em nosso comodismo sem tomarmos nenhuma atitude que seja para mudarmos tão terrível quadro?”

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Gloria!!!

Joel da Silva Pereira
Sonaly Soares
                                                                                                                                  

sábado, janeiro 07, 2012

Mortos não têm Vontade!!!!




O reverendo e teólogo metodista Richard Watson disse: “por natureza o homem é totalmente corrompido e degenerado; por si mesmo é incapaz de qualquer bem... todos nascem num estado de morte espiritual.” Essa afirmação veio de um teólogo arminiano. Admira-me que um arminiano diga tal coisa, pois como se sabe os arminianos são defensores do ensino do livre-arbítrio. Contudo tal afirmação ensina que o homem está morto, o que não me deixa de questionar o seguinte: “Se o homem está morto e morto não tem vontade, então como pode ter o homem o livre-arbítrio?” Uma vez que tal ensino defende que o homem tem uma vontade livre! Como pode tal ensino ser concebido?
Os que acreditam no livre-arbítrio negam a doutrina da depravação total da raça humana, alegando que ainda há no homem algo bom que o faz voluntariamente voltar-se para Deus, ou seja, o homem tem em si mesmo o poder de arrepender-se de seus pecados. O homem, partindo dessa premissa, encontra em sim mesmo uma fé que o faz acreditar em Cristo por suas próprias forças sem a operação do Santo Espírito de Deus. O homem segundo tais defensores é dotado do livre-arbítrio.
Os arminianos defendem que o homem depois da queda não se depravou totalmente, apenas uma porção do homem foi afetada pelo pecado e a sua vontade de escolher voluntariamente o que é bom e desta feita o caminho que conduz a Deus não foi afetada. Mas, não é isso que ensina as Sagradas Escrituras.
Em Rm 5.12-21 Paulo ensina, mui claramente, que Deus criou o homem sob o princípio de representação. Todos caímos no primeiro Adão. “Por um só homem entrou o pecado no mun­do, e pelo pecado a morte; assim também a morte passou a to­dos os homens, porque todos pecaram” (v.12); “pela ofensa de um só morreram muitos” (v.15); “o julgamento derivou de uma só ofensa para a condenação" (v.16); “pela ofensa de um só rei­nou a morte” (v.17); “por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação” (v.18); “pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores” (v.19).

Deus age igualmente sobre a mesma base de representa­ção quanto à nossa salvação, como Paulo ensina no mesmo capí­tulo. Se foi justo que caíssemos pela desobediência do primeiro Adão, é igualmente justo que nos levantemos pela obediência do segundo Adão, Jesus Cristo. Em Adão tornamo-nos pecadores; em Cristo somos justificados e santificados e, por conseguinte ficamos libertos do pecado.

“Se pela ofensa de um só morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foi abundante sobre muitos... o julgamento derivou de uma só ofensa, para a condenação, mas a graça transcorre de muitas ofensas, para a justificação. Se pela ofensa de um, e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça, reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo. Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para a justificação que da vida. Porque, como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também por meio da obediência de um só muitos se tornarão justos” (Rm 5.15-19).

Não admitir que herdamos de Adão o pecado é não crer que herdamos de Cristo a justiça. Não reconhecer que fomos condenados em Adão é não admitir que podemos ser salvos em Cristo. Porque, se não somos condenados pela desobediência de Adão, como podemos ser perdoados e justificados pela obe­diência de Cristo, de quem Adão foi figura? (Veja-se Rm. 5.14).

Defender o livre-arbítrio é defender que Deus não é soberano totalmente, mas apenas em partes, uma vez que a nossa salvação depende de nossa escolha e não de sua vontade soberana. Ou seja, o homem não precisa do Espírito Santo para convencê-lo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8) uma vez que ele próprio pode se conscientizar de sua condição pecaminosa, então me pergunto: “Qual a função do Espírito Santo?” Defender tal ensino implica dizer que o homem pode ser justificado por seus próprios méritos, uma vez que escolher já se constitui em um ato humano! Mas, então como harmonizar isso com os ensinamentos bíblicos? Resposta: “É impossível!”

O profeta Isaías declarou: “Todos nós somos como o imun­do, e todas as nossas justiças como trapos da imundícia” (Is 64.6). Se o melhor de nosso ser e de nossos atos, a saber, nossa justiça, é como trapos da imundícia, que dizer de nossos pecados?

A Bíblia diz que não conhecemos nossos próprios corações. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?” (Jr 17.9). Foi esta a experiência de Moisés, quando pôs a mão no seio; tirando-a depois “eis que a mão estava leprosa, branca como a neve” (Êx 4.6). Ele não sabia que possuía lepra em seu seio. Deus provou Ezequias, para mostrar-lhe tudo o que lhe estava no co­ração (II Cr 32.31). Do coração, que pensamos ser tão bom, é que procedem todos os males (Mc 7.18-23).

Todo estudante da Bíblia conhece como Paulo descreveu o homem, em sua epístola aos Romanos, cap. 3, vs. 10-18. Aí retrata ele tristemente todo o gênero humano, tanto judeus como gentios, como completamente contaminado, desesperado e desamparado, humanamente falando.

“Não há justo, nem sequer um, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, a uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aber­to; com a língua urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios; a boca eles a têm cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue; nos seus caminhos há destruição e miséria; desconheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos”.

Paulo diz ainda que “o homem natural”, isto é, o irregenerado “não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las porque elas se discernem espi­ritualmente” (I Co 2.14). Disse também que “o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar” (Rm 8.7).

Os pensamentos de seu coração são maus de contínuo. Até suas justiças são trapos imundos, à vista de Deus. Seu coração é enganoso e desesperadamente perverso, cheio de lepra espiritual — fonte de todos os pensamentos e ações más. Sua condição é de completa contaminação e impiedade, de desespero e desamparo. Ê cego, e somente Deus pode abrir-lhe os olhos. É escravo, e somente Deus pode libertá-lo.

Encerro este artigo dizendo que depois desse estudo detalhado dos textos bíblicos aqui mencionados me mostram que o livre-arbítrio é uma ilusão do enganoso coração humano, e ainda assevero que defunto não tem vontade, e como a raça humana está morta em delitos e pecados não tem vontade alguma e muito menos que essa “vontade” a possa conduzir à salvação!

“Pode um cadáver, no túmulo, erguer-se daí pela mú­sica mais suave que já se tenha inventado, ou pelo mais retumbante trovão que pareça abalar os pólos da terra? Tal acontece com o pecador, morto em delitos e pecados: não se move pelo trovão da lei, ou pela me­lodia do Evangelho. “Pode acaso o etíope mudar a sua pele ou o leopardo as suas manchas? Então poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal. (Jr 13.23)”.

E nas palavras de um dos maiores arminianos da história cristã, o grande John Wesley: “Reconhece-te pecador e de que maneira o és. Reco­nhece a corrupção de tua íntima natureza, pela qual estás muito distanciado da justiça original, e pela qual “a carne cobiça” sempre “contra o espírito”, median­te essa “mente carnal” que “é inimiga de Deus”, que “não é sujeita à lei de Deus, nem de fato o pode ser”. Sabe tu que és corrompido em toda a tua capacidade, em cada faculdade de tua alma. Sabe que és total­mente corrompido em tudo isso, inteiramente perver­tido. Os olhos do teu entendimento estão obscurecidos, de sorte a não poderem discernir Deus, ou o que lhe diz respeito. As nuvens da ignorância e do erro permanecem sobre ti, envolvem-te com a sombra da morte. Ainda não sabes nada como devias saber, nem a respeito de Deus, nem do mundo, nem de ti mesmo. Tua vontade não é mais a vontade de Deus, mas está inteiramente pervertida e falseada, avessa a todo o bem, a tudo quanto Deus ama, e inclina-se para todo o mal, para toda abominação que Deus odeia. Teus afetos estão alienados de Deus e se distribuem por toda a terra. Todas as tuas paixões, sejam desejos, ou aversões, alegrias ou dores, esperanças ou temo­res, estão desajustadas, não se mantêm nas devidas proporções ou têm por alvo objetos impróprios. As­sim sendo, não há sanidade em tua alma, mas “desde a planta do pé à cabeça (na expressão forte do pro­feta) não há coisa sã, senão feridas, contusões e cha­gas inflamadas”. Tal é a corrupção inata do teu coração, de tua íntima natureza... E que frutos podem brotar de tais ramos? Só frutos amargos e ruins continuadamente”.

A doutrina da total depravação ou incapacidade do homem não podia ser expressa em linguagem mais forte do que a empregada acima, pelo notável arminiano João Wesley.

Se Wesley sendo arminiano refutou o livre-arbítrio eu não posso dizer mais nada!!!!

Que Deus tenha misericórdia de nós e nos ajude!!!

Soli Deo Gloria!!!


Joel da Silva Pereira
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